Datos del trabajo


Título

O TRABALHO NA ESTRATEGIA SAUDE DA FAMILIA: VIVENCIAS DE PROFISSIONAIS DE UM MUNICIPIO DO ALTO SERTAO DA PARAIBA

Introdução

O trabalho na Estratégia Saúde da Família (ESF) configura-se como um espaço em permanente construção, com foco no cuidado do ser humano. A ESF tem o propósito de favorecer a reorientação do trabalho, ampliar a resolutividade, impactar na situação de saúde das pessoas, famílias e coletividades, melhorando assim as condições de vida da comunidade. Para tanto, as ações são realizadas em um território definido, por meio do trabalho em equipe multiprofissional, com vistas à corresponsabilização, resolutividade, integralidade, intersetorialidade e participação social(1-3). Durante o desenvolvimento de suas atividades muitos são os desafios vivenciados pelos profissionais da ESF que contemplam a corresponsabilidade de usuários e equipe, a adaptação à complexidade do trabalho multiprofissional, às normas organizacionais preconizadas, a sobrecarga de atividades, a assistência ao indivíduo e a família e a necessidade de dar respostas a comunidade, tendo que atuar diante de dificuldades como insuficientes recursos materiais, medicamentos, exames e consultas especializadas e escassos recursos humanos. Desse modo os profissionais muitas vezes sentem-se divididos entre as exigências administrativas de resultados preconizados e a demanda de necessidades das famílias o que muitas vezes compromete a qualidade do trabalho(4-5). O trabalho da ESF no meio rural é singular, complexo e marcado por ambiguidades que abrangem dificuldades e potencialidades. A respeito das dificuldades podem ser destacadas as barreiras de acesso, relacionadas a questões geográfica, econômica, cultural e organizacional. Somados a estes fatores, estudos demonstram a dificuldade de recrutamento e fixação de profissionais nas equipes da zona rural(6-7). Conhecer as particularidades deste contexto específico pode contribuir para reflexões e para a implementação de estratégias que possibilitem aos profissionais e aos gestores que promovam melhorarias na assistência prestada à comunidade.

Objetivos

Analisar as dificuldades e potencialidades presentes no trabalho de profissionais da Estratégia Saúde da Família em áreas rurais.

Método

Trata-se de um recorte da Tese intitulada: “Sentidos do trabalho e resiliência: vivências de profissionais da Estratégia Saúde da Família”. A pesquisa caracteriza-se por um estudo de caso qualitativo desenvolvido com profissionais que atuam em unidades da ESF da zona rural do município de Cajazeiras, localizado no alto sertão da Paraíba. Participaram desta pesquisa 1 Médico, 2 Enfermeiros, 2 técnicos em Enfermagem e 1 agente comunitário de saúde. Como critério de inclusão incluiu-se o tempo de trabalho maior ou igual a seis meses com vistas a se conhecer a dinâmica de funcionamento do serviço e maior proximidade com a comunidade. O critério de exclusão foi o profissional estar em férias, licença médica ou não ser possível o contato. Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada e observação, no período de fevereiro a março de 2017 e analisados por meio da técnica de análise de conteúdo de Bardin(8). O gerenciamento do material foi realizado por meio do Software Atlas ti, versão 7, o qual permite organizar os dados, favorecendo sua indexação, busca e qualificação dos achados(9). O estudo seguiu os preceitos éticos das pesquisas com seres humanos e foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Minas Gerais (Parecer nº 1.886.483).

Resultados

os dados foram organizados em duas categorias analíticas: Potencialidades do trabalho na ESF e Dificuldades que comprometem o trabalho na ESF. Sobre as potencialidades os participantes referiram o trabalho em equipe e a satisfação em realizar o que gostam e em desenvolver um trabalho útil. Técnicos em enfermagem e agentes comunitários enfatizaram a importância do vínculo com a comunidade, impulsionando-os a desenvolver o trabalho com prazer. Os aspectos dificultadores do trabalho referidos pelos participantes encontram-se relacionados à falta de estrutura organizacional adequada para prestar assistência de qualidade, que inclui equipamentos, estrutura física das unidades de saúde, dificuldades na rede, além da falta de apoio por parte da gestão, comprometendo o trabalho realizado e a resolutividade das ações. Porém os participantes revelaram especificidades sobre as dificuldades vivenciadas, dentre as quais destacam-se o pouco reconhecimento por parte dos usuários e da gestão sobre o trabalho, bem como desgastes na relação com a comunidade, ocasionando a falta de motivação para o trabalho. Também foram mencionadas dificuldades estruturais, como a falta de materiais para procedimentos e a distância entre áreas geográficas, limitando o acesso à população e comprometendo o trabalho, a dificuldade de adesão da comunidade às atividades de educação em saúde. Outras questões referidas estão relacionadas à falta de transporte para a realização de procedimentos técnicos nos domicílios e a demora na marcação de exames, repercutindo na assistência prestada à comunidade.

Considerações Finais

O presente estudo é relevante na medida em que o conhecimento de potencialidades e de dificuldades vivenciadas por profissionais de saúde em unidades da Estratégia Saúde da Família em áreas rurais pode contribuir para a minimização de adversidades no ambiente laboral, favorecer as formas de organização do trabalho e da gestão do cuidado, de modo a alcançar meios que estimulem as ações dos profissionais, contribuindo para a assistência de qualidade à comunidade.
Descritores: Trabalho; Estratégia Saúde da Família; Profissionais de Saúde.
Agradecimentos
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), fundação do Ministério da Educação (MEC), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de amparo à pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

Palavras Chave

Trabalho; Estratégia Saúde da Família; Profissionais de Saúde.

Area

Saúde da Família

Autores

Iluska Pinto da Costa, Cecília Maria Lima Cardoso, Hanna Beatriz Bacelar Tibães, Danielle Araújo Moreira, Marcela Vieira Carvalho Siqueira, Cláudia Jeane Lopes Pimenta, Stéphany Pereira da Costa, Maria José Menezes Brito