Datos del trabajo


Título

O MODELO OPERÁRIO ITALIANO COMO REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO EM PESQUISAS ENVOLVENDO SAÚDE DO TRABALHADOR

Introdução

O reconhecimento prévio das condições de trabalho que podem alterar a saúde do trabalhador é um dos principais meios para prevenir adoecimentos no trabalho e garantir a promoção de da saúde dos trabalhadores. Pesquisas que objetivem compreender e transformar o processo de trabalho em sua dinâmica com a saúde devem envolver a participação dos trabalhadores, individual e coletivamente, na identificação das situações geradoras de desgastes na saúde desta população
O Modelo Operário Italiano (MOI) é uma proposta metodológica que aborda a relação trabalho/saúde. Possibilita a reconstrução dos processos de trabalho, e permite identificar as cargas e os desgastes aos quais os trabalhadores estão expostos, além de recolocar os trabalhadores como protagonistas no reconhecimento das condições de trabalho geradoras de adoecimento e/ou promotoras da saúde.

Objetivos

Refletir sobre a utilização do Modelo Operário Italiano no que tange às questões envolvendo a saúde do trabalhador

Desenvolvimento

O modelo conhecido como Modelo Operário Italiano teve início na Itália, na década de 60, no ano de 1969, quando Ivar Oddone e demais pesquisadores se uniram aos operários de Turim com o objetivo de desenvolver uma nova metodologia de intervenção nos ambientes de trabalho. Os encontros entre os operários e a equipe multidisciplinar ocorriam em áreas externas às indústrias e empresas, pois os pesquisadores acreditavam que, através dos relatos de experiências dos trabalhadores, poderiam criar ações para o movimento de luta pela saúde do trabalhador. Essa união acarretaria um saber consensual entre trabalhadores e cientistas, destacando a participação e a experiência dos operários e o saber científico dos profissionais multidisciplinares Tal prática tem como a finalidade a realização de ações para a transformação das condições de trabalho, com vistas ao bem-estar e à proteção da saúde dos trabalhadores
Temos então como objetivo fundamental do Modelo Operário Italiano a introdução da percepção subjetiva do trabalhador como critério de avaliação da nocividade, sem delegar esses critérios exclusivamente a especialistas, permitindo a tomada de consciência das experiências dos trabalhadores visando a uma maior autonomia no trabalho.
Para seu propositor, o italiano Odonne, havia uma problemática a ser discutida no que tange as abordagens das condições de trabalho em diferentes contextos: os trabalhadores eram apenas informantes, sua subjetividade, seus saberes, não eram observados e contextualizados nas avaliações realizadas pelos especialistas em saúde do trabalhador. O autor também observou que os trabalhadores possuíam experiências únicas que quando vislumbradas sobre a óptica de grupos num processo produtivo poderiam ser territorializadas, dada as características especificas de cada processo de trabalho.
O MOI, portanto, é um método qualitativo que valoriza a participação dos trabalhadores nas questões relacionadas à sua saúde a partir do reconhecimento dos saberes destes e do papel estratégico dos trabalhadores para as mudanças no processo de trabalho.O princípio de que para intervir é preciso conhecer, mas que as informações relativas às condições de trabalho e à saúde devem ser validadas com a participação dos trabalhadores a partir de seus locais de trabalho.
O uso do MOI como referencial teórico-metodológico possibilita um aumento da participação dos trabalhadores nas lutas por melhores condições de trabalho, maior eficácia e efetividade nas ações desenvolvidas pelo sindicato e, fundamentalmente, mais visibilidade social aos problemas de saúde enfrentados por esse grupo.
Outro quesito importante a ser discutido sobre o MOI deve-se ao fato de ele permitir a troca de experiência entre os trabalhadores, reforçando o senso coletivo de reinvindicações trabalhistas por melhorias na condições de trabalho.
Para sua utilização em pesquisas qualitativas, seus pressupostos teóricos-metodológicos devem ser seguidos, sendo eles: a formação de grupos homogêneos, a experiência ou subjetividade operária, a validação consensual e a não delegação .
• Formação de grupos homogêneos: esse grupo é constituído de trabalhadores que compartilham situações similares de trabalho para responder às perguntas de uma entrevista coletiva. As respostas são sistematizadas e passam pela validação do grupo.
• Experiência e subjetividade operária: a valorização da experiência parte da observação espontânea feita pelos trabalhadores da forma como se dá o processo de trabalho, assim como das condições ambientais e da saúde dos trabalhadores.
• Validação consensual: as informações registradas nas entrevistas coletivas são resultados das discussões do grupo homogêneo e são validades consensualmente, por tratar-se de um conhecimento que parte da experiência coletiva dos trabalhadores;
• Não-delegação: os trabalhadores não são apenas fontes de informação, mas também sujeitos da informação.

Considerações Finais

A utilização do Modelo Operário italiano nas pesquisas que envolvem saúde do trabalhador permite que os trabalhadores não sejam apenas coadjuvantes nos cenários de pesquisas e ações envolvendo sua saúde, mas sim protagonistas. Este possibilita o compartilhamento de saberes, a participação efetiva dos trabalhadores nas reinvindicações por melhores condições de trabalho, a promoção de um senso coletivo. Possibilita ainda a redução de possíveis vieses nas pesquisas qualitativas pois o pesquisador divulga os resultados prévios de sua coleta para a etapa de validação consensual. Diante do exposto, sugere-se o conhecimento do Modelo Operário Italiano pelos pesquisadores da área de saúde do trabalhador dada sua importância nas ações que envolvem promoção, proteção e recuperação da saúde dos trabalhadores.

Palavras Chave

saúde do trabalhador, riscos ocupacionais, processo de trabalho

Area

Processo de trabalho e profissionalização

Autores

TIAGO JORGE TIAGO ANDERSON, Francine Lima Gelbcke