Datos del trabajo


Título

OFICINAS DE EQUIDADE: UMA FERRAMENTA PARA ENSINAR PROMOÇAO DA SAUDE PARA ACADEMICOS DA AREA DA SAUDE

Introdução

A Política de Promoção de Equidade em Saúde visa diminuir as iniquidades em saúde. Pensar na formação acadêmica como um tempo marcante é também falar sobre a formação de conceitos que vão interferir marcadamente sobre modo de refletir e de agir de cada pessoa em seu futuro exercício profissional. Assim, este estudo procurou atender as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das relações-étnico racial para o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena (Lei 11.645/2008) e para a efetivação dos Direitos Humanos (Res. no. 1/2012), a fim de promover a educação para mudança e transformação social, fundamentadas na valorização e reconhecimento das diferenças e das diversidades.

Objetivos

Sensibilizar os estudantes matriculados nos cursos graduação da área da saúde de uma Instituição Educacional de Ensino Superior do norte de Santa Catarina para reconhecer a Política Nacional de Promoção da Equidade como uma ferramenta de inclusão, a fim de possibilitar diferentes práticas atitudinais de convívio social e do exercício profissional.

Método

Este é o relato de parte de uma pesquisa participativa que foi desenvolvida durante os meses de junho a dezembro de 2016, com 127 estudantes matriculados nos cursos de Graduação em Enfermagem, Educação Física, Fonoaudiologia e Nutrição de uma Instituição Educacional de Ensino Superior (IES) comunitária do norte de Santa Catarina. A pesquisa foi desenvolvida em três etapas distintas: na 1ª foi realizado diagnóstico situacional; na 2ª as oficinas de aprendizagem e na 3ª o diagnóstico do impacto da ação.Nesta experiência a ação proposta foi a realização de oficinas nas quais se procurou suprir as carências de conhecimento dos acadêmicos convidados, sobre os temas que fazem parte da Política de Promoção da Equidade. Para a realização das oficinas adotou-se metodologias ativas participativas como estratégia de ensino-aprendizagem, nas quais foram utilizados artigos científicos como parte da problematização. As metodologias participativas, visam motivar o estudante, que diante de um problema, se detém, examina, reflete, relaciona a sua história e passa a ressignificar suas descobertas. Contempla ações direcionadas para que o estudante aprofunde e amplie os significados construídos mediante sua participação. Requer do mediador o exercício permanente do trabalho reflexivo, da disponibilidade para o acompanhamento, da pesquisa e do cuidado, que pressupõe a emergência de situações imprevistas e desconhecidas. Favorecendo o desenvolvimento de novas habilidades, como a vontade e a capacidade de permitir ao estudante participar ativamente de sua aprendizagem, como facilitador deste processo ensino-aprendizagem (1). Com este enfoque participativo, valoriza-se a experiência do grupo, permitindo seu envolvimento nas discussões e na busca de outras concepções. O diálogo proporciona aos participantes a oportunidade de construir novos conhecimentos e dá ao jovem a possibilidade de transformar a realidade nos diversos espaços em que vivem. Este estudo teve início após a aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa (parecer no. 1.193.558/2015), o qual respeitou todos os princípios da Resolução 466/12 (2).

Resultados

As oficinas foram planejadas e realizadas seguindo-se quatro momentos: 1°. Sensibilização; 2°. Aprendendo; 3°. Somando Conhecimentos; 4°. O que eu aprendi? Antes de iniciar as oficinas todos os participantes foram informados sobre seus direitos, liberdade e autonomia em participar. Todas as oficinas foram realizadas com a mediação de pelo menos duas professoras em parceria com os acadêmicos de enfermagem monitores da pesquisa. Como estratégia de sensibilização foram apresentadas slides com fotos, vídeos e frases que faziam referência a situações que ora apresentavam a equidade ora faziam menção à iniquidade, dados estatísticos demonstrando a influência de situações de iniquidade na saúde, com comunidades indígenas, ciganas, população negra, pessoas com deficiência, em situações de rua e de pobreza extrema, entre outras. A finalização deste primeiro momento se deu com a seguinte pergunta: “Por que investir em ações específicas para esta população?”. Com a pergunta norteadora o grande grupo foi dividido, aleatoriamente, em pequenos grupos e com a participação de pelo menos dois acadêmicos monitores, os participantes foram convidados a fazer a leitura de um artigo. Após, no grande grupo eles puderam falar sobre as discussões, sentimentos, ideias e projetos futuros enquanto profissionais da saúde. Cada grupo, auxiliado pelo monitor, fez um breve relato de todos os aspectos discutidos, ressaltando pontos positivos e negativos, concordando ou discordando de algumas ações de equidade em favor de populações historicamente excluídas. Aqueles que discordam julgam-nas não as merecedoras de tais ações; afirmaram que estes são valores que já trazem de suas famílias. Este foi um dos aspectos que gerou debates calorosos entre os participantes, muitos defenderam que argumentos como este reforçam a necessidade de outras oportunidades para o debate deste tema. Eles expuseram conceitos que já tinham e afirmaram que obtiveram novos pelo esclarecimento que naquele momento estavam adquirindo. Foram discussões ricas em conteúdo e conhecimento, de forma bastante subjetiva, com relatos de experiências pessoais, o que demonstrou o início de sensibilização frente a um assunto ainda não refletido com profundidade. Realizaram-se quatro oficinas com duração aproximada de três horas cada, as quais configuraram como participação expressiva de acadêmicos dos cursos da área da saúde da referida IES.

Considerações Finais

É preciso considerar que a escolha desta metodologia proporcionou a todos os participantes, acadêmicos, monitores e professoras a possibilidade de levar adiante essas discussões com novas perspectivas, ampliando o discurso e posicionando os temas para futuras discussões, visando cessar a violação dos direitos humanos das populações socialmente mais vulneráveis. Os participantes puderam sentir que eles eram os protagonistas daquela ação, para que pudessem pensar novos caminhos para as situações discutidas e que, como futuros profissionais da saúde responsáveis pela atenção e pelo cuidado, agissem de forma diferenciada, com menos preconceitos e maior valorização do ser humano com todos os requisitos da diversidade de nossa espécie. E também para que possam atuar pela promoção da saúde destes grupos, que há muito tempo passam por situações de exclusão que atuam como um forte determinante de doença.

Palavras Chave

Equidade em saúde; promoção da saúde; políticas públicas de saúde.

Referências:

1. LOPES, EB. Metodologias participativas. In: RAMOS, FRS. Adolescer: compreender, atuar, acolher. Brasília: ABEn. Mato Grosso do Sul, 2001.


2. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde: Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. 2012. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf.

Area

Políticas e processos de formação de profissionais e pesquisadores

Autores

Solange Abrocesi, Beatriz Schumacher, Vanessa Cardoso Pacheco, Isabela Soter Corrêa