Datos del trabajo


Título

CONFLITOS VIVENCIADOS POR PARCEIRAS DE ALCOOLISTAS

Introdução

O alcoolismo representa um relevante problema de saúde pública na atualidade, estando associado a alterações comportamentais, como agressividade, conflitos familiares, violência doméstica e urbana, bem como a alterações orgânicas, como a hipertensão arterial, gastrite, cirrose, e clínicas, como depressão, doenças mentais, que resultam em grande demanda aos serviços de saúde. O alcoolismo, e suas consequências, compromete o processo saúde-doença do indivíduo, da família e da sociedade. Os efeitos psicológicos, sociais, culturais, jurídicos, políticos e econômicos do consumo excessivo de álcool podem acarretar incalculáveis prejuízos, redução das condições e qualidade de vida para o próprio usuário, bem como para seus familiares. Ocasiona também incapacidades biopsicossociais, podendo gerar oportunidades perdidas no processo produtivo, social, afetivo e familiar.

Objetivos

Os objetivos do estudo foram identificar os sentimentos de mulheres acerca da convivência conjugal com parceiros alcoolistas; conhecer os conflitos vivenciados no relacionamento afetivo e familiar e analisar o enfrentamento dos conflitos decorrentes dessa convivência.

Método

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, tendo como cenário do estudo um município de pequeno porte, localizado na região do Alto Paranaíba, do Estado de Minas Gerais. Os participantes do estudo foram mulheres, com idade superior a 18 anos, que atenderam aos critérios de inclusão referentes a convivência conjugal atual ou pregressa com parceiros alcoolistas e ao cadastro em uma das duas equipes de saúde da família do município. Inicialmente foi realizado contato prévio com os profissionais de saúde da equipe de saúde da família, principalmente com os agentes comunitários de saúde, tendo sido identificadas dezoito mulheres nas fichas de cadastro das famílias adscritas nas equipes e que atenderam aos critérios de inclusão mencionados. De posse dos endereços, foram realizadas visitas domiciliares para esclarecimento sobre os objetivos e propósitos da pesquisa e efetivação do convite para a participação no estudo e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Os dados foram coletados por meio de entrevista individual, gravada com o consentimento das participantes, no ambiente familiar e em data e horário pré-estabelecidos. A análise dos dados foi realizada por meio da Análise de Conteúdo. O estudo atendeu as recomendações da Resolução 466/12, tendo o projeto sido submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário do Cerrado–Patrocínio com protocolo de número 1450ENF015, assegurando aos participantes o anonimato e a confidencialidade dos dados.

Resultados

Quanto ao perfil sociodemográfico das 18 participantes do estudo, foi identificado que, apesar de 77,8% serem adultas, 16,7% eram jovens e 5,5% idosas; 71,1% possuíam menos de oito anos de escolaridade e 27,7% informaram ter, ou estar cursando, o ensino superior. A maioria das participantes (88,9%) informou conviver com os parceiros em união civil ou estável; 44,4% relataram renda familiar mensal de um a três salários mínimos e 33,3%, renda familiar de três a seis salários mínimos. Para 27,8% das participantes, a união conjugal não havia gerado descendentes. Quanto ao perfil dos parceiros das participantes, identificado que 83,2% eram adultos, 77,7% possuíam menos de oito anos de escolaridade e 82,4% iniciaram o uso do álcool na adolescência, anteriormente a união conjugal, sendo que em 66,7% o uso do álcool era diário. Quanto a categoria relativa aos sentimentos vivenciados, emergiram das falas das participantes as subcategorias analíticas referentes à insegurança nos relacionamentos conjugais e ao medo associado às consequências da dependência financeira e emocional do parceiro. Evidenciado que o relacionamento com parceiro alcoolista era considerado ruim e muito complicado, devido a inexistência de diálogo, a insatisfação sexual em função da perda da libido do parceiro e desconfiança relativa a traições por parte do parceiro, perda frequente do controle emocional do parceiro e alterações frequentes de humor, o que acabava gerando insegurança e instabilidade na relação conjugal. Na subcategoria relativa ao medo, evidenciado que este foi um sentimento predominante entre as participantes, estando associado a diversos motivos como o temor de que os companheiros adoecessem em decorrência de doenças graves; o envolvimento em acidentes no trânsito; repercussão no desempenho das atividades de trabalho como risco de demissão, o envolvimento em brigas na comunidade; o temor de que os filhos se envolvessem com o álcool, seguindo o exemplo paterno; além do temor de serem agredidas fisicamente. Na categoria empírica associada aos conflitos, foram identificadas as subcategorias associadas ao desgaste do relacionamento afetivo e sexual do casal, a violência familiar, ao desajuste no relacionamento familiar e à interferência do álcool no convívio social do casal. Evidenciado no relato de todas as participantes a existência de situações de brigas e desavenças com os parceiros quando alcoolizados que, em algumas vezes se resumiam a discussão verbal, mas, em outros momentos, resultavam em agressão física e lesão corporal. Quanto a categoria empírica referente ao enfrentamento dos conflitos foram identificadas as subcategorias analíticas associadas ao apoio familiar e da rede social, ao sentimento de desesperança da mulher e ao sofrimento e resignação perante a situação vivenciada.

Considerações Finais

O estudo possibilitou reconhecer que o alcoolismo representa um grave problema emocional para a maioria das participantes, gerando um enorme desgaste e sofrimento no decorrer dos anos de relacionamento conjugal. Evidenciado nos relatos que, ao longo do tempo, essa situação desestrutura emocionalmente e psicologicamente a mulher, interferindo negativamente na educação dos filhos. Evidenciado também a sensação de impotência e vulnerabilidade aos atos cometidos pelos parceiros, afetando a sua autoestima e saúde mental. Foi possível reconhecer a inexistência de uma rede de apoio social no município de estudo que atenda às necessidades das mulheres, bem como de seus parceiros, restando para algumas famílias apenas o apoio religioso. Espera-se que os resultados deste estudo constituam um importante instrumento de diagnóstico e de reflexão para o setor saúde do município cenário do estudo, contribuindo para a elaboração de novos projetos na área de saúde, bem como na saúde mental. A atenção primária à saúde representa o recurso de saúde mais utilizado pelas participantes, necessitando, portanto de implementação de estratégias e elaboração de ações direcionadas a saúde da mulher, de forma a atender as necessidades de uma atenção acolhedora, integral e humanizada.

Palavras Chave

Alcoolismo. Relacionamento familiar. Enfermagem

Area

Saúde da Mulher

Instituciones

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO CERRADO-PATROCPÍNIO - Minas Gerais - Brasil

Autores

ANGELA MARIA DRUMOND LAGE, ANDREIA INÁCIO MACHADO, GISÉLIA GONÇALVES DE CASTRO, DANIELA DE SOUZA FERREIRA