Datos del trabajo


Título

CONDIÇOES DE TRABALHO DE PROFISSIONAIS QUE ATUAM EM UM SERVIÇO DE ATENDIMENTO MOVEL DE URGENCIA

Introdução

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi instituído pela Portaria nº 1.864/2003 (1)e proporcionou melhorias e inovações no atendimento pré-hospitalar, ampliando as possibilidades de atuação dos profissionais de saúde (2). No que tange a prática, torna-se fundamental entender que no SAMU, as ações extrapolam o prescrito em normas de atendimentos estabelecidas em protocolos e manuais (3). Destarte, o cotidiano do SAMU se configura como um mundo dinâmico, no qual as situações raramente se repetem. Nesta perspectiva, as singularidades do serviço interferem nas condições de trabalho dos profissionais, tendo em vista a realidade do cotidiano. Na região Ampliada de Saúde Norte de Minas, a implantação do SAMU regionalizado desencadeou desafios para os trabalhadores, em decorrência de aspectos geográficos, ambientais, epidemiológicos, socioeconômicos e culturais, os quais, ainda influenciam na organização e estruturação com entraves no trabalho cotidiano. No atendimento, os profissionais estão expostos a fatores imprevisíveis que dificultam o trabalho, tais como riscos ambientais, acidentes em rodovias, violência e lugares de difícil acesso (4).

Objetivos

Compreender as condições de trabalho de profissionais que atuam no SAMU.

Método

Trata-se de um recorte da tese intitulada “O trabalho cotidiano de profissionais de um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência”. Realizou-se uma pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso, fundamentada na Sociologia Compreensiva do Cotidiano. A Sociologia Compreensiva do Cotidiano busca atentar-se para detalhes que fundam em profundidade a vida corrente, para a diversidade e especificidade da vida do homem comum no dia a dia (5). O cenário de estudo foi o SAMU Macro Norte da Rede de Urgência e Emergência Macro Norte (RAUE MN), a qual foi instituída em decorrência da situação de saúde da região com elevados índices de mortes por causas mal definidas e de atendimentos devido à agudização de doenças crônicas; dificuldade de acesso aos serviços de saúde, devido à alta densidade territorial; fragmentação das ações em saúde; e desigualdade na alocação de recursos (6). Foram convidados a participar do presente estudo, todos os profissionais intervencionistas e da área administrativa que atuavam no SAMU. Os critérios de inclusão do estudo foi o profissional estar lotado no SAMU no período da coleta de dados. Em relação à área administrativa participaram (gerentes, coordenadores e assessores, designados neste estudo como gestores). Em relação aos profissionais intervencionistas participaram enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos, optando-se pelo critério de saturação de dados por categoria. Assim, participaram do estudo 55 profissionais do SAMU Macro Norte, sendo 18 gestores, 17 enfermeiros, 15 técnicos de enfermagem e 5 médicos. Os dados foram coletados entre novembro de 2015 e janeiro de 2016, por meio de entrevista, guiada por roteiro semiestruturado e submetidos à técnica de Análise de Conteúdo Temática. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, no mês de outubro de 2015, sob o parecer CAAE no 50185515.4.0000.5149. No SAMU a aprovação se deu por meio de Carta de Anuência. Em respeito aos preceitos éticos e legais da resolução 466/2012, todos os participantes assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Resultados

Os depoimentos revelaram condições inadequadas de trabalho, as quais interferem na qualidade da assistência e comprometem a segurança, a saúde e a qualidade de vida do trabalhador. Dentre as problemáticas apontadas, os participantes mencionaram aspectos relacionados à infraestrutura, às condições do ambiente de atendimento, às condições geográficas e à falta de treinamento. Especificamente em relação à infraestrutura, foram destacados aspectos relacionados à manutenção dos equipamentos e ao sucateamento das ambulâncias, aumentando a exposição ao risco, a insegurança do trabalhador e impactando negativamente na qualidade da assistência. Quanto às condições do ambiente de atendimento, foi citada a insegurança da cena, tendo em vista que o profissional pode se deparar com locais íngremes, insalubres e com risco de violência. No que tange às condições geográficas os profissionais destacaram a possibilidade de percorrer grandes distâncias até o hospital mais próximo, o tempo gasto no trânsito, as más condições da malha viária, aumentando o tempo resposta, com consequências físicas e psicológicas para o profissional e agravamento do quadro da vítima. Salienta-se que o indicador tempo resposta constitui-se como importante critério para garantir o atendimento oportuno do SAMU (7) e por outro lado é um fator que pode trazer implicações para o prognóstico o paciente, quando não alcança um limiar aceitável. Em relação à falta de treinamentos, os participantes mencionaram a necessidade de mais investimentos, com o intuito de aumentar a sinergia entre os profissionais, bem como a qualidade da assistência.

Considerações Finais

As condições de trabalho no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, expõem os profissionais a dificuldades ligadas à infraestrutura, às condições do ambiente de atendimento, às condições geográficas e à falta de treinamento. Os dados trazem à tona a necessidade de novos estudos, em outros cenários e de reflexões sobre a realidade emergente, com o intuito de garantir melhorias na saúde, segurança e qualidade de vida do profissional, favorecendo a prática cotidiana.

Palavras Chave

Serviços Médicos de Emergência; Trabalho; Sociologia do Cotidiano; Estudo de Caso.

Area

Processo de trabalho e profissionalização

Instituciones

UFMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

Danielle Araújo Moreira, Hanna Beatriz Bacelar Tibães, Iluska Pinto Costa, Cecília Maria Lima Cardoso, Maria José Menezes Brito