Datos del trabajo


Título

Percepção de diretores acerca da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais na rede pública de ensino

Introdução

A educação é o processo e prática que se consolidam a partir das relações sociais, transcendendo o tempo e espaços escolares, nos quais são construídos e transformados os saberes e os valores, potencializando o indivíduo para que este possa atuar como um cidadão pleno. Contudo, no que se refere à educação de alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), observa-se que, embora o processo da Educação Inclusiva tenha apresentado diversos avanços e conquistas, ainda apresenta muitos desafios, principalmente no que concerne à proposta da LDB 9394/96. Neste sentido, estudos sobre a percepção dos professores acerca da inclusão escolar, apontam que os docentes não se sentem capacitados para atuarem na educação dos alunos com NEE. Desse modo, entende-se que muitas dificuldades apresentadas pelos educadores são lacunas deixadas na sua formação inicial, necessitando, assim, de formação em serviço e vivências para melhor atender esse público diversificado. Diante disso, para compreender essa temática, é importante conhecer a percepção de outros profissionais que atuam no contexto educacional, analisando as contradições, as possibilidades e os desafios que ainda perpassam o processo de educação na perspectiva inclusiva. Tais conhecimentos poderão suscitar reflexões e favorecer o desenvolvimento de possíveis intervenções com vistas às necessidades dos educandos e dos educadores

Objetivos

Analisar a percepção de diretores quanto ao processo de inclusão de alunos com Necessidades Educacionais Especiais, que estão matriculados na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.

Método

Este estudo caracteriza-se como pesquisa qualitativa, que de acordo com Bardin, trata-se de um método mais intuitivo, flexível e adaptável, que permite a evolução das hipóteses ao longo do percurso investigativo. Participaram deste estudo 44 diretoras de 44 escolas públicas de uma cidade do interior do norte de Minas Gerais. Após terem sido informadas sobre o projeto, os objetivos e os procedimentos, as diretoras assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para a coleta de dados, utilizou-se a entrevista semiestruturada e o diário de campo. As questões norteadoras desta pesquisa foram: qual a sua percepção acerca do processo de inclusão de alunos com NEE nesta escola e quais são os desafios que os educadores desta escola enfrentam para que o processo de inclusão de alunos com NEE se efetive? A coleta de dados ocorreu no local e horário previamente agendado, com tempo médio de 40 minutos cada. Os dados foram analisados sob a perspectiva da Análise de Conteúdo proposta por Lawrence Bardin. Logo após a organização dos dados, realizou-se a leitura flutuante e em seguida foi realizada a codificação, ou seja, os dados foram transformados sistematicamente e agregados em unidades. A codificação se concretizou em função da repetição das palavras, sendo que, o critério de recorte foi de ordem semântica, constituindo assim, as unidades de registro e posteriormente a categorização. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades Unidas do Norte de Minas-FUNORTE/SOEBRÁS, com parecer nº 2.001.784.

Resultados

As quatro categorias advindas do processo de análise são: a) A inclusão foi imposta; b) Os professores não estão preparados; c) A escola precisa de psicólogos; d) A família não coopera. Os profissionais apontaram como está sendo desenvolvido o processo de inclusão escolar e quais os desafios encontrados pelos educadores para lidar com os alunos com NEE. No que se refere a primeira categoria “A inclusão foi imposta”, é possível entender que, embora os educadores acreditem que a inclusão seja necessária, a forma como foi implementada, está desenvolvendo nestes profissionais um sentimento de exclusão. Este sentimento vivenciado nos conduz a seguinte reflexão: como incluir os alunos se os educadores se sentem excluídos? Foi possível compreender que a exclusão dos educadores ocorre, quando lhe são negadas as oportunidades de formação continuada, o que nos remete a segunda categoria, “Os professores não estão preparados”. Ao analisar esta categoria, entende-se que o sentir-se excluído gera angústia e perpetua o paradigma da integração, ou seja, os alunos com NEE têm que se adaptar ao contexto da escola regular, bem como os profissionais, que também precisam se adaptar a uma educação onde os direitos estão postos em forma de leis, todavia, na prática, não estão sendo concretizados. Quanto à terceira categoria, “A escola precisa de psicólogos”, seu significado pode ser entendido como um pedido de ajuda dos educadores, não somente para os alunos com NEE, mas principalmente para si mesmos, haja vista que, a entrevista provocou uma catarse, levando as diretoras a expressarem seus sentimentos de insegurança e desamparo, desencadeados pelo trabalho. A quarta categoria “A família não coopera”, revelou que os pais ou responsáveis pelas crianças com NEE apresentam resistências e negação quanto à deficiência do filho. Estes comportamentos dificultam a obtenção de laudo médico, que por sua vez, inviabiliza a obtenção de recursos, como por exemplo, o professor de apoio, nos casos em que se tem direito.

Considerações Finais

A partir das análises das categorias, conclui-se que as diretoras percebem a inclusão de alunos com NEE como um processo complexo, gradativo, com incompletudes e muitas lacunas a serem preenchidas, dentre elas, a formação continuada dos professores. Além disso, os profissionais revelaram que a falta de qualificação dos professores e a falta de cooperação da família têm sido os maiores desafios para que o processo se efetive. Diante do exposto, é possível inferir que a “falta”, na sua essência, traduz de forma genuína o sentido de inclusão percebido pelos profissionais.

Palavras Chave

Inclusão escolar; Percepção dos diretores; Formação continuada.

Area

Deficiência, Inclusão e Acessibilidade

Autores

Iriene Ferraz Souza, Saulo Daniel Mendes Cunha, Cristina Andrade Sampaio, Bárbara Carvalho Ferreira