Datos del trabajo


Título

ESTRATEGIA DE MANUTENÇAO DE PARTICIPANTES E TAXA DE RESPOSTAS EM RODADAS DE ESTUDO E-DELPHI: ALCANCES E LIMITES

Introdução

Delphi trata-se de método misto utilizado para obter o consenso de opinião mais confiável em um grupo de especialistas, sobre um tópico de interesse1. Há tipos distintos de Delphi, pois o método tem evoluído e se modificado. O Delphi Clássico é desenvolvido em rodadas, sendo a primeira aberta, qualitativa, e as demais geralmente quantitativas. Uma variação do Delphi Clássico é o e- Delphi, com processo similar, porém com as rodadas administradas por e-mail ou via plataforma web. Em todos os tipos de Delphi o método se assenta no estabelecimento de um processo de comunicação grupal, mediante uma série de questionários intensivos, intercalados por feedbacks relativos às opiniões2,3. Há um conjunto de questões que pode afetar a validade de um estudo Delphi, dentre elas a taxa de retorno em cada uma das rodadas. Estudos estimam uma abstenção de respostas que varia entre 20% e 50% por rodada4. Entretanto, há estudos que alcançam taxas superiores a 90% de respostas em todas as rodadas1. No âmbito do projeto de pesquisa ‘Ação e Raciocínio Pedagógico de professores de universidades públicas em áreas do conhecimento de enfermagem’, onde investigamos sete subáreas, utilizamos o e-Delphi e temos desenvolvido um conjunto de táticas para não comprometimento da validade por baixa taxa de respostas.

Objetivos

Discutir os alcances e limites das táticas utilizadas no planejamento e ao longo do desenvolvimento de um macroprojeto de pesquisa para a manutenção de participantes e taxa de respostas nas rodadas de estudo Delphi.

Desenvolvimento

Como parte da estratégia para manutenção dos participantes nas rodadas do estudo temos utilizado cinco táticas, algumas tomadas no planejamento outras no curso do estudo: (1) prévio dilatamento do cronograma, contemplando tempo de estudo para eventuais ampliações dos prazos em cada rodada; (2) início da primeira rodada antes do fechamento completo do grupo de especialistas; (3) controle de respostas e envio de lembretes periódicos através da plataforma SurveyMonkey® utilizado para coleta de dados; (4) negociação de prazos com cada participante, individualmente; (5) envio dos questionários por meios alternativos, que não a plataforma. Sobre a tática 1, de dilatamento do cronograma, foi decisão tomada já no planejamento. Com quatro rodadas o período necessário para coleta de dados seria de oito meses. Todavia, considerando as recomendações da literatura que mencionam as possibilidades de diminuição da taxa de resposta entre uma rodada e outra1, triplicamos esta estimativa, programando a coleta para 24 meses. Esta tática se mostrou fundamental, por duas razões: por nos permitir prolongar uma rodada em seu período inicial por duas ou três vezes e nos permitir atender a especificidade das áreas do conhecimento. Tendo em vista que o estudo contempla sete áreas e que estas áreas estão em rodadas distintas por conta das diferenças de retorno dos participantes, é possível que essa dilatação do cronograma nos permita ao final aproximar o cronograma das áreas e concluir o estudo a tempo, independente das especificidades e intempéries. Quanto a tática 2, de início da primeira rodada mesmo antes do fechamento do grupo, foi uma decisão tomada após o início do estudo, após a identificação de que a baixa taxa de respostas na primeira rodada de uma das áreas poderia se dever a demora inicial no fechamento do grupo de especialistas. Assim, nas demais áreas, decidimos que ao mesmo tempo em que completávamos o grupo já iniciaríamos a primeira rodada com os que manifestaram aceite. Esta é uma estratégia em avaliação, que acreditamos que impactará na manutenção do envolvimento dos participantes com o estudo, pois resultará numa dinâmica mais ágil de feedback. Sobre a tática 3, de controles de resposta e envio de lembretes, esta se mostrou uma tática importante para poupar tempo dos pesquisadores no gerenciamento do estudo. Com a adoção de plataforma de pesquisa tivemos acesso a recursos como identificação de abertura de e-mails, de respostas parciais, totais, programação de envios, abertura e fechamento de questionários, o que não nos resultou diretamente em maior número de retornos, mas resultou em maior agilidade, algo também importante para evitar a perda de participante a cada rodada. As táticas 4 e 5 foram também empregadas no decorrer do estudo. Por mais que a plataforma SurveyMonkey® tenha sido eficaz no gerenciamento dos envios, poupando tempo, a estratégia coletiva de envios nem sempre se mostrou eficaz. Assim, quando optamos por enviar e-mail pessoais, da conta do projeto de pesquisa, assinados por um pesquisador da equipe, obtivemos maior retorno de respostas e aparentemente maior compromisso dos que nos retornaram negociando prazo. Todos os que nos retornaram os e-mails individuais cumpriram o acordado. Comparando com outros estudos que utilizaram o método Delphi,4 a utilização da tática 4, pode gerar um baixo número de desistências dos participantes durante todas as etapas do estudo, considera-se que isso seja possível em consequência da relação desenvolvida entre pesquisador e participante5. Especificamente sobre a tática 5, entendemos que tenha sido particularmente benéfica para os participantes que tem dificuldades para uso de novas tecnologias. Disponibilizamos aos que solicitaram o mesmo questionário que estava na plataforma no formato de documento Word e obtivemos assim três retornos da primeira rodada. Esta estratégia beneficiou mais uma das áreas, em particular.

Considerações Finais

Há decisões metodológicas que o pesquisador pode tomar no desenho do projeto, que auxiliam na manutenção da validade dos resultados, porém uma significativa parcela das decisões que contribuem para a real efetivação desta validade é tomada no decorrer do estudo, logo, a capacidade de adaptação e flexibilidade metodológica é um aspecto caro ao pesquisador. Apesar de todas as investidas ainda estimamos perdas que variam nas áreas, por rodada, de 40% a 50%, sugerindo que há um limite claro para a intervenção do pesquisador que é a vontade afirmativa do participante de contribuir para com o estudo. Neste sentido, os elementos psicológicos de motivação a participação no estudo podem jogar papel preponderante e ser empregados nos cenários onde for possível.

Palavras Chave

Enfermagem; Método Misto; E-Delphi.

Area

Outros

Autores

Jouhanna do Carmo Menegaz, Geyse Aline Rodrigues Dias