Datos del trabajo


Título

DA ANSIEDADE DA ESPERA A COMPREENSAO DA ARTE COMO CUIDADO DE ENFERMAGEM: VIVENCIAS DE FAMILIAS DE CRIANÇAS EM PERIODO INTRAOPERATORIO

Introdução

A realização de procedimentos cirúrgicos, sejam eletivos ou de urgência, permeiam o cuidado à saúde oferecido nas diversas fases da vida do ser humano e a população infantil não fica fora desse cenário. Para a criança, é fundamental sentir-se segura no período perioperatório, sendo que a presença da família auxilia na redução do medo. O período intraoperatório ainda é pouco discutido na literatura, mas sabe-se que a família da criança pode apresentar comportamentos e reações diversas, relacionadas a fatores como ser a primeira cirurgia e a percepção de que as crianças são mais frágeis que os adultos, gerando ansiedade, angústia e preocupação. Diante da necessidade de hospitalização, a família da criança que será submetida a algum procedimento cirúrgico vivencia o estresse desencadeado pelo afastamento do lar e dos outros familiares, além do medo do insucesso da cirurgia e, consequentemente, da morte da criança. Considerando as particularidades do período intraoperatório e a necessidade da família manter-se distante da criança, o desenvolvimento de técnicas de alívio de estresse pode ser compreendido como cuidado de enfermagem à família. O cuidado centrado na família consiste em incluí-la nos cuidados prestados, e não apenas percebê-la como fonte de cuidado e informação sobre a criança. Para tal, cabe ao enfermeiro intervir para a redução da ansiedade e do estresse, promovendo autonomia para que a própria família encontre estratégias de alívio, como também oferecendo intervenções alternativas. A terapia pela arte tem a capacidade de, por meio de símbolos, imagens e desenvolvimento de material criativo, produzir sentimentos positivos, proporcionando alívio nos pacientes e em suas famílias. Além disso, é possível evidenciar que sensações negativas como medo e ansiedade são amenizadas com o uso desta intervenção. Sendo assim, cabe a equipe de enfermagem garantir o menor sofrimento possível, intervindo em aspectos emocionais, sociais e espirituais, subsidiado pelo conceito de cuidado holístico e a intervenção com arte é uma possibilidade.

Objetivos

Compreender as vivências de famílias de crianças em período intraoperatório mediadas por oficina de biscuit.

Método

Pesquisa qualitativa, modalidade fenomenológica - análise do fenômeno situado, segundo Martins e Bicudo. Trata-se de um estudo realizado em dois serviços de enfermagem – Centro Cirúrgico e Enfermagem Pediátrica – de um hospital público, de ensino, localizado no interior do estado de São Paulo, com 13 famílias de crianças em período intraoperatório. As oficinas de biscuit aconteceram na Sala da Família do Centro Cirúrgico, local onde famílias de pacientes submetidos à cirurgia aguardam o procedimento e as entrevistas fenomenológicas foram realizadas nas unidades de internação pediátrica e de terapia intensiva pediátrica no dia posterior ao procedimento cirúrgico. Inicialmente, as famílias que aguardavam a realização das cirurgias dos seus filhos foram convidadas a participar de uma oficina de biscuit com temática livre. Neste momento, foram oferecidas peças cúbicas de massa de biscuit nas cores amarela, bege, branca, laranja, lilás, preta, vermelha, sendo que as cores azul, rosa e verde tinham a opção de duas tonalidades. Além da massa de biscuit, estavam disponíveis rolo para abrir massa, palitos de dente e de sorvete. Nesta ocasião, o pesquisador principal orientou as famílias participantes a respeito da irrestrita manipulação das massas e dos objetos. Durante a oficina, as manifestações dos participantes foram anotadas em diário de campo. Posteriormente a oficina, as famílias foram convidadas a discursarem sobre suas experiências a partir das questões norteadoras: “Como você se sentiu durante a espera do seu(sua) filho(a)? E como foi para você fazer uma Oficina de Biscuit neste momento?” As entrevistas foram gravadas em áudio digital e transcritas na integra. Foi garantido às famílias o sigilo em relação à identidade.

Resultados

Foi possível desvelar as percepções das famílias por meio de três categorias temáticas: 1. Durante o procedimento cirúrgico - vivenciando momentos difíceis; 2. Além do procedimento cirúrgico - vivenciando novos sentimentos durante a oficina de biscuit; 3. Compreendendo a oficina de biscuit como um modo de cuidado à família. As famílias revelaram que o período intraoperatório é o mais crítico, desde a entrega da criança à equipe cirúrgica até o término da cirurgia, além de ser repleto de expectativas sobre o sucesso e/ou insucesso da cirurgia. No entanto, ao participarem da oficina de biscuit, as famílias perceberam novos sentimentos, como calma, tranquilidade e relaxamento. Além disso, relataram que a atividade artística facilitou a espera do término da cirurgia, pois promoveu distração e troca de experiências entre as famílias. Assim, a oficina de biscuit, durante o período intraoperatório, foi considerada um modo de cuidado à família e o reconhecimento desse cuidado mobilizou sentimento de gratidão nas famílias.

Considerações Finais

A oficina de biscuit possibilitou a manifestação de sentimentos positivos nas famílias, como calma, tranquilidade e relaxamento, além do reconhecimento desta intervenção como um cuidado de enfermagem à família, o que alude que enfermeiros utilizem estratégias para além do cuidado técnico. Sugere-se a realização de novos estudos nesta temática, ampliando os conhecimentos acerca da promoção de intervenções artísticas com famílias, não apenas no período intraoperatório, favorecendo o cuidado centrado na família.

Palavras Chave

Terapia pela arte; Família; Enfermagem de centro cirúrgico; Enfermagem pediátrica.


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Area

Saúde da Criança

Instituciones

UNICAMP - São Paulo - Brasil

Autores

Edgar Amatuzzi, Marcela Astolphi Souza, Luciana Lione Melo