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Título

PERSPECTIVAS DE DIFERENTES RACIONALIDADES CIENTIFICAS NA PESQUISA EM ENFERMAGEM: CONTRIBUIÇOES CRITICAS

Introdução

Este ensaio corresponde à uma reflexão dos autores sobre as perspectivas de diferentes racionalidades científicas, com as quais se pode investigar um objeto de pesquisa em enfermagem. A discussão sobre as correntes de pensamento nas ciências e seus modos de apreensão da realidade coloca em debate o que elas tomam como verdade. Este é um exercício capaz de favorecer o pensamento crítico sobre pesquisas em enfermagem. Ademais, contribui para que novos pesquisadores, tomados aqui como alunos de pós-graduação na saúde, e até recém-doutores, possam compreender de modo crítico seu campo de investigação científica. Trata-se de um exercício teórico-reflexivo sobre as diferentes formas de apreender um objeto de pesquisa, considerando as seguintes correntes de pensamento científico: positivismo, fenomenologia, materialismo histórico dialético e pós-estruturalismo. A intenção é realçar características marcantes em cada uma das perspectivas, ao passo que colocamos a escolha de uma base epistemológica como um posicionamento político dentro do mundo acadêmico, um exercício cotidiano para alunos de pós graduação em enfermagem. Quando o pensamento hegemônico na ciência, o positivismo, encontra em crise quanto aos seus resultados na saúde, ao que podemos recorrer na produção de conhecimento? Na saúde, o corpo doente é bastante explorado pela racionalidade científica atual hegemônica positivista, mas a subjetividade e outras dimensões não mensuráveis do processo de cuidar/adoecimento ainda é campo relativamente recente explorado e valorado nas pesquisas em saúde. Desse modo, esse artigo procura contribuir para o pensar criticamente a atividade científica em torno de objetos de pesquisa em enfermagem.

Objetivos

Explorar de modo crítico a apreensão de objetos de pesquisa em enfermagem a partir de diferentes correntes de pensamento científico: positivismo, fenomenologia, materialismo histórico e pós-estruturalismo.

Desenvolvimento

Um doutorando comumente recebe como tarefa, delimitar seu objeto de estudo. Para isso precisa compreender por qual corrente de pensamento irá abordá-lo. Apesar de dizermos que o melhor método em pesquisa depende da questão a ser respondida, essa questão é formulada, muitas vezes, para atender ao modo de trabalho de grupos de pesquisas ao qual os doutorandos se inserem. Portanto, a escolha de um doutorando sobre o modo de ver seu objeto de pesquisa é, também, uma escolha sobre como formular seu problema de pesquisa. Ao fazer essa formulação, o pesquisador cairá, grosso modo, numa das racionalidades científicas que apontamos a seguir. No pensamento positivista o objeto de pesquisa seria pensado como um fato naturalmente dado, sobre qual caberia aos pesquisadores desvendar as suas leis de funcionamento, suas relações de causa e efeito, seus fatores associados, isolados do contexto social, cultural, histórico, ou de vida dos sujeitos. Na apreensão deste objeto de pesquisa consideramos que o pesquisador é neutro em relação ao objeto, há uma relação de causalidade entre fatores estudados, a relação causal precisa ser comprovada estatisticamente e o instrumento de coleta de dados deve ser capaz de quantificar as variáveis. Na fenomenologia o objeto de pesquisa seria tratado como um fenômeno que se mostra à consciência. Não se trata mais de um fato naturalmente dado, mas como algo que é vivenciado pelos sujeitos que significariam o fenômeno no mundo. Nessa perspectiva científica o fenômeno seria situado no “mundo vivido” dos sujeitos, o pesquisador se desprovê de hipóteses, para deixar que o fenômeno se mostre tal como é, explorar-se-ia como as coisas são por si mesmas, a partir das experiências cotidianas, o instrumento de coleta de dados permitiria a transcrição de entrevistas não estruturadas, ou semiestruturadas, observações de campo e descrições de experiências do cotidiano. Quando recorremos ao materialismo histórico dialético, o objeto será visto como um fenômeno social, historicamente construído, desenvolvido em certo contexto e mantido por mecanismos de reprodução social. Aqui, nesta perspectiva, o objeto é visto a partir do socialmente determinado, num jogo dialético de influências e determinantes sociais. O pesquisador procuraria entender os determinantes sociais estruturais do sujeito, a partir de sua posição social - coexistentes na sociedade de modo dialético, o fenômeno social estudado obedeceria a leis de reprodução que precisariam ser investigadas. Determinantes ligados à posição social e situação de trabalho seriam investigados. No pós-estruturalismo a expressão da autenticidade dos sujeitos, na tensão que ocorre entre estruturas históricas (como a herança biomédica de racionalidade tecnicista na saúde) e as possibilidades de si (há como operar outras racionalidades em saúde) pode ser evidenciada. O contexto seria de desconstrução e (re)construção de verdades situadas em momentos e lugares. O problema de pesquisa surgiria do incômodo do pesquisador com o instituído e aceito, o objeto é atravessado pelos poderes que regulam a ação do sujeito investigado, as relações sociais precisariam ser pensadas pelas suas diferentes formas de se materializarem nas práticas, a direção da pesquisa se dá com diferentes formas de investigação (observações de campo, entrevistas, fotografias, filmagens). Tão logo observarmos as possibilidades de apreensão da realidade, veremos que na enfermagem o positivismo predomina com sua faceta biomédica, produtor das tecnologias e técnicas na área, ou de conhecimento “neutro”, desprendido dos contextos sociais. Contudo, a saúde carece de um saber que não somente o tecnológico, com a necessária consideração das questões sociais e do resgate da dimensão humana dentro dos cenários dos serviços de saúde. Posto isso, evidencia-se que a escolha de uma das racionalidades científicas implica em produzir conhecimento em diferentes direções, que se distanciam de diferentes modos da necessidade de conhecermos mais sobre a dimensão humana na saúde. Consideramos que este debate é salutar para o direcionamento científico das pesquisas em enfermagem no âmbito da direção que o campo quer seguir como ciência e profissão. Cabe a nós, sujeitos em busca do novo, da contribuição que ainda falta ao conhecimento científico, pensar: onde reside a necessidade de novos em saúde?

Considerações Finais

As formulações dos problemas de pesquisa implicam em modos de apreender a realidade, o que deve estar relacionados com a visão que o pesquisador tem da própria ciência. Enquanto enfermeiros, devemos considerar a ciência encontra-se em transição paradigmática. Logo, direcionar as investigações de enfermagem ao ainda aceito no círculo científico, é direcioná-la para o centro da crise instaurada no bojo do paradigma dominante, o positivismo.

Palavras Chave

Pesquisa Qualitativa; Métodos; Enfermagem; Pesquisa.

Area

Outros

Autores

Leandro Felipe Mufato, Maria Aparecida Munhoz Gaíva