Datos del trabajo


Título

Prática educativa em saúde com pessoas que vivem com anemia falciforme: uma reflexão teórico-metodológica

Introdução

Trata-se de um estudo de reflexão teórico-metodológica sobre a prática educativa desenvolvida pelo enfermeiro com pessoas que vivem com Anemia Falciforme (AF), por meio de ações que visam melhorar a qualidade de vida desse grupo populacional específico. As hemoglobinopatias constituem o distúrbio genético de maior frequência nos seres humanos, sendo a doença falciforme (DF), com destaque para a anemia falciforme (AF), a de maior impacto clínico, social e epidemiológico. A AF é uma doença crônica e grave, considerada doença hereditária monogênica mais comum no país. Base de dados produzidos pelo Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), revela que, a cada mil crianças nascidas vivas no país, uma tem a doença falciforme, estimando-se o nascimento de cerca de 3.000 crianças por ano com doença falciforme e de 180.000 com traço falciforme. Esses dados vêm ao encontro com o alto índice de pessoas que necessitam de informações sobre como lidar com essa doença crônica e hereditária.

Objetivos

Refletir sobre a importância da prática educativa em saúde desenvolvida pelos enfermeiros com pessoas que vivem com AF.

Desenvolvimento

Estudo de reflexão, à luz dos estudos encontrados na literatura brasileira e latinoamericana, consultados nas bases de dados a partir de pesquisa realizada acerca da temática por meio de levantamento de dados por via eletrônica nas seguintes bases virtuais: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Medical LiteratureAnalysisandRetrieval System On-line (MEDLINE), BDENF, Web of Science, pelo portal periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), leitura de livros, dissertações, teses e por meio de consulta a legislação nacional, tendo como recorte temporal o período de 2012 a 2017. Foram encontrados 23 artigos, sendo 20 disponíveis, foram excluídos 04 artigos repetidos e 09 que não abordavam diretamente a temática. Os 07 artigos disponíveis foram selecionados para leitura na íntegra e posterior discussão reflexiva teórico-metodológico. Todos os estudos relatam a importância das práticas educativas em saúde e observa-se o uso restrito de estratégias educativas pelos enfermeiros. Estima-se que existam de 20 a 30 mil brasileiros que vivem com DF e, segundo a coordenação da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme do Ministério da Saúde, trata-se de um problema que requer medidas de saúde pública. A DF possui alta prevalência em nosso país e o impacto da orientação genética e do cuidado é comprovadamente um marco na sobrevida e na expectativa de vida dessas pessoas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o acompanhamento de pessoas que vivem com doença falciforme seja feito nas unidades básicas de saúde, inseridos em programas que utilizem tecnologias simples e que englobem ações de educação em saúde, detecção de risco genético na comunidade, aconselhamento genético e imunização. Na enfermagem, a produção teórica sobre o cuidado de pessoas que vivem com AF, encontra-se insuficiente, levando a uma prática assistencial muitas vezes sem sustentação teórica. A AF e suas complicações clínicas têm níveis hierarquizados de complexidade, num contínuo entre períodos de bem-estar ao de urgência e emergência. Sabe-se que na pessoa com DF a dor faz parte constante da evolução da doença e é a causa de múltiplas internações ao longo de vida dessas pessoas. A crise aguda de dor ou crise álgica manifesta-se comumente a partir dos 24 meses de vida e é responsável pela maioria dos casos de atendimento de emergência e hospitalização, assim como pela má qualidade de vida dos pacientes acometidos e, internações frequentes resultam em elevada mortalidade. O tratamento, como uma patologia crônica, é progressivo e envolve o atendimento de uma equipe multidisciplinar, consultas médicas e de enfermagem periódicas, exames laboratoriais de rotina, indicação de terapêutica transfusional e/ou uso de medicações excepcionais. Nesse sentido, constata-se que a literatura existente no Brasil fornece pouca informação acerca dos cuidados de enfermagem para pessoas com AF. Apesar da alta prevalência da doença e da procura constante dessas pessoas aos serviços de saúde, existe pouco conhecimento das práticas de cuidado de enfermagem à pessoas com AF, bem como sobre a avaliação do trabalho do enfermeiro nesta área. Tem-se então uma lacuna do conhecimento, tanto sobre a pessoa que vive com AF e sua família que vivenciam o adoecimento, quanto sobre a atenção profissional e a efetividade das políticas públicas de saúde direcionadas a este grupo.

Considerações Finais

A prática educativa desenvolvida pelos enfermeiros apresenta como meta apenas o alívio da dor. O profissional enfermeiro deve conhecer a fisiologia da dor, visando à implementação de práticas educativas com essas pessoas, identificando e prevenindo crises álgicas para reduzir complica¬ções, bem como incentivando ações para o autocui-dado. Assim, a implementação de ações educativas desenvolvidas pelos enfermeiros com pessoas que vivem com AF, resultaria na melhoria da qualidade de vida dessa clientela. A sistematização de práticas educativas poderá contribuir para uma maior adesão ao tratamento. Conclui-se que existe uma necessidade urgente de melhorar a formação dos enfermeiros, que possuem um papel fundamental em ações de promoção da saúde/educação em saúde, voltadas para o autocuidado, dinamizando assim a qualidade de vida desta população específica. Ainda que apresente alta taxa de morbimortalidade, as complicações clínicas da DF podem ser prevenidas desde que haja um acompanhamento clínico integral e eficaz, como, ações de tratamento, prevenção e promoção à saúde nos três níveis de atenção. Entretanto, para o sucesso dessas ações é imprescindível que haja resolutividade na rede de atenção à saúde, além da articulação entre as instituições que compõem essa rede. Muito já se caminhou ao longo dos últimos anos para um melhor atendimento à pessoa com DF, entretanto, ainda restam muitos desafios, como a superação das deficiências estruturais da rede, aprimoramento dos profissionais habilitados no atendimento descentralizado e atuação efetiva em determinantes sociais dessa população específica.

Palavras Chave

Promoção da Saúde; Prática Educativa; Educação em Saúde; Anemia Falciforme; Enfermagem.

Area

Saúde e populações vulneráveis

Autores

Rafael Gravina Fortini, Vera Maria Sabóia, Antônio Milton Oliveira Ferreira, Denildo de Freitas Gomes