Datos del trabajo


Título

DESAFIOS A FORMAÇAO PARA O CUIDADO A DEFICIENTES AUDITIVOS

Introdução

A deficiência auditiva caracteriza-se pela diminuição da capacidade de assimilação dos sons normais. No Brasil, de acordo com o censo de 2010, vivem em torno de 2,1 milhões de pessoas com deficiência auditiva severa, e fatores como o aumento da exposição a ruídos e o processo natural de envelhecimento, têm sido responsáveis por esse quadro. Para que a comunicação aconteça é necessário que os integrantes da conversa entendam os códigos de palavras, como arranjos e repertório linguístico, assim, dificuldades neste aspecto podem provocar obstáculos significativos na interação e comunicação. No intuito de garantir esse processo, a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, assegura aos surdos o direito de receberem um atendimento especializado. Apesar disso, o Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamenta essa lei, e que define a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), limita este direito quando traz a LIBRAS como um elemento curricular facultativo nos cursos superiores. Esse fato, contribui para manutenção da dificuldade dos profissionais de saúde em atender e acolher as necessidades vivenciadas pelos deficientes auditivos. No entanto, a não obrigatoriedade na formação não excluí a atribuição dos profissionais de saúde em atender com qualidade, equidade e integralidade os deficientes auditivos que buscam os serviços de saúde. Diante disso, pergunta-se: Qual a percepção dos acadêmicos de cursos da área da saúde sobre sua formação para a atenção a deficientes auditivos?

Objetivos

Conhecer a percepção dos acadêmicos dos cursos da saúde sobre sua formação para a atenção a saúde dos deficientes auditivos.

Método

Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória com abordagem qualitativa. Os participantes foram acadêmicos dos cursos de enfermagem e educação física matriculados em uma Universidade Estadual no interior do estado do Paraná, que cursaram a disciplina de LIBRAS durante a graduação. Os dados foram coletados no período de novembro de 2016 a fevereiro de 2017, na própria universidade. A coleta de dados ocorreu em sala de aula no dia e horário agendado junto a coordenação dos cursos, onde os acadêmicos foram informados e receberam esclarecimentos sobre a pesquisa. Os dados foram coletados por meio de um questionário autoaplicado, adaptado aos objetivos deste estudo pelo pesquisador, com questões relacionadas as características sociodemográficas e questões abertas sobre seu conhecimento de LIBRAS. Os relatos dos participantes foram submetidos à técnica de análise de conteúdo do tipo temática. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de Maringá sob o parecer nº 1.878.606.

Resultados

Participaram da pesquisa 42 acadêmicos,17 do sexo masculino, 31 com idade entre 18 e 25 anos, 32 solteiros, e dois possuíam deficiência visual. Identificou-se que 25 acadêmicos já trabalham na área da saúde, com uma renda mensal média de até um salário mínimo. A análise dos dados resultou no eixo temático: Dificuldades encontradas na formação para a atenção a saúde do indivíduo surdo. Explorou-se nas falas dos participantes, a visão que os acadêmicos tinham sobre sua formação para atenção a saúde dos surdos e como percebiam a importância da LIBRAS para formação profissional. Verificou-se que durante as aulas práticas e estágios, 22 dos alunos entrevistados, atenderam pessoas surdas. Observou--se que 36 desses alunos inferiram não estar preparados para atender este grupo de pessoas de maneira adequada destacando a dificuldade em se comunicar como determinante para isso, e 33 dos acadêmicos afirmaram não saber se comunicar com indivíduos com alguma deficiência auditiva. Apenas oito afirmaram saber comunicar-se com esses clientes por meio da LIBRAS. Dos participantes 19 disseram não conhecer o significado da sigla LIBRAS, embora tenham cursado essa disciplina durante a formação acadêmica. Quando os acadêmicos foram questionados sobre a iniciativa de procurar, além da disciplina oferecida na universidade, algum curso de LIBRAS, 38 acadêmicos responderam que não tiveram essa iniciativa, dez justificaram a não procura por falta de interesse sobre o curso, outros nove inferiram falta de tempo. Dois pesquisados alertaram para a necessidade da realização de cursos permanentes para o atendimento a esse grupo.

Considerações Finais

Evidenciou-se que na percepção dos alunos, o ensino de LIBRAS na graduação não foi o suficiente para possibilitar um aprendizado que subsidiasse o acadêmico a realizar uma comunicação adequada para o atendimento aos deficientes auditivos nos serviços de saúde. Apesar da deficiência na comunicação por LIBRAS e da importância desta, não buscam aprimoramento fora do curso de graduação. Sugere-se que as instituições de ensino abram espaços de discussões sobre como criar estratégias para sensibilizar os acadêmicos para a importância desse aprendizado, e que se analisem a abordagem dos professores de LIBRAS para área de atuação de cada curso. Como trata-se de uma disciplina que exige prática por parte dos acadêmicos, destaca-se a importância da instituição rever as estratégias que vem sendo utilizadas na oferta da disciplina, metodologia aplicada e sensibilização dos acadêmicos quanto a necessidade desta para o atendimento integral ao indivíduo com deficiência auditiva. Coloca-se como limitação deste estudo, o fato de ter sido desenvolvido com apenas dois cursos da área da saúde, assim precisa ser um tema explorado em outras realidades.

Palavras Chave

Pessoas com deficiência; Profissional de saúde; Assistência a saúde.

Area

Políticas e processos de formação de profissionais e pesquisadores

Autores

Maria Antonia Ramos Costa, Dandara Novakowski Spigolon, Heloá Costa Borin Christinelli, Neide Derenzo, Patricia Louise Varela Ferracioli, Kely Paviane Stevanato, Willian Augusto de Melo, João Pedro Rodrigues Soares