Datos del trabajo


Título

PESQUISA CONVERGENTE ASSISTENCIAL E RISCOS ERGONOMICOS EM TRABALHADORES: REFLEXAO TEORICO-METODOLOGICA

Introdução

O referencial teórico metodológico da Pesquisa Convergente Assistencial (PCA), foi elaborada pelas Doutoras em Enfermagem Mercedes Trentini e Lygia Paim, na década de 1980, a partir de reflexões no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal de Santa Catarina, sobre os fenômenos da prática assistencial e as potencialidades de construção de novos conhecimentos. Ao reportarmos para a corrente de pensamento filosófico, a PCA se aproxima da postura epistemológica do materialismo histórico-dialético (MHD). Essa aproximação advém das bases teóricas da PCA, pautadas no construtivismo social e no paradigma complexo, tendo em vista que parte do entendimento do sujeito como ser de ações e interações, bem como da incompletude do conhecimento que dele se origina. Nessa perspectiva teórica e filosófica, o conhecimento é construído a partir da experiência dos sujeitos, na sua relação com o mundo e demais sujeitos. Nesse sentido, a corrente do MHD discorre sobre o movimento do pensamento através da materialidade história da vida dos sujeitos no convívio social. Ainda, movimentar o pensamento corresponde a refletir sobre a realidade a partir do empírico e por abstrações para compreender o que há de essencial no objeto, ou seja, o concreto. Este referencial foi formulado a partir de bases político-sociais, com abordagem intersubjetiva, com vistas à socialização desse método devido a relação horizontalizada entre pesquisadores e participantes. A convergência da PCA com a corrente filosófica construtivista se dá ao considerarmos que os profissionais envolvidos que protagonizam, concomitantemente, as ações assistenciais e de pesquisa, estão conduzidos à consciência crítica e as modificações e inovações para a prática. Ademais, na PCA, é aceito métodos baseados nos mais diversos paradigmas da ciência. A justificativa de utilizar a PCA para estudar os riscos ergonômicos de trabalhadores ocorre devido a necessidade de propor uma reflexão crítica sobre o processo de trabalho observado e, a partir dela, pensar/propor modificações nesse contexto laboral, no que tange aos riscos ergonômicos. Torna-se necessário que o conhecimento construído, pelo campo da saúde, gere ações e transformações da realidade dos sujeitos pesquisados, o que se deseja alcançar na PCA. Nessa perspectiva, sabe-se que a postura e o movimento possuem relação entre si, sendo que o movimento para uma atividade pode iniciar com uma postura e finalizar com outra. É imprescindível que o trabalhador conheça as posturas corretas para cada atividade laboral e possa ser proativo para o autocuidado. Aí residem os fundamentos da ergonomia. Entende-se por risco ergonômico qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. São considerados: o levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, repetitividade de movimentos, postura inadequada de trabalho, entre outros.

Objetivos

Realizar uma reflexão, de natureza teórico-metodológica, acerca da utilização da Pesquisa Convergente Assistencial para a abordagem dos riscos ergonômicos em trabalhadores.

Desenvolvimento

Dada sua natureza multifacetada, a PCA tem sido utilizada como referencial teórico-metodológico para diversos objetos de estudo, como os riscos ergonômicos. A presente reflexão teórico-metodológica recai sobre a aplicabilidade da PCA para abordagem de riscos ergonômicos, com seus limites e possibilidades, bem como a análise dos quatro construtos principais: dialogicidade, imersibilidade, simultaneidade e expansividade. Nessa perspectiva, a escolha pela PCA ocorre devido o compromisso de beneficiar o contexto assistencial ou laboral durante o processo de investigação, ao mesmo tempo em que se beneficia com o acesso às informações provenientes do contexto pesquisado. Ainda, ao considerarmos a PCA como uma pesquisa participativa, se estabelece que há participação do pesquisador em apoio à prestação de cuidados, ao propor uma modificação teorizada da prática assistencial e dos sujeitos envolvidos. Todavia, para a produção do conhecimento referente à convergência entre a prática assistencial e a pesquisa, a PCA está ancorada em quatro construtos principais, tais como: dialogicidade, imersibilidade, simultaneidade e expansividade. A dialogicidade discorre sobre a importância de compreender o diálogo como primordial para a consciência crítica dos sujeitos e transformação da realidade, pois não há mudança sem troca entre os envolvidos. Também este construto diz respeito à compreensão da unidualidade (assistência e pesquisa), ou seja, as relações existentes das duas instâncias em torno de um fenômeno, sem descaracterizar a unidade, em cada uma delas. E, para esta pesquisa, será aplicado durante a imersão da proponente em campo, no período caracterizado pela observação participante, sendo a primeira etapa de produção de dados desta pesquisa. A imersibilidade discorre sobre este método exigir a imersão do pesquisador na prática, com vistas à modificações compartilhadas. Para atingir este princípio, a pesquisadora realizará a pesquisa no cenário assistencial em que atua. Logo, o pesquisador comporta-se como um agente da prática assistencial ao mesmo tempo que desenvolve suas atividades como pesquisador. Já a simultaneidade está embasada no pressuposto de que, embora ocorra a unidualidade na PCA e o entrecruzamento entre as ações investigativas e de assistência, não há dominância de uma sobre a outra. Isso ocorre devido a interlocução entre a pesquisa e assistência, porém cada uma com a sua identidade. Talvez este seja o maior desafio da PCA, pois é incomum a junção de investigar enquanto se realiza assistência e vice-versa. Este conceito será aplicado durante a investigação, desde o início na inserção da pesquisadora no contexto de trabalho do SHL até etapa de análise dos dados. A expansibilidade garante que o propósito inicial do pesquisador poderá ser renovado e/ou ampliado no decorrer da pesquisa, tendo em vista o potencial de flexibilidade. O propósito inicial da utilização da PCA será de introduzir inovações para os riscos ergonômicos em trabalhadores. Todavia e de acordo com o processo de trabalho desta população, poderão surgir temas emergentes do processo assistencial-investigativo.

Considerações Finais

O que a diferencia a PCA dos demais métodos de pesquisa é a abordagem inovadora de investigação científica e a construção teorizante sobre os problemas emergidos da prática, como os riscos ergonômicos em trabalhadores, diminuindo a distância entre teoria e prática. Todavia, defende-se o pressuposto de que as atividades assistenciais vão além do cuidado individual ao usuário, perpassando para a saúde dos trabalhadores envolvidos tanto direta como indiretamente na assistência.

Palavras Chave

Pesquisa Convergente Assistencial. Riscos ergonômicos. Trabalhadores.

Area

Saúde do Homem

Autores

RAFAELA EBRE GUEDES, EMANUELLI MANCIO DA LUZ, JULIANA SILVEIRA COLOMÉ