Datos del trabajo


Título

AS TECNOLOGIAS LEVES DE CUIDADO NO ACOMPANHAMENTO A CRIANÇA DE 0 A 5 ANOS

Introdução

Vivemos em um tempo com constantes inovações tecnológicas, de forma radical e incremental1, diante disso, observa-se que o setor saúde vem acompanhando esse crescimento, fazendo grandes investimentos e tencionando cada vez mais o surgimento de novas tecnologias ou melhorias dos produtos relacionados. As tecnologias não se configuram apenas em produtos materiais e equipamentos, compreendem também a produção de tecnologias de caráter imaterial, que são as tecnologias de organização, de processo do trabalho, de relação de trabalho1. No campo da saúde, tem-se as tecnologias do trabalho em saúde, de natureza imaterial, direcionada no trabalho vivo em ato (quando envolve o profissional e usuário), ligados as tecnologias do cuidado: leves, leve-duras e duras2. No processo de trabalho do enfermeiro considera-se necessária a utilização de tecnologias do cuidado compreendidas como instrumentos de intervenções, como equipamentos, métodos, processo e conhecimento, que são utilizados para solucionar os problemas de saúde dos indivíduos ou populações3. Na enfermagem, há um predomínio da utilização das tecnologias leves e leves-duras, especialmente nas práticas assistências da Atenção Primária a Saúde (APS). Em vista disso, pretende-se enfatizar a utilização das tecnologias leves nas práxis da enfermagem, entendidas também como tecnologias relacionais, que propiciam vínculo, comunicação, possibilitam o acesso e responsabilização, gestão do serviço, acolhimento humanizado e reconhecem o usuário na sua autonomia e como sujeito atuante na busca à saúde3.

Objetivos

Identificar que tecnologias do cuidado estão descritas na literatura para o acompanhamento da saúde da criança de zero a cinco anos de idade na APS.

Método

Trata-se de um recorte de uma revisão integrativa da literatura, que faz parte do projeto de pesquisa intitulado “Estratégias para a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) no cuidado à mulher e à criança na perspectiva da teoria Transcultural de Madeleine Leininger”. Para a seleção dos artigos, utilizou-se como ferramenta de busca de dados a internet, as pesquisas foram realizadas nas bases de dados da BVS, PubMed e no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES. Os critérios para inclusão dos estudos foram: trabalhos publicados no formato de artigos científicos (artigos originais, revisões integrativas e sistematizadas, ensaios teóricos e reflexões); teses e dissertações disponíveis no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES; trabalhos que abordassem o tema no título, resumo ou palavras-chave; trabalhos nos idiomas: inglês, português, espanhol; período: 2009-2017 para artigos científicos e 2012-2017 para teses e dissertações; trabalhos disponíveis online, na forma completa. Os Descritores das Ciências da Saúde utilizados foram: Criança; Processo de Enfermagem; Consulta de Enfermagem; Teoria de Enfermagem; Cuidado de enfermagem; Atenção Primária à Saúde; Tecnologias em Saúde; Enfermagem. No cruzamento dos descritores utilizou-se o operador booleano AND, a busca foi realizada em dezembro de 2017.

Resultados

A partir da aplicação dos critérios de inclusão/exclusão e leitura na íntegra, foram selecionados 25 artigos, 13 dissertações e quatro teses, percebeu-se a primazia de estudos qualitativos (26). Identificou-se nesta revisão, que o enfermeiro é o profissional da APS que mais utiliza tecnologias leves e leve-duras no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Nos estudos, encontrou-se as seguintes tecnologias leves: acolhimento, geração de vínculo, comunicação, confiança, visita domiciliar, respeito e reconhecimento dos saberes do paciente e de sua cultura. O acolhimento além de ser uma tecnologia do cuidado, também é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), que objetiva alcançar a integralidade e a humanização no cuidado, por meio do diálogo, da corresponsabilidade, da criação de vínculo, da escuta ativa e qualificada3. O vínculo entre o profissional-criança-família é estabelecido com uso do cuidado empático, solidário e terapêutico, mediante o compartilhamento dos saberes e práticas resolutivas às necessidades da criança, que consequentemente, irá fortalecer esta relação. O compartilhamento dos saberes e das práticas é realizado por meio da comunicação, fundamental na interação profissional, criança e família, e na realização de ações de promoção, prevenção e tratamento durante o acompanhamento infantil. Neste contexto de compartilhamento, é fundamental respeitar, reconhecer e valorizar os saberes da família e sua cultura nos planos de cuidado, visto que é determinante para a adesão e seguimento do cuidado. Uma estratégia que permite o reconhecimento da cultura, hábitos, crenças e do cotidiano da família é a visita domiciliar, que também permite identificar os cuidados realizados e as necessidades da família, assim viabiliza a elaboração dos cuidados individualizados e condizentes com o contexto e favorece a aproximação do enfermeiro com a família. É importante que o contato da criança com o serviço de saúde seja precoce, para estabelecer vínculos e realizar o acompanhamento, que é fundamental para prevenir e minimizar agravos principalmente no período inicial da vida, que é marcado pelas mudanças do processo de crescimento e desenvolvimento4. Durante o cuidado o enfermeiro pode utilizar das tecnologias leves, já abordadas, e de estratégias como o brinquedo terapêutico, que permite que o aprendizado se concretize pela brincadeira5, fazer uso na prática profissional irá facilitar e reforçar o cuidado.

Considerações Finais

Conclui-se que as tecnologias leves são fundamentais para a resolutividade do cuidado, e consequentemente a APS; são imprescindíveis na relação do profissional com a criança e família. Percebe-se que o uso delas permite uma maior interação do profissional com criança, e o mesmo pode utilizar do brincar como instrumento para se concretizar a prática e efetivar o cuidado, de forma a atender as necessidades de saúde do infantil.


Referências:
1. Lorenzetti J, Trindade LL, Pires DEP, Ramos FRS. Tecnologia, inovação tecnológica e saúde: uma reflexão necessária. Texto Contexto Enferm. 2012 Abr-Jun; 21(2):432-9.
2. Franco TB, Merhy EE. Cartografias do Trabalho e Cuidado em Saúde. Revista Tempus Actas de Saúde Coletiva. 2012 abr.; 6(2):151-163.
3. Santos ZMSA, Frota MA, Martins ABT. Tecnologias em saúde: da abordagem teórica a construção e aplicação no cenário do cuidado [online]. Fortaleza: EdUECE; 2016.
4. Reichert APS, Almeida AB, Souza LC, Silva MEA, Collet N. Vigilância do crescimento infantil: conhecimento e práticas de enfermeiros da atenção primária à saúde. Ver Rene. 2012; 13(1):114-26.
5. Leite TMC, Franchini SG, Ferreira MFGA, Silva EM. Brinquedo terapêutico na educação infantil: um aliado indispensável. Rev. Soc. Bras. Enferm. Ped. 2012 dez.; 12(2):107-12.

Palavras Chave

Atenção Primária à Saúde; Cuidados de Enfermagem; Criança.

Area

Saúde da Criança

Autores

Dara Montag Portaluppi, Cheila Karei Siega, Ingrid Pujol Hanzen, Elisangela Argenta Zanatta