Datos del trabajo


Título

A PRATICA DE TERAPIA OCUPACIONAL EM SAUDE COLETIVA - DEFINIÇAO DOS ELEMENTOS DO PROCESSO DE TRABALHO

Introdução

Este trabalho apresenta um projeto de doutorado que toma como objeto o processo de trabalho de Terapia Ocupacional (TO) em Saúde Coletiva. Terapeutas ocupacionais (TOs) que se dispõem a atuar em uma perspectiva crítica relatam ausência de instrumentos específicos da profissão para trabalhar (Godoy, 2014; Dehghan et al, 2013). A produção teórica em terapia ocupacional tem focado no exame da técnica com grupos específicos, e muito poucos são os estudos dedicados ao estudo das práticas (Aiken, 2011). Pesquisa de mestrado da autora deste projeto demonstrou, em conformidade com literatura, que os fundamentos das práticas estão imprecisos e obscuros para TOs, que mostram não ter muita clareza das transformações a que eles se propõem com suas práticas (Godoy, 2014; Hooper e Wood, 2002; Araújo e Folha, 2010).

Existe um recorte dos fundamentos da profissão que acompanha recorte mercadológico de práticas e atrapalha desenvolvimento de fundamento epistemológico. Há necessidade de desenvolver abordagens específicas da TO. (Malfitano et al, 2014)

Está em curso um crescente interesse mundial em refinar e ativar a chamada "transformação social baseada na ocupação" dentro e fora do setor saúde; segundo publicações de TOs de diversos países (van Bruggen, 2014, 2016; Rushford & Thomas, 2015; Barros, Ghirardi & Lopes, 2005; Sakellariou & Pollard, 2016). Estes estudos apontam para a necessidade de aprimoramento na incorporação de teorias sociais críticas que reconceitualizam a ocupação, considerada objeto da profissão, como um fenômeno político e situado (Soares, 1991; Medeiros, 2003; Ghirardi, 2016; Pollard et al., 2008; Laliberte Rudman, 2015; Galvaan, 2012).

No contexto apresentado, apresenta-se a importância do desenvolvimento de projetos com foco na ocupação no campo social, que gere conhecimento sobre como endereçar a determinação sócio-política da desigualdade (Galheigo, 2011; Malfitano et al., 2014; Pollard et al., 2008; Gerlach, 2015). Pesquisas com pessoas engajadas na transformação social fora da academia podem contribuir para o exame das tensões e desafios específicos que apenas a prática pode trazer, considerando que na academia corremos o risco de gerar protocolos que perpetuem práticas que se pretendam neutras ou a-políticas (Farias, 2017).

Este projeto levanta a hipótese de que é possível escapar à captura mercadológica da profissão Terapia Ocupacional e avançar para práticas de fato emancipatórias, ao desenvolver-se clareza das estruturas do processo de trabalho e sua finalidade, com fundamento em uma epistemologia crítica capaz de orientar o recorte do objeto e o desenho de intervenções.

Objetivos

- Definir e fundamentar juntamente a profissionais, os principais elementos do processo de trabalho em TO, sob o referencial teórico-prático da Saúde Coletiva, buscando produzir densidade epistemológica que oriente a prática.

- Validar as definições e fundamentações criadas, juntamente a especialistas internacionais no campo da TO (acadêmicos e técnicos).

Método

Pesquisa a ser realizada em duas fases.

Fase1. Pesquisa-ação emancipatória (Cordeiro e Soares, 2013), a ser realizada por meio de oficinas emancipatórias, em que os participantes são levados a refletir criticamente sobre seu papel e contribuição no sistema de produção em saúde e analisar o que está em jogo nas propostas técnico-assistenciais de que fazem parte.
Como participantes das oficinas, pretendem-se convidar TOs que tenham experiência de trabalho na profissão, e manifestem alinhamento com os princípios da saúde coletiva.
A finalidade dessa primeira fase é alinhar o referencial teórico da Saúde Coletiva e do processo de trabalho em Saúde (Mendes Gonçalves,1992) com os participantes, e a partir da análise coletiva do processo de trabalho em TO, construir definições para os principais elementos da prática.

Fase2. Processo dialógico crítico (Farias, 2016), com especialistas internacionais no campo da TO (acadêmicos e técnicos), que estejam alinhados com os pressupostos relacionados à teoria da determinação social do processo saúde-doença. O processo dialógico crítico é uma metodologia desenvolvida pela TO Lisette Farias, em sua tese de doutorado (2016), por meio da qual é possível realizar uma avaliação dialógica junto a especialistas, das definições e fundamentações criadas nas oficinas emancipatórias. O processo se dá a princípio, com três entrevistas com cada participante, que deve ter acesso à produção das oficinas previamente. Seguem-se então os encontros em que se procura realizar uma provocação com perguntas abertas; em um segundo encontro, um levantamento de contradições, com diálogo sobre seu enfrentamento; e em um último encontro, uma produção de possíveis sínteses e implicações para a prática.
A finalidade dessa segunda fase é legitimar e validar os termos, em processo dialógico com a comunidade científica do campo.

Análise de dados. A análise final será realizada por meio de aproximação dialética da análise de conteúdo (Triviños, 1987), tomando como categorias teóricas o processo de trabalho em saúde e seus elementos - objeto, ferramentas, produto, finalidade. (Mendes Gonçalves, 1992).

Resultados

Espera-se com esta pesquisa, desenvolver e validar definições claras e epistemologicamente fundamentadas dos principais elementos do processo de trabalho em TO no campo da Saúde Coletiva. Experimentações preliminares e autônomas em grupo de estudos com o método das oficinas emancipatórias com TOs têm apontado:

- Aumento do domínio dos TOs sobre cada momento de seu processo de trabalho;
- Clareza dos elementos de seu processo detrabalho sob referencial teórico da Saúde Coletiva, ainda que em diversos campos de práticas (NASF, CAPS, SER, Hospital, Cecco);
- Segurança no discurso sobre a prática e qualificação no diálogo técnico com equipes;
- Maior clareza sobre a atuação do núcleo específico de práticas em TO em relação a outras atribuições no trabalho em equipe.

Considerações Finais

Como limitação dessa pesquisa, considera-se que ela não contará com observação da prática, mas com análise dos participantes sobre a própria prática, portanto faz-se relevante considerar um seguimento desse processo em pesquisa subsequente de implementação de práticas.

Espera-se produzir, ao final desta pesquisa, uma proposta metodológica validada de integração entre teoria e prática. Para aqueles TOs que se posicionarem junto ao campo de conhecimentos e práticas da saúde coletiva, pretende-se ofertar meios para a produção de maior clareza e domínio sobre as práticas ao intervir criticamente sobre elementos da determinação social da saúde, tendo por finalidade a emancipação humana.

Palavras Chave

Terapia ocupacional
Saúde Coletiva
Fundamentos epistemológicos
Processo de trabalho em saúde
Integração teoria-prática

Area

Processo de trabalho e profissionalização

Instituciones

Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Aline Godoy Vieira, Cássia Baldini Soares