Datos del trabajo


Título

EMPREGADOS DOMESTICOS E A PRODUÇAO DE REFEIÇOES: CARACTERIZAÇAO, INTERVENÇAO E AVALIAÇAO

Introdução

Com o aumento da inserção da mulher no mercado de trabalho houve ampliação da demanda por serviços domésticos para a realização das atividades relacionadas, principalmente, à limpeza das residências. No entanto, na maioria das vezes, o empregado doméstico assume também a tarefa de manipulação dos alimentos, que inclui a compra, o armazenamento e a higienização dos mesmos, bem como o preparo das refeições, o que o torna um dos responsáveis pela promoção da saúde nos domicílios. Nesse cenário, é necessária a capacitação dos empregados domésticos em relação ao adequado manuseio dos alimentos, como forma de agregar conhecimento, melhorar a qualidade do trabalho exercido e fomentar a atuação desses importantes profissionais como agentes de promoção da saúde nos lares brasileiros.

Objetivos

Caracterizar os empregados domésticos do ponto de vista social, econômico e nutricional; desenvolver oficinas educativas planejadas para que esses profissionais possam promover a adequada manipulação de alimentos; e avaliar a eficiência dessas práticas.

Método

Trata-se de pesquisa, em interface com a extensão universitária, de caráter transversal, descritivo, quantitativo e qualitativo, realizada com 52 empregados domésticos, da região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. Cada participante do estudo participou de 4 oficinas com discussões teóricas e práticas, oferecidas semanalmente, no período de um mês, com tempo médio de 12 horas no total. Como parte da primeira oficina foi realizada, de modo quantitativo, a caracterização socioeconômica, antropométrica e de consumo alimentar de cada participante. Para as oficinas foi elaborado material didático com informações sobre alimentação saudável; planejamento de cardápios, conceitos de sazonalidade e qualidade nutricional das refeições; qualidade sanitária dos alimentos, incluindo o planejamento das compras, transporte, armazenamento e manipulação dos alimentos nos domicílios; e receitas para o preparo de almoço, jantar e lanches com qualidade sanitária e nutricional. A pesquisa qualitativa desenvolveu-se por meio de entrevistas telefônicas semiestruturadas, seis meses após o término das oficinas. Participaram das entrevistas 40 empregados domésticos que participaram das oficinas, além de 22 empregadores, que concordaram em participar dessa etapa da pesquisa. Durante a entrevista, o entrevistador mantinha-se na escuta, intervindo com discretas indagações de maneira a favorecer a fluidez do discurso e estimular a expressão de questões de interesse da pesquisa. Aos empregados domésticos foram realizadas perguntas sobre as mudanças de hábitos alimentares após as oficinas; a composição dos cardápios, compras e armazenamento dos alimentos; a higiene no preparo das refeições; e sobre as receitas ensinadas e aplicadas nos domicílios. Aos empregadores as perguntas foram focadas em observações realizadas pelos mesmo, após a participação do empregado nas oficinas, em relação ao planejamento, compra, armazenamento, higiene e preparo dos alimentos; além de relatos gerais e das percepções do empregado quanto ao conteúdo contemplado nas oficinas. O conteúdo de cada entrevista foi gravado e integralmente transcrito e, para a análise e interpretação dos dados, utilizou-se a análise de conteúdo. Este estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa, credenciado junto ao Conselho Nacional de Saúde (CAAE – 8494516.7.0000.5149).

Resultados

Todos os empregados domésticos que participaram do estudo eram do sexo feminino, com idade média de 40 anos (±9,5). Muitas das participantes possuíam carteira assinada (84,6%, n=44) e renda familiar de até R$1.500,00, com tempo médio de trabalho de 11 anos (±10,2), e 42,3% (n=22) tinham ensino fundamental incompleto. Sobre os dados antropométricos, cerca de 47,2% (n=25) das participantes estavam com sobrepeso, 15,1% (n=8) apresentavam obesidade grau I e 7,5% (n=4) obesidade grau II. Em relação ao consumo alimentar das empregadas domésticas, foi possível identificar baixo consumo de frutas, verduras e legumes. Sobre o perfil de compras de alimentos, 28,0% (n=15) das empregadas domésticas eram responsáveis pela compra desses produtos no local de trabalho e 88,5% (n= 46) eram responsáveis por prepara-los para toda a família para qual trabalhavam. Por meio da pesquisa qualitativa observou-se que as oficinas apresentaram-se como um mecanismo efetivo para o processo ensino aprendizagem sobre planejamento de cardápios, compra, armazenamento e preparo dos alimentos pelos empregados nos domicílios em que atuavam. Foram constatadas mudanças positivas nos hábitos alimentares dos empregados e uma sistematização - pautada na redução de sal, óleo e fritura e no aumento da variedade e quantidade de saladas - no planejamento dos cardápios e das compras. Observou-se que os empregados domésticos conseguiram discursar sobre os assuntos tratados de maneira prática nas oficinas como as boas práticas relacionadas à higiene dos alimentos, pessoal, e a dos utensílios; a respeito da importância de seguir uma lista de compras; e sobre o adequado armazenamento dos alimentos. Por outro lado, foi verificada uma certa dificuldade em relembrar os conteúdos transmitidos apenas de maneira escrita. A maioria das empregadas domésticas disse ter compartilhado com os amigos e familiares os conhecimentos obtidos durante as oficinas, além de terem replicado as receitas no trabalho e em suas próprias casas. Sob a ótica dos empregadores algumas mudanças no planejamento e elaboração dos cardápios foram observadas. Ficou evidente que em muitos casos os empregadores se distanciam do planejamento e da prática diária da alimentação por trabalharem fora do lar ou por delegaram essa função ao empregado doméstico. Observou-se que no cotidiano não há muito tempo para conversas entre empregadores e empregados, pois não percebeu-se, pelos empregadores, relatos gerais e percepções do empregado quanto ao conteúdo contemplado nas oficinas. Essas constatações reforçam a necessidade de constante aperfeiçoamento dos empregados domésticos quanto à manipulação correta dos alimentos nos domicílios, pois são agentes diretamente responsáveis pela adequada alimentação nesses locais. Por fim, na visão dos empregadores, as oficinas provocaram um impacto positivo na conduta, ânimo e sentimento de valorização dos empregados domésticos.

Considerações Finais

Os empregados domésticos possuem papel importante na promoção da saúde, visto que em muitas residências estão à frente da aquisição e preparo dos alimentos para toda a família para qual trabalham. De modo paradoxal, ao caracteriza-los, notou-se pouco cuidado dos mesmos em relação à própria alimentação e saúde. Por fim, as oficinas com enfoque práticos são técnicas relevantes para ampliar o conhecimento das empregadas domésticas quanto a alimentação adequada.

Palavras Chave

Empregados domésticos, Capacitação, Educação Nutricional, Mudança Comportamental, Oficinas Culinárias, Reeducação Alimentar.

Area

Alimentação e Nutrição

Instituciones

Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

Rita de Cássia Ribeiro, Joice Cristina Custódio Araújo Neves, Márcia Regina Pereira Monteiro, Simone Cardoso Lisboa Pereira, Marlene Azevedo Magalhães Monteiro