Datos del trabajo


Título

ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NO MOMENTO DA ORIENTAÇAO PROFISSIONAL PARA O EXAME DE URINA

Introdução

O exame de urina é requisitado diariamente pelos profissionais que atuam na atenção primária à saúde, pois fornece dados importantes que subsidiam o diagnóstico de patologias que acometam o trato urinário, além da facilidade da coleta da amostra e o baixo custo de processamento1. Os exames laboratoriais passam por três etapas de análise: fase pré-analítica, analítica e pós-analítica. A primeira etapa contempla as orientações profissionais, o processo de coleta da amostra biológica, o armazenamento e transporte do material e, aproximadamente 70% dos erros laboratoriais ocorrem nesta etapa2,3.

Objetivos

Descrever as orientações fornecidas pelos profissionais de saúde para a coleta de urina.

Método

Foi realizada uma pesquisa qualitativa descritiva-exploratória e os dados foram analisados por meio da análise temática proposta por Minayo4, a fim de identificar os núcleos de sentido nas falas dos participantes. Foram entrevistados 45 profissionais responsáveis pelas orientações para a coleta de urina em 26 Unidades Básicas de Saúde (UBS) em um município do Oeste de Santa Catarina. Esta pesquisa originou-se do projeto de pesquisa intitulado “As dificuldades encontradas pelos profissionais da saúde na orientação da colheita de urina para exames laboratoriais” aprovada sob o parecer 1.365.656 do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina. A identidade dos participantes foi preservada, e a identificação realizada pela letra “P.” (abreviatura de “participante”), combinada com a sequência numérica das entrevistas.

Resultados

Os profissionais entrevistados exerciam as seguintes funções: 53,3% (n=24) auxiliares de enfermagem, 40% (n=18) técnicos em enfermagem e, 6,7% (n=3) enfermeiros. Buscando responder ao objetivo deste recorte da pesquisa, destacam-se duas categorias. Na primeira categoria “a influência da orientação no resultado do exame”, os profissionais relatam que uma boa orientação contribui para que os usuários saibam como realizar o procedimento da forma correta: Super importante [realizar uma boa orientação]. Pro paciente ter informação, porque se não receber informação nenhuma, ele não sabe como fazer. Ele vai coletar da forma que ele achar correto, né? (P.17). Quando o procedimento é realizado de forma inadequada, há possibilidade de contaminação da amostra: mas a gente fala que pode contaminar se não fizer direitinho e... que tem que fazer corretamente, né? Então eles ficam prestando mais atenção. Eles veem que as coisas não são tão simples assim (P.1). Os entrevistados apontam a repercussão do resultado do exame nos possíveis diagnósticos: Porque se ele [usuário] não fizer a coleta correta, o exame vai dar alterado e, aí, de repente ele tá com uma infecção e na realidade não tem (P.24). O diagnóstico de infecções do trato urinário é realizado a partir da confirmação de microrganismos presentes na urina pela urocultura, porém, a presença desses patógenos pode acontecer pela contaminação da amostra biológica, onde há o crescimento bacteriano de microrganismos originados de outro sítio, como a pele, dessa forma o resultado positivo para infecção urinária seria falso5. Na segunda categoria “fatores que dificultam a compreensão dos usuários acerca do procedimento de coleta da urina”, foi apontada a baixa escolaridade e o uso de termos técnicos, conforme destaca-se nas falas: na verdade, como aqui é uma população muito carente, as vezes, você tenta explicar e eles não entendem, né? [...] como é uma população de baixa escolaridade, então tudo o que você falar pra eles é bem difícil a absorção (P.20); eu acho que o nível de conhecimento do paciente te ajuda bastante, eu acho que o grau de escolaridade influencia também [...] então tem que explicar em miúdas, assim... o público... é um público mais leigo (P.14); Tem que orientar com palavras que eles entendem, não termos técnicos (P.24); tu fala assim, um pouquinho mais claro com eles, né? Daí elas entendem um pouco melhor (P.1). Ainda a desatenção dos usuários no momento da orientação: A falta de atenção do paciente, porque as vezes você tá explicando aqui e ele tá olhando pra fora, ele tá mexendo em papéis, eles não prestam atenção naquilo que tu fala (P.31); e a falta de compreensão sobre a importância dos cuidados com a higiene íntima: Eu acredito que eles não tenham muito interesse, principalmente aqueles que vão fazer um exame de rotina, que é só uma rotina, então... não preciso tá fazendo tudo isso. Agora, aquele que vem com um sintoma, de dor pra urinar, de dor pra... né? aquele sim, aquele sim entende numa boa. Se ele não entende ele pede de novo (P.19).

Considerações Finais

As orientações para a coleta da amostra do exame de urina são realizadas pelos profissionais de nível médio na maioria das UBS do município pesquisado. Observou-se que as orientações oferecidas aos usuários sobre a coleta amostra de urina, influenciam no resultado do exame, e portanto, é necessária uma boa orientação profissional pois, caso contrário, poderá haver contaminação da amostra, resultando em laudos laboratoriais e diagnósticos incorretos, e no uso desnecessário de antibióticos, o que pode contribuir para uma resistência bacteriana ou mesmo levar a um dano ao usuário. A boa orientação precisa considerar fatores como a baixa escolaridade dos usuários, o não uso de termos técnicos pelos profissionais, trazer a atenção do usuário para o que está sendo explicado, e estimular o usuário a compreender a importância da realização da higiene íntima.

Palavras Chave

Coleta de urina; Orientação; Enfermagem; Comunicação.

Area

Comunicação e Saúde

Autores

Franciely Daiana Engel, Fernanda Karla Metelski, Arnildo Korb