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Título

OBSTÁCULOS QUE DESAFIAM A GESTÃO DO CUIDADO NO SISTEMA DE SAÚDE

Introdução

As práticas de gestão do cuidado a saúde vem sendo delineadas como um novo paradigma na organização da rede de atenção à saúde, sustentadas por um arcabouço teórico-científico com capacidade de mediar as complexas relações das necessidades demandadas pelos usuários deste sistema. O grande desafio abarca o planejar, executar e avaliar o modelo de gestão do cuidado a saúde adotado ou preterido, uma vez que, as intervenções necessárias na saúde, dependem da construção das relações interpessoais, profissionais, da configuração das redes e, de um sistema estruturado, reconhecendo que o modelo de gestão, é construído a partir das conexões e vinculações entre os atores envolvidos em todo o processo.1 Nesta perspectiva, torna-se fundamental fomentar ações intersetoriais e estimulando a participação da comunidade, buscando tornar o sistema de saúde mais resolutivo e acolhedor as demandas da população.2

Objetivos

Compreender as relações dos significados atribuídos pelos profissionais da enfermagem a gestão do cuidado da saúde, no contexto da organização do sistema de saúde.

Método

A metodologia adotada sustenta-se na abordagem qualitativa, apoiada no referencial metodológico Grounded Theory,3 abarcando 20 participantes. A coleta de dados ocorreu de maio a julho de 2015, em três municípios do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, com profissionais que atuavam exclusivamente na atenção básica. O primeiro grupo amostral foi formado por 11 enfermeiros, o segundo grupo amostral, formado por 05 técnicos em enfermagem, e o terceiro grupo, constituído por 04 coordenadores de enfermagem. As análises dos dados foram realizadas por meio dos processos de codificação aberta, axial e seletiva, como demanda a Grounded Theory.3 Todos os preceitos éticos foram respeitados, sendo a pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria, sob o Parecer nº 1.060.312. Este resumo é um recorte dos resultados emergidos do Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Enfermagem, discorrendo sobre a categoria intitulada “Obstáculos na estrutura organizativa das ESF: interfaces com a carência de recursos”.

Resultados

Os recursos físicos, humanos e financeiros interferem diretamente nas ações estruturais e locais do sistema de saúde, comprometendo a estratégia organizacional da atenção básica e consequentemente a qualidade do desenvolvimento do exercício dos profissionais envolvidos. Nesse cenário, os gestores das ESF tem improvisado mecanismos para suprir a carência de estruturas básicas fundamentais, na tentativa de manutenção dos serviços essenciais à população, sem prejuízo na qualidade. Esses arranjos organizativos, podem comprometem os resultados das ações desenvolvidas por profissionais, bem como, dirimir os vínculos entre as ESF e as famílias.4 Essa realidade pode estar associada a cobertura integral de saúde por ESF, visto que muitos municípios não apresentam 100%, havendo invariavelmente um nicho populacional à mercê da atenção à saúde. Essa lacuna na assistência à saúde, rompe com o modelo preconizado pela ESF e pela política de promoção a saúde, forçando ou direcionando os gestores na adoção de medidas que descaracterizam as estruturas de gestão a saúde de qualidade.4 A partir de uma gestão qualificada que se pode traçar objetivos concretos, que direcionam as ações de forma eficiente e efetiva. No entanto, a falta de recursos gera comprometimento na condução harmônica do sistema de saúde, influenciando nas prioridades planejadas nas estratégias e ações em saúde, fazendo com que os gestores de unidades das ESF repensem a sistemática da gestão do cuidado no seu território.5 A gestão dos recursos é parte da responsabilidade dos gestores do cuidado a saúde, dessa forma, é importante o profissional da enfermagem conhecer os trâmites administrativos e burocráticos que perpassam o sistema de saúde. Por meio do conhecimento dos processos, o profissional potencializará suas estratégias e ações na atenção à saúde, planejando, executando e avaliando a organização da gestão do cuidado.2,6,7

Considerações Finais

Visualiza-se que os “nós” na rede de atenção à saúde estão centralizados na organização do sistema, entrelaçado na capilaridade dos setores estruturantes, gerando um sobejo de ações distantes dos princípios e diretrizes do SUS. Mesmo os desafios serem desmedidos, entende-se que as dificuldades podem ser consideradas propulsores de mudanças, por meio de estratégias e ações de gestão planejada, de acordo com a realidade dos territórios, pensadas e executada pelos atores envolvidos. Torna-se essencial que os profissionais de enfermagem, vislumbrem a necessidade de abandonar o papel de coadjuvantes no processo de gestão do cuidado, tornando-se protagonistas, impulsionando e potencializando a inserção de mudanças de forma organizada no sistema de saúde, possibilitando maior aproximação aos princípios e diretrizes do SUS.

Palavras Chave

REFERÊNCIAS
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Area

Gestão de Serviços de Saúde

Instituciones

Universidade Federal de Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Isabel Cristine Oliveira, Rafael Marcelo Soder, Carmem Lúcia Colomé Beck, Caroline Medeiros, Ivania Mundstock. , Elisa Rucks Megier, Bruna Marta Kleinert Halberstadt