Datos del trabajo


Título

DIFICULDADES VIVENCIADAS DURANTE O TRATAMENTO DO CÂNCER

Introdução

O câncer é atualmente considerado um dos problemas de saúde pública mais complexos enfrentado pelo sistema de saúde em decorrência de sua amplitude epidemiológica, social e econômica. Frente a esse cenário destaca-se a relevância dessa temática no atual contexto de saúde, tanto no que diz respeito ao impacto da doença no perfil de morbimortalidade populacional, quanto na necessidade de organização da rede de serviços de saúde para oferta de ações de prevenção, promoção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos.

Objetivos

Conhecer as dificuldades vivenciadas por indivíduos com câncer durante o tratamento.

Método

Estudo de natureza qualitativa, realizado junto a pacientes em tratamento de câncer cadastrados na Associação de Pessoas com Doenças Especiais (APDE), de um município da região noroeste do Paraná. Os participantes foram selecionados adotando-se os critérios de inclusão: idade igual ou superior a 18 anos, ambos os sexos e cadastrados na APDE. O convite para participação no presente estudo foi realizado por meio de contato telefônico, a partir da lista dos pacientes fornecida pela instituição contendo nome, endereço e telefone para posterior agendamento de visita domiciliar e entrevista. Os dados foram coletados no período de junho a setembro de 2017, por meio de entrevista individual gravada. Os participantes foram convidados a responder a seguinte questão norteadora: Fale sobre sua trajetória desde o diagnóstico de câncer. A busca por informações ocorreu até o momento em que os dados começaram a se tornar repetitivos e o objetivo da pesquisa foi alcançado. As entrevistas foram transcritas na íntegra e submetidas à análise de conteúdo, modalidade temática, seguindo as etapas de pré-análise, exploração do material, levantamento dos resultados e interpretação. O estudo foi desenvolvido em consonância com as diretrizes disciplinadas pela Resolução do Conselho Nacional de Saúde, de nº 466\2012, após autorização da Secretaria Municipal de Saúde e aprovação pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisas com seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá (Parecer no 2.403.152). Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias e foram identificados com a letra M, indicativo de sexo masculino, e F, de feminino, seguido pela idade em anos e o tipo de câncer. Ex: (F, 34, mama).

Resultados

Para alguns entrevistados, os efeitos colaterais manifestados após as sessões de quimio e radioterapia constituíram uma das principais dificuldades vivenciadas durante o itinerário terapêutico: [...] eu passava mal depois de uns dois dias de quimio, ficava com mal-estar, não parava nada no estômago, era a pior parte, o que me fazia pensar em desistir do tratamento várias vezes. Hoje isso tá bem menos, não sei se é porque acostumei ou se é porque é mais fraca. (F, 34, mama); Ahh...o mais difícil são os efeitos da quimioterapia, porque cada sessão é uma diferente da outra. A primeira passa mal, a segunda é pior... aí vem aquela depressão, cabelo caindo... é muita coisa...muita coisa. (F,40, mama); Além de não conseguir comer e ficar muito enjoada eu ficava toda queimada, porque a radio queima de dentro pra fora tinha dia que até a blusa que relava doía porque queimava e ficava em carne viva. (F, 45, mama). Outra dificuldade apontada foi o cansaço em decorrência do deslocamento para realização do tratamento: Para fazer o tratamento a gente tem que andar 60 km ... é cansativo, e eu ainda não consigo dormi na van porque tenho medo de acontecer algum acidente, essas coisas. E ainda depois de algumas sessões da radio eu tive umas queimaduras e ai ficava meio sem jeito até para sentar.(M, 58, próstata); É uma viagem a cada sessão...... a gente já entra no carro debilitado, enfraquecido, com ânsia principalmente quem fez quimio [...]. (M, 53, reto), assim como o tempo de espera para o retorno: Depois que faz a quimio tem que esperar todos os pacientes terminar pra poder vir embora. Saímos as 5 da manhã e voltamos as 18 horas. Para quem está bem de saúde ainda aguenta ficar né…. Agora para quem não tá muito bom...(M, 64, próstata); O mais difícil é a espera...tem muita gente para fazer no mesmo dia, então é um de cada vez …e cada um é um horário diferente, medicação diferente, tempo de ficar recebendo diferente. Isso faz a gente ficar irritado, chateado e mais estressado com a vida. (F, 34, mama); É muito desgastante ficar lá esperando todo mundo acabar para vir embora...deixa a gente mais cansado ainda. (M, 53, reto).

Considerações Finais

Dentre as dificuldades vivenciadas ao longo do itinerário terapêutico, evidenciou-se a manifestação de efeitos colaterais, o cansaço ante o deslocamento para a realização do tratamento, as longas esperas para retornar a seus lares, necessidade de alimentação durante o período que estão fora de casa em tratamento e falta de condições financeiras para custear essa alimentação, a alteração na rotina pela necessidade constante de comparecimento no ambiente hospitalar e a exposição continua a procedimentos invasivos, tornam os doentes ainda mais debilitados e vulneráveis. A vulnerabilidade pode gerar algumas etapas de negação até a aceitação da doença e adesão ao tratamento. Tal conhecimento por parte dos profissionais de saúde lhes possibilita o desenvolvimento de ações que envolvem a educação em saúde, além de influenciar o nível de adesão ao tratamento, de modo que cada fator positivo envolvido no processo de reabilitação, se torne um alvo de intervenção para a equipe multiprofissional. Para realização do tratamento, muitos pacientes necessitam se deslocar para um município de referência, devido à conformação da rede de assistência, considerando principalmente os altos custos representados pelos diferentes tipos de tratamento. Embora, seja garantido o direito do transporte, alimentação e diárias para pacientes oncológicos e seu acompanhante pelo Sistema Único de Saúde, vale destacar que o modo como os pacientes vivenciam esse percurso influencia diretamente na sua qualidade de vida.

Palavras Chave

assistência em saúde, câncer, condições crônicas, qualidade de vida, tratamento.

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Autores

Nitza Ferreira Muniz, Elen Ferraz Teston, Eunira Francisca Carvalho, Gabriella Michel dos Santos Benedetti, Heloá Costa Borim Christinelli, Maria Antonia Ramos Costa, Muriel Fernanda de Lima, Tereza Maria Mageroska Vieira