Datos del trabajo


Título

PESQUISA CONVERGENTE ASSISTENCIAL: POSSIBILIDADES PARA A ENFERMAGEM GERONTOGERIATRICA

Introdução

A Pesquisa Convergente Assistencial (PCA), desenvolvida por Mercedes Trentini e Lygia Paim, tem sido amplamente utilizada em pesquisas na enfermagem com diferentes objetos de estudo. A experimentação dessa metodologia iniciou nos anos de 1990, a partir de um processo de reflexão sobre a prática assistencial e as potencialidades de produção de novos conhecimentos, no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, curso de mestrado em Assistência de Enfermagem, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)1. Em 1999, foi descrita pelas idealizadoras do método, que afirmam que a PCA é conduzida para descobrir realidades, resolver problemas específicos ou introduzir inovações em situações específicas, em acurado contexto da prática assistencial1. A PCA tem por premissa a articulação entre a prática assistencial ou educativa, no ambiente de trabalho, e a arte investigativa, cujos resultados devem trazer aportes que auxiliem a qualificar e melhorar esta mesma prática2. Essa articulação intencional, da prática profissional com o conhecimento teórico, ocorre de modo que as ações de assistência são incorporadas no processo de pesquisa e vice-versa, com a troca de informações entre eles. A PCA tem sido utilizada principalmente por enfermeiros, que buscam mudanças para qualificar a assistência e introduzir inovações para o cuidado de enfermagem e em saúde. Dessa forma, sua aplicabilidade em pesquisas na Enfermagem Gerontogeriátrica possibilita reflexão e uma construção teorizante sobre as situações e problemas que se apresentam à prática, com vistas à sua resolução e qualificação da assistência prestada aos idosos nos serviços de saúde.

Objetivos

Refletir teoricamente sobre a Pesquisa Convergente Assistencial enquanto possibilidade para mudanças e inovações tecnológicas na prática da enfermagem gerontogeriátrica.

Desenvolvimento

A PCA está centrada em cinco pressupostos, que pontuam que o campo da prática assistencial de enfermagem: é um espaço onde se reúnem e se manifestam diferentes fenômenos a serem desvelados; não se caracteriza somente como um ambiente do fazer/assistir, mas também como um local onde se desenvolvem e se testam teorias; suscita inovação, alternativas de soluções para minimizar ou solucionar situações adversas a fim de renovar práticas para a superação ou maximização de situações favoráveis, o que requer comprometimento dos profissionais em incluir a pesquisa nas suas atividades assistenciais; é potencialmente um campo fértil de questões abertas a estudos; o espaço das relações entre a pesquisa e a assistência vitaliza simultaneamente o trabalho vivo no campo da prática assistencial e no da investigação científica. Nesse contexto, o profissional da saúde é um pesquisador de questões com as quais lida cotidianamente, o que possibilita uma atitude crítica apropriada à crescente dimensão intelectual no trabalho que realiza2. Assim, por ter uma natureza dinâmica, justaposta e integrada à assistência, no interesse de qualificá-la, a PCA torna-se um método investigativo inovador, que permite a exploração, reflexão e aprofundamento de diferentes temas que vão sendo descodificados no mesmo espaço físico e temporal3. Dessa forma, pode-se dizer que a PCA permite ao enfermeiro, como pesquisador, a participação nas atividades de cuidado desenvolvidas durante a prática assistencial com o idoso, possibilitando maior imersão do pesquisador no contexto em que o fenômeno ocorre. Destaca-se que a PCA e a prática assistencial têm especificidades próprias, no entanto, tem pontos de convergência. Um dos pontos comuns é a necessidade de informações/dados para o desenvolvimento de ambos os processos. Entende-se que, o método da PCA presume ainda que na distância e também na proximidade da pesquisa com a prática assistencial, se faz importante respeitar a autonomia de cada sujeito envolvido e, as semelhanças e diferenças entre o processo de assistir tornam-se visíveis2. Assim, por unir o pensar e o fazer, o que resulta no “saber fazer”, a PCA proporciona abertura para a construção de concepções teóricas para a sustentação da prática assistencial e, os construtos de dialogicidade, imersibilidade, simultaneidade e expansibilidade são os predisponentes para a construção do conhecimento. Esses construtos conferem a propriedade de dança à PCA, por determinarem momentos de aproximação, distanciamento e convergência entre a pesquisa e a prática assistencial, criando superposição entre elas. Esse movimento contínuo possibilita a construção de teorias e modelos pautados nas reais necessidades dos indivíduos assistidos nesse contexto. Nesse sentido, destaca-se o foco multiparadigmático da PCA, ressaltada sua afinidade com o paradigma construtivista/construcionista social e destacada orientação participativa4. Assim, entende-se que a PCA é o método de pesquisa que possibilita mudanças e inovações na assistência de enfermagem a idosos, nos diferentes níveis de atenção à saúde.

Considerações Finais

A construção de conhecimentos e inovação das práticas de saúde, a partir das evidências presentes nas prática assistencial preserva os princípios e o rigor do método científico. Dessa forma, a PCA é uma metodologia com grande potencial de construção de conhecimentos, inclusive na enfermagem gerontogeriátrica, por meio da simultaneidade das ações da assistência e do processo investigativo, as quais conduzem os profissionais a um processo crítico reflexivo e, às mudanças e inovações para qualificar a assistência aos idosos.
Referências: 1. Trentini M, Paim L. Pesquisa em enfermagem: uma modalidade convergente-assistencial. Florianópolis: Ed da UFSC; 1999. 162 p 2. 2. Trentini M, Paim L, Silva DMG. Pesquisa convergente-assistencial. Delineamento provocador de mudanças nas práticas de saúde (3ª ed). Porto Alegre: Ed Moriá; 2014. 176 p. 3. Alvim NAT. Pesquisa Convergente Assistencial Enfermagem - Possibilidades para inovações tecnológicas. Esc Anna Nery 2017;21(2):e20170041. 4. Paim L, Trentini M, Silva DMGV. Pesquisa Convergente Assistencial. In: Lacerda MR, Costenaro RGS (Org.). Metodologias da pesquisa para a enfermagem e saúde: da teoria à prática. Porto Alegre: Moriá, 2015. 511p.

Palavras Chave

Enfermagem Geriátrica; Pesquisa em Enfermagem; Saúde do Idoso.

Area

Saúde do Idoso

Autores

ELIANE RAQUEL RIETH BENETTI, MARGRID BEUTER, LARISSA VENTURINI, JAMILE LAIS BRUINSMA, CAREN SILVA JACOBI, CAROLINA BACKES, FRANCINE FELTRIN OLIVEIRA