Datos del trabajo


Título

A INFLUENCIA DA CONDIÇAO DA CRIANÇA NA AMAMENTAÇAO

Introdução

A amamentação vai muito além da transmissão de leite de um indivíduo para outro, não compondo apenas uma técnica alimentar. É caracterizada pelo valioso processo de entrosamento entre dois indivíduos, um que amamenta e outro que é amamentado¹.Em revisão sistemática sobre os determinantes da amamentação, encontrou-se que a condição de saúde da mãe e da criança exercem influência no aleitamento materno. As condições infantis de prematuridade, baixo peso ao nascer e a doença da criança foram associadas ao início tardio da amamentação ².

Objetivos

Descrever os elementos fortalecedores e fragilizadoras para amamentação, relacionados às condições da criança.

Método

Trata-se de um estudo de casos múltiplos, com abordagem qualitativa e caráter descritivo. Realizado no município de Curitiba, Paraná, em 10 Unidades de Saúde com Estratégia de Saúde da Família, no período de março a abril de 2017. Participaram do estudo 28 membros de 17 famílias com crianças de seis a 12 meses, sendo 17 mães, sete pais e quatro avós. A coleta de evidências foi realizada por meio de entrevista semiestruturada com as famílias. Para interpretação dos evidências, utilizou-se a estratégia analítica da síntese de casos cruzados com auxílio do software MAXqda. O software permitiu a organização das evidências em categorias temáticas relacionadas a condição da criança.

Resultados

A partir dos dados emergiram os elementos que influenciam o aleitamento materno relacionados a condição da criança: as práticas alimentares, o comportamento e a condição biológica do lactente. Foram considerados fragilizadores da amamentação: internação da criança; prematuridade; baixo peso; doença; dificuldade na pega e posicionamento no seio; cólica; choro excessivo; rejeição do seio; oferta de fórmula infantil; introdução alimentar precoce. O comportamento de choro da criança esteve relacionado com a preocupação dos familiares com possível fome e/ou cólica, favorecendo o aumento da ansiedade e a introdução de fórmulas lácteas. A separação do recém-nascido de sua mãe foi um aspecto que contribuiu para o desmame precoce, principalmente quando foi ofertado fórmula láctea. O leite artificial foi utilizado quando houve prescrição médica e/ou como complementar ao leite materno. Em alguns casos, a introdução da fórmula se deu na maternidade logo após o nascimento e, também, em internações subsequentes, mesmo com recém nascidos que mantinham aleitamento materno exclusivo. Essas situações contribuíram para o desmame precoce destes bebês. Foram evidenciados, nesta pesquisa, os aspectos biológicos da condição da criança, sendo referidos a internação na UTI neonatal devido à prematuridade, complicações, doenças e as hospitalizações por outras afecções, como desnutrição, infecção e broncoaspiração. Uma das mães que vivenciou a internação do filho na UTI, não conseguiu amamentar seu filho e referiu que a quantidade de leite diminuiu e, mesmo tendo vontade de amamentar, experiência anterior de sucesso na amamentação, histórico positivo de amamentação na família e apoio do esposo na amamentação, não conseguiu manter a amamentação. Os elementos fortalecedores do aleitamento materno foram: a amamentação na primeira hora de vida; a pega e posicionamento adequados; a facilidade do bebê para mamar; o bebê tranquilo e/ou saudável; e a introdução alimentar oportuna. Nos discursos, identificou-se que a amamentação na primeira hora de vida atuou como um elemento promotor da amamentação, pois, mesmo com o nascimento prematuro e a internação na UTI neonatal, houve caso de sucesso na amamentação e manutenção do aleitamento materno por longo período. Logo, ressalta-se à importância de práticas hospitalares verdadeiramente eficazes no incentivo à amamentação, que incentivem o início precoce da amamentação e que estimulem a permanecia de mãe e bebê juntos no alojamento conjunto e também na UTI neonatal. Percebe-se que, mesmo existindo políticas públicas, como a Iniciativa Hospital Amigo da Criança e o Método Canguru, que incentivam a amamentação logo após o nascimento, ainda evidencia-se um distanciamento destas políticas das práticas dos serviços hospitalares. Em algumas situações deste estudo, houve indício de práticas não efetivas para a promoção da amamentação.

Considerações Finais

Ressalta-se que mesmo havendo condições da criança que fragilizaram o aleitamento materno, é importante compreender que a amamentação não é determinada somente pelas condições biológicas da criança, mas também pelas percepções familiares de amamentação, condições da mãe, história familiar de amamentação e também pela rede social de apoio do binômio. A amamentação caracteriza-se como um fenômeno familiar e social, portanto, é necessário o fortalecimento de práticas promotoras, realizadas antes mesmo de a mulher engravidar ou logo no início do pré-natal, que permitam a efetivação e manutenção da amamentação. Desta forma, a identificação precoce dos elementos fragilizadores pelos profissionais que prestam cuidado a famílias, pode permitir a elaboração de estratégias para ampliação da rede, a fim de compensar lacunas e permitir a aproximação da família com referências e suportes para amamentação. É necessário extrapolar o binômio mãe e filho, por meio do envolvimento da rede de apoio tanto no âmbito familiar como dos profissionais de saúde, em especial da enfermagem.

Palavras Chave

Aleitamento Materno, Família, Enfermagem, Saúde da Criança

Area

Saúde da Criança

Autores

Lívia Perissé Baroni Wagner, Verônica de Azevedo Mazza, Victoria Beatriz Trevisan Nobrega Martins Ruthes