Datos del trabajo


Título

SAÚDE E PROCESSOS EDUCATIVOS EM PRÁTICAS SOCIAIS EM UM TERRITÓRIO DE REMOÇÃO

Introdução

Megaeventos fizeram parte da realidade brasileira desde 2014: Copa do Mundo e Olimpíadas. Por detrás dos grandes espetáculos, o deslocamento de famílias de áreas estratégicas, seja pela localização, seja pela “limpeza visual” necessária ao turismo. Assim ocorreu em Porto Alegre, na Vila Dique, região localizada próxima a cabeceira do aeroporto e que, há 40 anos, foi ocupada por famílias que vinham do interior do estado. Becos insalubres, áreas alagadas, pessoas vivendo da coleta e separação de lixo faziam parte do cotidiano da Vila Dique que tinha na força das mulheres, a conquista de aparelhos sociais: padaria comunitária, galpão de separação de lixo, escola e unidade de saúde.
Com a remoção forçada para área mais periférica, a comunidade precisou se reinventar, recomeçar em novas lutas e garantias dos aparelhos sociais previamente conquistados. No novo território, as novas formas de se apropriar do território, garantindo estratégias de enfrentamento, adaptação, resistência e reconstituição da identidade de uma comunidade dividida pelas remoções e pela violência urbana do novo território.

Objetivos

Há seis anos o Projeto Memórias da Vila Dique conta, com os sujeitos, as histórias dessa comunidade. Histórias que apontam relações educativas que surgem dos movimentos de saída e chegada, reconhecimento e apropriação do território, não só com a criação de novos espaços (jardins, hortas, lazer), mas com o convívio e a troca. A forma como se estabelecem essas relações com o território vivido, com o direito à cidade, com os processos de resistência, resiliência, memória, poética e emoção é questão de investigação necessária enquanto denúncia, aprendizado e compreensão de realidades. Realidades de exclusão que superam a privação de direitos com criatividade e ternura. O campo se faz, aos poucos, em pesquisa que objetiva analisar as relações educativas que surgem das práticas sociais, das novas lutas por saúde e formas de apropriação do território, as estratégias de resistência e reconstituição de identidades. Para o artesanato da pesquisa, a busca de grupos específicos que representam luta e resistência e a construção da metodologia em conjunto, são processos fundamentais. A abordagem se dá em torno do espaço da cidade, sistematização de experiências, história oral e técnicas das metodologias participativas na perspectiva da justiça social.

Desenvolvimento

Estudantes de graduação e pós-graduação (nível de residência) se envolvem no trabalho, escutando histórias, fazendo registros orais e fotográficos, sistematizando as experiências vividas e compondo um material rico de análise em que os sujeitos participam constantemente em um processo de ida e vinda, trocas e escolhas. As reuniões semanais acontecem com todos os participantes: estudantes, profissionais e comunidade e todos interferem em todas as fases do projeto, desde o planejamento até a construção de roteiros, o cronograma.

Considerações Finais

A aproximação do campo enquanto trabalhadores da saúde que acompanham as trajetórias dos sujeitos, trazem aspectos e descobertas iniciais relevantes como os nomadismos e conflitos da luta por moradia, o direito à cidade, o direito à saúde, as culturas subalternas bem como a resiliência e a poética do cotidiano. As considerações nunca serão finais em se tratando de realidade tão diversa, no entanto, arriscamos dizer que este referido cotidiano, impregnado de lutas por aparelhos sociais, por embelezamento das ruas, por saúde e educação, é feito com cuidado por mãos femininas construtoras de utopias e amanhãs possíveis.

Palavras Chave

educação popular em saúde, direito á cidade, direito à moradia, justiça social, remoções urbanas

Area

Direitos, Justiça e Saúde

Autores

Maria Amélia Mano, Luiza Campos Menezes, Almerinda Argenta Gambin, Nara Vieira Ramos, Diego Oliveira, Julia Hoss, Julia Dalla Corte Vaz , Bianca Fantin Souza, Olívia Sorato Bezerra, Debora Cunha