Datos del trabajo

Título

REDES SOCIAIS: UMA POSSIBILIDADE DE INVESTIGAÇAO QUALITATIVA EM ESTUDOS COM FAMILIAS NO CUIDADO A PESSOA COM ESTOMIA

Introdução

O estudo das redes sociais teve sua origem nas ciências sociais, sendo difundida nas demais áreas do conhecimento. Entende-se por rede social o compilado de relações interpessoais estabelecidas no cotidiano dos indivíduos podendo ser formada por parentesco, afinidades, atividades laborais ou sociais e necessidades de saúde.1 As redes sociais podem contribuir significativamente no processo de saúde-doença das pessoas, interferindo de forma positiva ou negativa nesse contexto que é mediado e definido a partir da influência dos laços formados na rede, da sua confiabilidade e da oferta de apoio disponível. Para tanto, sabe-se que as redes podem exercer as seguintes funções: companhia social, apoio emocional, guia cognitivo e de conselhos, regulação social, ajuda material e de serviços, e acesso a novos contatos ao possibilitar novas conexões e ampliação da rede.1-2 Neste prisma, ao analisar as investigações qualitativas em saúde, especificamente, nos estudos com famílias, é possível perceber que as redes sociais, como referencial teórico, constitui-se em possibilidade promissora para ampliar o conhecimento sobre as relações pessoais quando a família depara-se com uma situação de cronicidade.

Objetivos

Descrever a rede social das famílias no cuidado à pessoa com estomia.

Método

Pesquisa qualitativa, de natureza exploratória e descritiva, desenvolvida de janeiro a abril de 2013 em um município do interior do estado do Rio Grande do Sul, na residência de sete famílias de pessoas com estomias, totalizando 16 participantes. A coleta de dados ocorreu mediante o desenvolvimento de entrevista semiestruturada, da construção do Mapa Mínimo de Relações e da observação simples, registrada em diário de campo. Como critérios de inclusão foram definidos: famílias que tivessem uma pessoa com estomia permanente, de eliminação intestinal ou urinária confeccionada há mais de seis meses; e que frequentasse o Serviço de Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas do município cenário do estudo. Ademais, os integrantes da família deveriam ter idade igual ou superior a 18 anos. Foram excluídos familiares que apresentasse limitações cognitivas para expressar-se verbalmente; e aqueles que indicaram não ter família. Os dados foram analisados conforme as etapas da análise de conteúdo temática. O protocolo de pesquisa foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer número 171.345. Destaca-se que este trabalho é uma síntese da Dissertação de mestrado intitulada “Tecituras da rede social da família no cuidado à pessoa com estomia”3 defendida no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria.

Resultados

A pesquisa revelou que as famílias que vivenciam a condição de cronicidade decorrente da presença de uma estomia de eliminação, tecem sua rede social, no intento de buscar apoio para o enfrentamento da situação e para auxiliar no cuidado ao familiar. A rede é composta pela família nuclear, com os filhos e os cônjuges; pela família extensiva, com os irmãos, tios e avós; e pelas pessoas que são identificadas como pertencentes à família, mesmo sem laços consanguíneos. Além desses, a rede social é constituída por amigos e vizinhos, com quem desenvolvem vínculos fortalecidos; profissionais e serviços de saúde, em especial Serviço de Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas do município; grupos de apoio as pessoas com estomia e/ou câncer; e congregações religiosas. Como as redes sociais foram identificadas pela entrevista semiestruturada, pela observação e, também, pela construção do Mapa Mínimo das Relações, elaborando-se uma representação gráfica da rede familiar, esta forma possibilitou as famílias visualizarem e refletirem como sua rede social estava formada e como era o apoio dela recebido. A utilização do instrumento Mapa Mínimo das Relações foi considerado importante para o desenvolvimento do estudo, já que, muitas vezes, por meio de questionamentos verbais o entendimento dos participantes de quem integrava sua rede social não era bem compreendido. Como a família compõe o sistema da rede social de pessoas acometidas por condições crônicas de saúde, a exemplo, das estomias de eliminação, conhecer a rede das famílias possibilita criar estratégias de articulação e fortalecimento para o cuidar. Desse modo, percebe-se que o estudo das redes sociais fundamentado em um referencial teórico específico direcionado a estudos qualitativos, oferece constructos capazes de embasar e fortalecer a coleta, a análise dos dados e a discussão. Realizar a investigação com famílias sob a ótica das redes sociais
colabora para apreender, teorizar e solidificar os dados provenientes do campo investigativo, propiciando implicações para a prática do cuidado de enfermagem. O conhecimento das redes sociais contribui com a prática assistencial no aspecto descritivo, ao identificar novos processos de relações emergentes do contexto do adoecimento; explicativo, ao possibilitar a identificação de fatores que ocasionam ou influenciam os problemas; e terapêutico, no intuito de instigar novas estratégias de intervenção para incentivas os vínculos fortes e fortalecer os frágeis.1

Considerações Finais

Descrever a rede social das famílias das pessoas com estomias permitiu identificar os integrantes e as tecituras desenvolvidas para formar as relações interpessoais, as quais podem auxiliar no planejamento da assistência em saúde. Realizar pesquisas em saúde sob o prisma das redes sociais possibilita ampliar o olhar para além no núcleo familiar que vivencia o adoecimento crônico, oportunizando que sejam percebidos os caminhos e as relações que se estabelecem para realizar o cuidado. Assim, constata-se que o fenômeno estudado na perspectiva qualitativa associado ao referencial teórico das redes sociais contribuiu para a construção do conhecimento de enfermagem apresentando-se como uma possibilidade para estudos com famílias.

Palavras Chave

Redes Sociais; Estomias de eliminação; Família

Area

Doenças crônicas/condições crônicas