Datos del trabajo


Título

A PRÁTICA DA INTERSETORIALIDADE A PARTIR DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

Introdução

A saúde é percebida não apenas como ausência de doença, mas também como processo, no qual é concebida a partir de todos seus determinantes sociais, relacionados à segurança, educação, condições de vida e trabalho, entre outros, os quais se integram e se relacionam em um espaço de vivência, o território. Para atender as necessidades em saúde baseadas no território foi criada a Estratégia de Saúde da Família (ESF). Esta operacionaliza a atenção primária atuando como porta de entrada do sistema de saúde na vigilância e promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento​ ​e​ ​reabilitação. Sabe-se que a ESF, propõe uma assistência à saúde que vá além do corpo biológico e que seja capaz de alcançar os seres humanos em sua integralidade. A complexidade dessa proposta explícita que apenas os serviços de saúde não conseguem responder às necessidades que determinam a saúde da população, sendo necessária a criação de parcerias e ações coordenadas entre diferentes setores e segmentos sociais. Para tal, deve-se incluir ações que ultrapassem os muros das unidades de saúde e atinjam o contexto histórico, social, cultural, político e econômico dos indivíduos ou coletivos. A Política Nacional de Promoção da Saúde propõe que as intervenções em saúde sejam ampliadas, tomando como objeto as necessidades, determinantes e condicionantes de saúde e compreendendo que todos os setores têm corresponsabilidade sobre o cuidado integral dos indivíduos. Portanto, a intersetorialidade tem papel fundamental para a promoção da saúde e integralidade no cuidado. Diante do exposto, este estudo se justifica pela necessidade de compreender essas relações de cooperação entre os setores na busca da promoção da saúde, demonstrando, qual o potencial de resposta do território e como este está sendo utilizado em relação à promoção a saúde e ao cuidado integral ao indivíduo.

Objetivos

Descrever a prática intersetorial na percepção dos gestores locais.

Método

Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa de caráter descritivo, realizada em um Distrito Sanitário em Curitiba-PR. A coleta de dados ocorreu de agosto a setembro de 2017, por meio de entrevista semiestruturada, com 12 gestores locais das unidades de saúde do distrito sanitário selecionado para a pesquisa.Compuseram a entrevista questões relacionadas a intersetorialidade, os equipamentos sociais que apoiam as famílias, as potencialidades e dificuldades do trabalho intersetorial, as ações intersetoriais realizadas. Para interpretação dos dados utilizou-se a análise categorial temática de Bardin. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná, sob o Parecer nº 2.092.785

Resultados

A partir da análise das falas emergiram três categorias temáticas: “conceitos”, “ações intersetoriais realizadas” e “elementos necessários para a intersetorialidade”. Na categoria de “Conceitos”, foram descritos os conceitos de Saúde, Atenção Primária, e Intersetorialidade. Na categoria de “Ações intersetoriais realizadas”, foram citadas ações de educação em saúde, mutirões, compartilhamento de casos, programa saúde na escola e parceria em projetos. Na categoria de “Elementos necessários para a ação intersetorial”, os participantes elencaram os seguintes elementos: Gestão, Recursos, Conhecimento e Comunicação. Os resultados obtidos a partir da caracterização dos participantes da pesquisa demonstram que, apesar das políticas públicas indutoras de formação de profissionais para o SUS e em especial para a ESF, a maioria dos profissionais que está atuando na atenção primária do território possui uma formação ainda voltada para o modelo biologicista de cuidado, não refletindo os resultados da política indutora, de modo a limitar os profissionais a atuar na perspectiva de determinantes e condicionante da saúde, assim como a vivenciar a intersetorialidade como modo de serviço e cuidado integral. O discurso dos profissionais expressa um conceito de intersetorialidade polissêmico, atrelado a ações específicas. A concepção expressa que a prática intersetorial ainda não está propriamente organizado no conjunto dos profissionais. A construção da intersetorialidade dentro das políticas sociais ocorre de maneira setorizada, resultando em conceitos, processos e ações fragmentadas, refletindo em práticas limitadas na sua operacionalização. A intersetorialidade está organizada sobre a dimensão particular, com diretrizes e fluxogramas provindo de uma articulação local, e em determinadas situações atreladas a rede social pessoal de alguns profissionais. A fala dos participantes não refere a dimensão estrutural da intersetorialidade, mas apresenta-a de forma fragmentada e pouco organizada.

Considerações Finais

Portanto, é preciso uma política institucional de intersetorialidade mais efetiva, que supere as divisões de poder dominante nas setorizações atuais. A prática da intersetorialidade, apesar de vastamente debatida e compreendida como fator importante para a promoção de saúde em um território, encontra barreiras em sua efetivação. Porém, ao se compreender em quais situações as ações intersetoriais ocorrem e de que forma se efetivam, suas limitações e potencialidades, espera-se estabelecer estratégias e planejamento para sua ocorrência nos diversos espaços em que é necessária para a promoção de saúde.

Palavras Chave

Intersetorialidade; Estratégia Saúde da Família; Atenção Primária ; território.

Area

Organização da Atenção em Saúde

Instituciones

Universidade Federal do Paraná - UFPR - Paraná - Brasil

Autores

Aline Mitie Both Budal, Marilene da Cruz Magalhães Buffon, Verônica Azevedo Mazza, Denise Siqueira Carvalho, Daiana Kloh Khalaf, Jenifer Carolina Roda, Eduarda Singer Barbosa Cavalcante