Datos del trabajo


Título

ESTRATÉGIA DE REDUÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL E FETAL: INTERLOCUÇÃO COM A ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE

Introdução

A redução da taxa de mortalidade infantil é uma das prioridades mundiais incluída nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que visa acabar com as mortes consideradas evitáveis, ou seja, aquelas que não ocorreriam se a criança e/ou a gestante possuísse acesso aos serviços de saúde e assistência eficaz em tempo hábil. Nesse sentido, os Comitês de Prevenção do Óbito Materno Infantil e Fetal estabelecem-se como importantes estratégias de gestão para a redução da mortalidade infantil. Constituídos por equipes multiprofissionais, cumprem a incumbência nacional de realizar a vigilância epidemiológica e monitoramento da mortalidade infantil e materna. Em Florianópolis, o Comitê Floripa pela Vida atua na classificação dos óbitos a partir da investigação dos principais aspectos que contribuíram para esse desfecho. Após a análise dos óbitos, são encaminhadas recomendações aos serviços de saúde por meio dos seus representantes que integram a equipe do Comitê. Esse processo é denominado interlocução e, no caso da atenção primária à saúde de Florianópolis, a gestão é organizada em distritos e subordinada à Secretaria Municipal de Saúde, a qual oferece o suporte aos centros de saúde de acordo com as áreas territoriais. São os profissionais destes distritos que participam do Comitê, representando a atenção primária à saúde. Assim, a responsabilidade de realizar a interlocução dos casos à atenção primária é dos representantes distritais, sendo este papel fundamental para que a atenção básica planeje ações para prevenção dos óbitos, visto que, em 2016, a causa evitável mais recorrente foi em relação ao pré-natal, equivalendo a 60,6% dos óbitos evitáveis.

Objetivos

Evidenciar a interlocução entre o Comitê Floripa pela Vida e um Distrito Sanitário de Florianópolis, Santa Catarina.

Método

Estudo de caso único do tipo caso crítico, de abordagem qualitativa, explanatória e descritiva. No presente estudo, o contexto foi a Gestão Municipal da Saúde da Criança e o caso foi o único Distrito Sanitário de Florianópolis a realizar, de maneira precisa e sistemática, o processo de vigilância do óbito, salientando a interlocução com a atenção primária a saúde, objetivo desta pesquisa. A coleta dos dados efetivou-se por quatro fontes de evidências, sendo elas: pesquisa documental, observação direta participante, observação direta não participante e entrevista focada. Na pesquisa documental foram utilizadas as atas das reuniões do Comitê Floripa pela Vida dos anos de 2014 a 2016, totalizando 36 atas. A observação direta não participante aconteceu nos anos de 2015 e 2016, por meio da experiência de extensão universitária. Por sua vez, a observação não participante ocorreu em duas reuniões do Comitê Floripa pela Vida, nos meses de setembro e dezembro de 2016. A entrevista focada compreendeu perguntas abertas e direcionadas, sendo realizada com representante do Distrito Sanitário em questão no Comitê Floripa pela Vida. Como estratégia analítica utilizou-se as proposições teóricas e o desenvolvimento da descrição do caso. A técnica analítica foi a construção da explanação.

Resultados

As recomendações elaboradas pelo Comitê são encaminhadas ao local que realizou o atendimento da mulher e da criança, processo este chamado de interlocução. Esta devolutiva é realizada, na atenção primária à saúde, nos centros de saúde de referência da moradia materna, sendo realizada pelos representantes dos Distritos Sanitários no Comitê. A interlocução se realiza em reunião geral dos centros de saúde, envolvendo toda a equipe e favorecendo a educação permanente dos profissionais, mesmo os não envolvidos no caso, trabalhando, desta forma, a prevenção. Quanto à forma de interlocução, as representantes expõem o caso focando nas situações levantadas e nas recomendações, concluindo com a avaliação de evitabilidade proposta pelo Comitê. Findada a apresentação, a equipe discute os principais pontos e se posiciona frente às situações levantadas e recomendações elaboradas pelo Comitê, possuindo liberdade para contribuir com os casos em apreciação. Esta atividade de interlocução é avaliada pelos próprios profissionais da rede e tem obtido resultados favoráveis. As equipes recebem de forma positiva a interlocução, relatando a importância da discussão do caso e da revisão de condutas e processos de trabalho para a melhoria da assistência. Ainda, o Distrito Sanitário realiza um trabalho com as equipes de saúde para evitar a culpabilização dos profissionais envolvidos, e sim a relevância das interlocuções para a minimização das fragilidades e dos erros encontrados, enfatizando que as ações têm por objetivo final a redução da mortalidade infantil evitável. Cuidados éticos são tomados para evitar constrangimentos. Quando a situação é relacionada a um profissional ou a uma equipe específica, a conversa é realizada de modo individual, respeitando a integridade do sujeito. Há, ainda, um cuidado especial com o tempo, para que o caso não se distancie da memória da equipe envolvida, possibilitando a obtenção de mais detalhes por meio dos profissionais que realizaram o atendimento.

Considerações Finais

Os resultados demonstram a atividade de interlocução entre o Comitê de Prevenção do Óbito Materno, Infantil e Fetal junto a atenção primária à saúde, atividade diferenciada para a Gestão de Saúde da Criança, permitindo a avaliação e revisão do processo de trabalho e, ainda, maior atenção e reflexão a respeito da assistência prestada à gestante e à criança. Possibilitando a educação continuada, a interlocução se faz valorosa ferramenta na prevenção da mortalidade infantil e fetal.

Palavras Chave

Gestão em Saúde; Mortalidade Infantil; Mortalidade Fetal; Estudo de Caso.

Area

Gestão de Serviços de Saúde

Instituciones

Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

Alexandra Ferreira, Selma Regina Andrade, Andriela Backes Ruoff, Viviana Mariá Draeger, Talita Piccoli Sevegnani, Susana Cararo Confortin