Datos del trabajo


Título

REPRESENTAÇOES SOCIAIS DAS PESSOAS COM DIABETES MELLITUS TIPO 2: E SUAS IMPLICAÇOES NO CONTROLE GLICEMICO

Introdução

O diabetes mellitus tipo 2 (DM 2) é uma doença crônica caracterizada por níveis de insulina inadequados tendo como resultado a hiperglicemia. Para reduzir os níveis glicêmicos e evitar as complicações da doença, são adotadas práticas de autocuidado como alimentação saudável, exercícios físicos e uso de medicamentos. O autocuidado não é tarefa fácil para a maioria das pessoas com DM 2. Ao descobrirem a doença, elas experimentam rupturas na sua identidade e nos comportamentos adotados antes da doença. A identificação dos aspectos limitantes e da forma singular como as pessoas articulam aspectos diferentes que se interagem na produção do autocuidado e no controle glicêmico, é favorecida pelo conhecimento da subjetividade e dos significados por elas atribuídos à doença. Uma das formas de se aprofundar o conhecimento da visão subjetiva da pessoa com DM 2 é buscar suas representações sociais. As representações sociais oferecem as estruturas cognitivas relativamente estáveis que contribuem para a definição da identidade. Nessa ótica, podem ser compreendidas como representações identitárias, fenômeno dinâmico composto pelas representações de si-mesmo e representações dos grupos. Outra forma de se aprofundar o conhecimento da visão subjetiva das pessoas com DM 2 é buscar as representações sociais relativas a objetos de seu entorno, como a alimentação.

Objetivos

Analisar a relação entre representações identitárias, representações sociais da alimentação dos usuários com DM2 e suas implicações no controle glicêmico.

Método

Essa pesquisa qualitativa foi desenvolvida em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Belo Horizonte/Brasil. Os usuários com diagnóstico de DM 2, levantados dos registros da UBS fizeram parte da amostra e foram excluídos aqueles com complicações crônicas da doença. Os participantes que aceitaram participar foram 23 do sexo feminino, com idade variando de 53 a 80 anos e 11 do sexo masculino, com 40 a 76 anos. Os 34 usuários participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, aprovado pelos Comitês de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais e da Secretaria Municipal da Saúde da Prefeitura de Belo Horizonte/Brasil. Os dados sociodemográficos, clínicos, antropométricos e bioquímicos dos usuários com DM2 foram coletados. Para os dados qualitativos utilizou-se a técnica da associação livre de palavras com justificativas de questões referentes à identidade e alimentação. Os discursos foram gravados, transcritos, categorizados e interpretados pela técnica da análise do conteúdo temático-categorial. As teorias da representação social e da representação identitária e os processos identitários foram empregadas como referencial teórico. Para analisar a relação entre as representações identitárias e o controle glicêmico utilizaram-se os valores da hemoglobina glicada (HbA1c).

Resultados

As interações mediadas pelos processos identitários, comparação social, atribuição social e categorização, além da objetivação e ancoragem, proporcionaram a construção social das representações identitárias normal, aceitar a doença, ter uma vida com dificuldades e ser inconformado. Os normais convivem com a doença de forma positiva, fazendo adaptações necessárias no cotidiano para aderir ao tratamento. Os que aceitam a doença esperam dos profissionais da saúde, a condução do tratamento e, de Deus, a cura do DM2, atitudes de não responsabilização pela saúde. Os inconformados elaboram a doença como uma imagem de perigo e de risco, pautando-se em atitudes desfavoráveis e negativas. Os participantes que tem dificudades se deparam com entraves ao se cuidarem culminando em sentimentos e atitudes negativas sobre a doença. As categorias das representações sociais da alimentação levantadas foram: comer saudável (3 participantes), comer verduras e frutas (7 participantes), comer pouco (4 participantes), desviar dos doces (5 participantes), não comer de tudo (7 participantes), não comer muito (6 participantes) e não seguir a dieta (2 participantes). Em relação aos valores médios da HbA1c dos participantes verifica-se que somente a dos normais encontram-se na faixa recomendada (≤ 7%), aqueles que julgam aceitar a doença, os que têm dificuldade e os inconformados possuem os valores acima do preconizado (≥ 7%). Ressalta-se que as diferenças das médias entre os grupos são estatisticamente significativas (p≤0,05). Os participantes normais declaram comer saudável, comer pouco, comer verduras e legumes e desviar dos doces. Esses usuários possuem práticas alimentares que contribuem para a glicemia normal. Não comer muito, não comer de tudo e desviar dos doces é a maneira como os participantes que aceitam a doença representam sua alimentação. Eles possuem práticas alimentares inadequadas que levam ao descontrole glicêmico. Os participantes com dificuldades representam a alimentação em não comer de tudo, não comer muito, não seguir a dieta e comer verduras e frutas e possuem práticas alimentares não saudáveis que resultam no descontrole glicêmico. Os inconformados relatam não comer muito, não comer de tudo e comer verduras e frutas e possuem práticas alimentares não saudáveis que levam ao descontrole glicêmico. Admite-se que os participantes dos diferentes grupos – normal, aceitar a doença, ter dificuldades e inconformado - no convívio com a doença, construíram sentidos subjetivos distintos para (re)conhecer ou não a si próprios como pertencentes a este novo grupo de “diabéticos”, aceitar ou não a doença e, até mesmo, (re)criar ou não as práticas de alimentação prescritas para a pessoa com esta enfermidade. É especificamente essa capacidade de construir novos sentidos subjetivos, novas representações, por meio de novas emoções e expressões simbólicas, que permitirá a cada um desses sujeitos novas opções de vida diante das novas situações.

Considerações Finais

As representações identitárias e as representações sociais da alimentação produzem práticas alimentares saudáveis ou não que contribuem para o controle ou o descontrole glicêmico dos participantes. Assim os obstáculos enfrentados pelos participantes que julgam aceitar a doença, pensam ser inconformados e tem dificuldades ao colocarem em prática o autocuidado, devem ser avaliados pela equipe que atua na atenção primária à saúde, superando a lógica biomédica.

Palavras Chave

Diabetes Mellitus Tipo 2. Representações sociais. Atenção Primária à Saúde.

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Instituciones

Centro Universitário Una - Minas Gerais - Brasil, Universidade Aberta de Lisboa - - Portugal

Autores

Maria Marta Amancio Amorim, Maria Natália Ramos