Datos del trabajo


Título

COMUNICAÇÃO DA NOTICIA DE MORTE E SUPORTE AO LUTO DE MULHERES QUE PERDERAM FILHOS RECÉM-NASCIDOS

Introdução

A perda de um filho é uma experiência de sofrimento intensa, que expõe o ser humano à própria impotência.1 Esta questão fica ainda mais evidente quando ocorre no período neonatal, pois implica em um tipo muito particular de luto, lento e doloroso, que envolve aspectos individuais dos pais e suas dinâmicas de relacionamento no enfrentamento dessa situação.2 Os pais que passam por esta experiência vivem um momento de crise e precisam adaptar-se à nova situação, sendo de fundamental importância que tenham liberdade para viver e expressar o seu pesar e luto e que recebam suporte da equipe de saúde que lhes acompanha.3 O luto tem um papel social,4,5 porém, no caso da morte de recém-nascidos, o silêncio, muito comum por parte das pessoas que estão ao redor das famílias enlutadas, pode dar uma conotação de que a morte de um bebê não é considerada significante, afinal, “ele” não foi apresentado socialmente.6 Neste sentido, há uma invisibilidade social dessa morte, para a qual os profissionais devem estar atentos no sentido de não reproduzir.7 Assim, fica evidente a importância de os serviços de saúde fornecerem um apoio sensível às famílias que perderam seus bebês precocemente,7 cuidando não apenas da comunicação da morte, mas também de ofertar apoio à mulher e à família.

Objetivos

Analisar a comunicação da morte do filho e o apoio ao luto de mulheres no período puerperal.

Método

Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, realizada em uma capital do Nordeste. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 15 mulheres cujos recém-nascidos faleceram entre julho de 2012 e julho de 2014. As entrevistas abordaram questões abertas acerca da morte do filho e do processo de luto e foram gravadas e posteriormente transcritas. Foi realizada Análise de Conteúdo na modalidade temática, seguindo os passos de pré-análise, categorização e interpretação. A identidade das mulheres foi mantida no anonimato.

Resultados

As mulheres tinham idade entre 20 e 32 anos, a maioria era de cor parda, com baixa escolaridade e de religião católica. No que se refere à ocupação, seis eram donas de casa, uma estudante e oito tinham trabalho remunerado. Dos 15 óbitos, 13 foram considerados evitáveis pela vigilância epidemiológica. Nas entrevistas, as mulheres expressaram o sofrimento e a angústia diante da perda do filho, algumas vezes agravadas pela forma da comunicação da notícia e pela falta de suporte ofertado para o enfrentamento. Foram encontradas duas categorias empíricas: receber a notícia da morte e voltar para casa de mãos vazias. Percebeu-se uma dificuldade por parte dos profissionais em comunicar não apenas a morte, mas também a notícia de que algo não ia bem com o recém-nascido, evidenciando falhas na comunicação entre profissionais e usuárias. Os relatos referem descaso e abandono em diversas situações, assim como falta de sensibilidade por parte dos profissionais. A maioria das entrevistadas não teve oportunidade de participar dos rituais fúnebres dos seus filhos. Algumas justificaram que ainda estavam internadas na ocasião. No entanto, outras que poderiam ter vivido essa experiência como um apoio para a elaboração do luto, referiram que não foram incentivadas a fazê-lo. Voltar para casa sem o filho foi um dos momentos mais difíceis relatados pelas entrevistadas, pois representou a concretização da perda do filho, acompanhada por uma sensação de vazio e de impossibilidade de início de uma nova fase da família, que ocorreria com a chegada do bebê em casa. Para as mulheres, o apoio recebido pela família e pela religião ajudou no processo de luto.

Considerações Finais

Os resultados indicam a necessidade de capacitação profissional para comunicação de notícias difíceis e suporte ao luto e de políticas institucionais que apoiem e ofereçam cuidado aos trabalhadores. Destaca-se que a responsabilidade da equipe não cessa com a comunicação do óbito. É necessário disponibilizar à mãe, pai e família um retorno ao hospital, caso desejem, para falar do óbito e tirar dúvidas. Além disso, é necessária articulação com as equipes da atenção básica para a continuidade do cuidado.

Palavras Chave

Morte Neonatal; Luto; Apoio Social; Humanização da Assistência.

Area

Comunicação e Saúde

Autores

Marina Uchoa Lopes Pereira, Laura Lamas Martins Gonçalves, Cristina Maria Douat Loyola, Patrícia Sampaio da Anunciação, Fernando Lamy-Filho, Zeni Carvalho Lamy, Rayssa Daiana Silveira Okoro