Datos del trabajo

Título

ACESSO A VACINAÇAO NO COTIDIANO DA ATENÇAO PRIMARIA A SAUDE NA REGIAO AMPLIADA OESTE DE MINAS GERAIS: OTICA DOS USUARIOS

Introdução

A imunização como medida de prevenção primária tem demonstrado ser uma das intervenções de maior sucesso e melhor custo-efetividade ao produzir impacto sobre as doenças imunopreveníveis, promovendo significativas mudanças no perfil epidemiológico mundial. Entretanto, o êxito dos programas de imunização está condicionado ao alcance das metas vacinais. Neste sentido, é preciso que a atividade de vacinação seja cercada de cuidados, adotando-se apropriada organização e funcionamento da sala de vacina, ampla extensão da cobertura vacinal, adequado acesso dos indivíduos aos serviços de imunização e a identificação de fatores que influenciam tais coberturas.

Objetivos

Compreender o acesso à vacinação no cotidiano da Atenção Primária à Saúde na Região Ampliada Oeste do Estado de Minas Gerais, sob a ótica do usuário.

Método

Trata-se de estudo de casos múltiplos holístico-qualitativo, fundamentado na Sociologia Compreensiva do Cotidiano, originado de uma dissertação de Mestrado. O cenário deste estudo foi a Região Ampliada de Saúde Oeste de Minas Gerais, que é constituída por seis microrregiões de saúde. Mediante os critérios de saturação dos dados por replicação literal, foram incluídas quatro microrregiões de saúde, totalizando quatro casos que tiveram como unidade única de análise: “O acesso à vacinação na APS”. Como fontes de evidências utilizou-se a entrevista aberta com roteiro semiestruturado, a visita técnica às salas de vacinas e notas de campo. Participaram 74 usuários. A análise das entrevistas foi realizada por meio da Análise de Conteúdo temática, obedecendo à técnica analítica da síntese cruzada dos casos. Esta pesquisa foi aprovada sob o Parecer 1.193.584, CAAE: 47997115.2.0000.5545. Faz parte do Projeto Integrado, aprovado pelo Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), Prevenir: Avaliação da Qualidade do Programa Nacional de Imunizações na Região Ampliada de Saúde Oeste de Minas Gerais, que se articula e foi desdobrado nesta pesquisa.

Resultados

Originaram três categorias: “Adequação funcional e uma agenda para o acesso à vacinação na APS sob a ótica do usuário”, “Acesso à vacinação na APS na voz do usuário: sentidos e sentimentos frente ao atendimento” e “Vacinação como demanda programada: um acesso que pode ser facilitado”. A primeira categoria revelou os entraves relacionados aos aspectos organizacionais dos serviços, como o estabelecimento de dias específicos para a realização de determinadas vacinas, falta do imunobiológico e inadequado horário de funcionamento das salas de vacina. O contato direto e a inserção do usuário em outras ações e serviços da unidade de saúde surgiram como fatores que favorecem o acesso à vacinação. Uma agenda para o melhor acesso foi sugerida pelos usuários, que recomendaram, entre outras ações, a reorganização dos dias e horários disponíveis para a vacinação, a informatização do cartão de vacina e a implementação de estratégias de divulgação específicas para ampliar a busca pela imunização. A segunda categoria traz os sentidos percebidos pelos usuários na vivência em vacinação e os sentimentos frente ao atendimento, evidenciando que as relações interpessoais entre a população e os profissionais de saúde são determinantes no acesso à vacinação. Surgiu que a constante ampliação do calendário básico de imunização ampliou o acesso, entretanto a constante falta de imunobiológico nas unidades de saúde foi declarada. Aspectos geográficos e sociais surgiram como barreiras ao acesso à imunização. A terceira categoria revela que os usuários conferem à vacinação o atributo de ser uma demanda programada em saúde ao indicarem que o agendamento de tais ações é conduta que favorece o retorno oportuno à sala de vacina. Entretanto, a programação da demanda em vacinação é comprometida pela fragilidade no registro dos dados, evidenciada pela subutilização dos sistemas informatizados e perda do cartão de vacina, o que acarreta situações de oportunidades perdidas de imunização e revacinações desnecessárias por desconhecimento do histórico vacinal individual. O não envolvimento de toda a equipe da APS com a atividade de vacinação também comprometeu o acesso à essa ação.

Considerações Finais

Este estudo possibilitou conhecer aspectos intrinsecamente relacionadas ao acesso do usuário à imunização no âmbito da Atenção Primária à Saúde, considerando a subjetividade. Os entraves organizacionais, geográficos e sociodemográficos identificados comprometem a prestação de um serviço de vacinação adequado, conforme estabelecido pelo Programa Nacional de Imunizações. O conhecimento desses fatores contribui para o planejamento da promoção vacinal e indica a necessidade de reforçar políticas mais equitativas. Uma agenda para o melhor acesso à vacinação na APS foi sugerida pelos usuários. O estudo apresenta contribuições para a área de Enfermagem e da Saúde, uma vez que a realidade apresenta entraves à incorporação da vacinação como demanda programada no cotidiano dos serviços, e que a programação dessa demanda pode promover o acesso a essa ação. Ressalta-se a importância de os serviços identificarem suas fragilidades e adotarem estratégias que viabilizem uma atenção usuário-centrada, promovendo o acesso aos serviços de saúde e, consequentemente, à imunização.

Palavras Chave

Acesso aos serviços de saúde; Necessidades e Demandas de Serviços de Saúde; Atenção Primária à Saúde; Imunização; Vacinação; Enfermagem.

Area

Saúde Coletiva