Datos del trabajo


Título

A VIOLENCIA NO COTIDIANO DOS PROFISSIONAIS DA ESTRATEGIA DE SAUDE DA FAMILIA

Introdução

Introdução: A violência no trabalho aponta a degradação das condições de trabalho e produtividade expondo os trabalhadores aos riscos de acidentes e de adoecimentos, podendo abranger a relação com chefias, pares, clientes e público no exercício das atividades. Desta maneira, caracteriza-se por situações nas quais os trabalhadores sofrem ameaças, abusos ou ataques no seu ambiente de trabalho, incluindo o trajeto de ida e volta que colocam em perigo sua segurança, seu bem-estar e sua saúde, implícita ou explicitamente. Desta forma, o presente estudo trata das situações de violência no trabalho no cotidiano dos profissionais de saúde da Estratégia de Saúde da Família (ESF).

Objetivos

Objetivos: Identificar as situações de violência no trabalho no cotidiano dos profissionais de saúde da ESF; Descrever as condutas adotadas pelos profissionais de saúde da ESF frente as situações de violência; Discutir a influência da violência no trabalho para os profissionais de saúde da ESF.

Método

Método: Estudo qualitativo, exploratório e descritivo, tendo como cenário uma Clínica de Saúde da Família localizada no Complexo do Alemão, no município do Rio de Janeiro. A referida clínica é pública, de esfera administrativa municipal e foi escolhida por estar situada em uma área de risco, com territórios vulneráveis. Os participantes do estudo foram 18 profissionais de saúde que atuavam em quatro equipes da referida Clínica por mais de 06 (seis) meses, sendo caracterizados de acordo com as variáveis sexo, idade, tempo de atuação no cenário e função profissional exercida. Os dados foram coletados através de entrevistas com roteiro semiestruturado, questionando-se acerca das situações de violência no trabalho vivenciadas pelos profissionais, estratégias adotadas frente as situações de violência e impactos na vida laborativa e pessoal. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo temática. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa conforme pareceres 1.635.345 (CEP/ EEAN/ UFRJ) de 13/07/2016 e 1.678.654 (SMS/ RJ) de 15/08/2016.

Resultados

Resultados: Caracterização dos participantes: Dos 18 entrevistados, 56% eram homens, a faixa etária variou de 20 a 51 anos de idade, e o tempo de atuação dos profissionais na clínica é de aproximadamente 7 anos. Quanto a função laborativa exercida, 39% eram Agentes Comunitários de Saúde (ACS), 22% enfermeiros, 17% médicos, 11% técnicos de enfermagem, 11% dentistas e auxiliares de saúde bucal. Através da análise dos dados das entrevistas, emergiram quatro categorias temáticas, sendo: 1. Situações de violência no trabalho de acordo os profissionais da ESF, no qual foram identificadas as seguintes situações: violência externa à Clínica da Família, como as situações de conflito e violência armada no território; violência ocasionada pela clientela, como discriminação racial, agressões verbais e físicas; violência entre os pares (próprios profissionais), como ‘indiferença’ pelos ACS pela chefia, discriminação quanto a origem social; contato com a violência sofrida pelos usuários sob cuidados, como violência doméstica e violação dos direitos do cidadão. 2. Consequências das situações de violência no trabalho de acordo com os profissionais da ESF, no qual foram identificados prejuízos no acompanhamento do usuário em decorrência da violência no território; maior vulnerabilidade dos profissionais que moram e trabalham no mesmo território; sentimentos de medo, frustração, apatia, ‘sensação de impotência’ e vulnerabilidade, e sofrimento psíquico dos profissionais que vivenciam situações como exposição a conflitos armados, tráfico de drogas e armas; ameaças física e verbal; e esgotamento profissional. 3. Estratégias adotadas pelos profissionais da ESF frente às situações de violência no trabalho, destacando-se: treinamentos da equipe para reconhecimento das situações de violência, como o Programa Acesso mais Seguro; investimento na comunicação por aparelhos celulares e aplicativos entre profissionais e usuários para reconhecimento de denuncias de violência; reorganização das visitas domiciliares durante os conflitos armados na comunidade e busca por abrigo em locais seguros; apoio de outros profissionais para gerenciamento de conflito; notificação e discussão sobre as situações de violência nas reuniões de equipe; adoção de estratégias pessoais para diminuir o estresse vivenciado, como busca por atividades de lazer, apego a religião, convívio com a família e amigos. 4. Atuação do enfermeiro como líder da Equipe de Saúde da Família frente às situações de violência no trabalho, no qual os participantes destacaram ser esta a categoria profissional mais mobilizada para o gerenciamento e liderança da equipe de saúde da ESF, atuando como mediador, coordenador, facilitador e articulador das ações e atividades, frente às situações de violência. O enfermeiro também atua na interlocução ativa entre os usuários, equipe de saúde e nível central de gestão.

Considerações Finais

Conclusões: Os profissionais de saúde atuantes na ESF se deparam com diversas situações de violência no trabalho, destacando-se os conflitos armados e as agressões físicas e verbais. Tais situações são danosas para o desenvolvimento das atividades laborativas, como também para a saúde física e mental do trabalhador exposto, sendo frequentes os relatos de medo, insegurança, frustração e esgotamento profissional. Destaca-se a necessidade de investimento governamental em ações que garantam a segurança do trabalhador da ESF. Através deste estudo também foi possível perceber a importância do enfermeiro como mediador de conflitos na ESF, sendo fundamental que o enfermeiro perceba a importância desse processo, pois essa compreensão poderá impulsionar o aprendizado contínuo e dinâmico, guiando a equipe para o alcance dos objetivos comuns.

Palavras Chave

Descritores: Enfermagem; Violência no trabalho; Saúde da Família; Profissionais de Saúde.

Area

Violências e Saúde

Instituciones

EEAN/ UFRJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Sabrina da Costa Machado Duarte, Helena Guimarães Flórido, Waleska Floresta, Maria Manuela Vila Nova Cardoso, Aline Miranda da Fonseca MARINS, Priscilla Valadares Broca