Datos del trabajo


Título

ESTRATEGIAS DAS PESSOAS PARA (CON)VIVER COM A DEFICIENCIA FISICA ADQUIRIDA, A PARTIR DE SUAS HISTORIAS DE VIDA.

Introdução

A definição de deficiência física e das próprias pessoas que as possuem, passaram por muitas mudanças tanto no que tange a definição, quanto ao contexto social. Essas pessoas por muito tempo foram denominadas como inválidas, incapazes; posteriormente, passaram a ser chamados de “defeituosos”, atribuindo o significado de “indivíduos com deformidade”, depois chamou-se de “pessoas portadoras de deficiência” o que denota caráter de possuir a doença, de que o foco, infelizmente, ainda está na deficiência em si e não na pessoa, no ser humano. Após a Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência/ONU, os documentos oficiais, as produções científicas passaram a utilizar o termo “pessoa com deficiência” por compreender que a condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa. Tal nomenclatura traz o empoderamento e autonomia do poder pessoal para fazer escolhas e assumir o controle da situação de cada um, de acordo com suas crenças. No Brasil, a sociedade pouco sabe das necessidades e dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência física e por seus familiares, sobretudo no que diz respeito à ótica das próprias pessoas com a deficiência, que necessitam passar por programas e serviços voltados a sua nova condição de vida, que enfrentam dificuldades de acesso, locomoção, e que se não bastasse, têm de lidar com todo estigma, preconceito. Ao nos remetermos a história de vida destas pessoas, podemos observar o quanto suas historias influenciaram/influenciam nos modos, nas estratégias desenvolvidas e/ou adaptadas para (con)viver com a DF adquirida. É deste modo, que buscamos dar voz a esses sujeitos instigando-os a expor as dificuldades, os desafios, os enfrentamentos diante de sua nova condição de vida, assim como o modo pelos quais percebem como está a organização dos serviços, o contexto social, politico, cultural voltados as pessoas com deficiência física.

Objetivos

Conhecer as estratégias de vida desenvolvidas pelas pessoas com deficiência física adquirida, a partir de suas Histórias de Vida.

Método

Trata-se de uma pesquisa sócio histórica com abordagem qualitativa, em que se utilizou da História de Vida para coleta de dados junto as pessoas com DF adquirida. Os critérios de inclusão foram adultos que adquiriram a deficiência física do tipo: Paraplegia, Paraparesia, Monoplegia, Monoparesia, Tetraplegia, Hemiplegia, Hemiparesia e amputação, ao longo de sua vida e (con)vivem com a mesma, por no mínimo cinco anos, residentes no municipio de Florianópolis/Santa Catarina, com condições de fornecer depoimentos por entrevista e que tinham interesse em participar da pesquisa. A coleta de dados ocorreu no período de abril a agosto de 2014, por meio de entrevistas semi-estruturadas com 08 pessoas com DF adquirida, selecionados com base nos critérios de inclusão e a partir de uma lista nominal fornecida pela Associação Florianopolitana de Deficientes fisicos (AFLODEF). Após o processo de coleta de dados, procurou-se identificar estruturas de relevância e realizar o re-agrupamento por temas, conforme a análise temática de Minayo(2012), na qual emergiram tais categorias: - Enfrentamento diante da nova situação; - Reabilitação: estruturação da rede; - Como me vejo hoje? O que mudou? O que posso fazer?. A Pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina e aprovada, mediante o Parecer n° 03932812.2.0000.0121. Para garantir o anonimato, os sujeitos foram identificados por letras e números, conforme ordem das entrevistas.

Resultados

Na categoria enfrentamento diante da nova situação há de se destacar que as pessoas que vivenciam esse contexto da DF adquirida, deparam-se com uma condição completamente desconhecida, muitas vezes graves e incapacitantes por um longo período de tempo, ou para o restante da vida, o que implica na auto-imagem, no reconhecimento da nova condição física, na relação com as pessoas que a cercam, numa relação de múltiplas determinações para o enfrentamento da nova vida. No que concerne a reabilitação: estruturação da rede, infelizmente os serviços apresentam-se falhos, não completos, sobretudo no que diz respeito ao agendamento das sessões de fisioterapia, ao difícil deslocamento até o serviço de reabilitação, a demora e até mesmo a falta de cadeira de roda, de prótese para os casos de amputação, entre outros. Ademais, no processo de reabilitação é de fundamental importância profissionais da saúde capacitados, engajados que apoie a pessoa com DF adquirida e sua família no enfrentamento de sua nova condição de vida, no desejo de seguí-lá em frente, com as novas limitações e perspectivas. A categoria Como me vejo hoje? O que mudou? O que posso fazer? traz o quanto a deficiencia, adquirida em algum momento da sua vida, trouxe muitas mudanças, dentre as quais inclui o olhar que o sujeito formula sobre si mesmo, ou seja, como ele se percebe após a DF adquirida, constituindo para si uma “nova identidade”, sendo esta elaboração influenciada por sua História de Vida, pelas experiências e reações manifestadas por fatores internos (estruturas psíquicas, padrões de comportamento prévios à lesão, características e traços pessoais), assim como por fatores externos (condições socioeconômicas, políticos, culturais, escolaridade, entre outros). Há de destacar nos relatos dos sujeitos a menção de superação, persistência, foco, aceitação como o caminho para (con)viver com a DF adquirida, de que não existe o que não se possa fazer, existem limitações, e o mais importante é a busca por estratégias para superá-las.

Considerações Finais

Este estudo trouxe à tona um pouco de como vive a pessoa com DF adquirida, quais as estratégias, os modos para (con)viver com sua nova condição, e o quanto suas história de vida influenciam/influenciaram neste processo. Pois, as consequências geradas por uma DF adquirida em qualquer fase da vida trazem repercussões de ordem biopsicossociais, e neste sentido, compete aos profissionais de saúde praticar o acolhimento e escuta ativa das demandas dessas pessoas, assim como atuar como agentes de propulsão e orientação nas lutas em busca de melhor qualidade de vida. Ao gestor social e da saúde compete a viabilização de políticas públicas acessíveis a esse grupo populacional, que ao perder a autônima e liberdade, perde, também, a cidadania.

Palavras Chave

Pessoas com deficiência física; Estratégias de enfrentamento; Enfermagem em reabilitação; História.

Area

Deficiência, Inclusão e Acessibilidade

Autores

MARIANA VIEIRA VILLARINHO, Aline Coelho Ferreira, Maria Itayra Padilha