Datos del trabajo


Título

CRIANÇAS E ADOLESCENTES ABRIGADOS: A CONSTRUÇÃO COLETIVA DO GENOGRAMA

Introdução

A família é o primeiro grupo que frequentamos. Diante de vários problemas uma criança pode ter esse grupo substituído pelo Abrigo. Entidades públicas ou privadas, os abrigos são instituições destinadas a acolher crianças e adolescentes com suspeição ou violação de seus direitos, em risco pessoal e social.1 A institucionalização é a sétima medida protetiva prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente para assegurar seus direitos legais. Apresenta caráter temporário, por no máximo 2 anos.Dentre os principais motivos para acolhimento institucional de crianças e adolescentes estão a negligência, o abandono e as condições financeiras comprometidas de suas famílias. Esses motivos estam na raiz da violação dos direitos, obrigando essa população a ter como realidade o abrigamento em instituições. Mas, quais são as lembranças que crianças abrigadas tem sobre a estrutura e relações familiares?

Objetivos

Conhecer a percepção de crianças e adolescentes em instituições de abrigamento acerca da estrutura familia.
Conhecer a percepção de crianças e adolescentes abrigados acerca das elações familiares.

Método

Pesquisa qualitativa com referencial teórico do interacionismo simbólico. Os dados foram coletados mediante a aplicação do genograma e entrevista semi estruturada. O genograma é uma ferramenta utilizada pelo enfermeiro para representar a estrutura familiar conforme o olhar da criança e adolescentes abrigados.2 Este instrumento foi aplicado durante as consultas de enfermagem realizadas em dois abrigos de uma cidade interioriana de Minas Gerais, com meninos e meninas na faixa etária entre 10 e 17 anos. A entrevista norteada pela pergunta: “Conte-me sobre sua família” e pela construção do genograma. Os relatos foram gravados e analisados conforme análise temática3. A pesquisa faz parte do projeto guarda chuva “Acolhimento institucional e extensão universitária: contribuições para a promoção da saúde de crianças e adolescentes institucionalizados e para a formação profissional dos discentes”, que foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São João del Rei, parecer n° 2.271.545, CAAE: 73975417.1.0000.5545.

Resultados

Foram realizadas 37 consultas de enfermagem, que resultaram em 18 genogramas, sendo a maioria dos participantes do sexo masculino. As crianças e adolescentes demonstram ter conhecimento da composição da rede familiar, sendo que os parentes mais citados foram os pais e os irmãos. Quanto menor a idade em que ocorreu o abrigamento, eles possuem menos lembranças. Há participantes que lembram com mais detalhes e incluem outros familiares como os avós e tios. Como referencia pessoal, a maioria cita os amigos e em seguidas os padrinhos sociais, sendo que o abrigo é mais mencionado do que a família. Isso pode ser explicado pela dificuldade em manter o vinculo após o estabelecimento da institucionalização Após a análise dos dados, emergiram duas categorias: 1. Convivendo com a violência e 2. Sentimentos frente as relações familiares. A construção do genograma possibilitou o conhecimento da compreensão do adolescente/criança acerca da experiência e das relações familiares. As situações que deixaram marcas mais profundas na relação são aquelas que permanecem na lembrança e causam tristeza. O sentimento de tristeza foi o mais lembrado e expressado diante dos relatos da familia A maioria dos adolescentes citam relações permeadas por conflitos e violência sofridas por eles. Eles também presenciavam agressões contra outras pessoas pertencentes à família. Apesar das agressões estarem nas recordações de momentos passados, elas influenciam nas relações atuais e estão na origem da determinação da situação de abrigamento. Além da violência, o distanciamento da família faz com que crianças e adolescentes se sentiam tristes. Os sentimentos mais frequentes identificados na fala dos abrigados foram saudade principalmente materna, tristeza, abandono. Eles relatam que a família em alguns casos não os visitam e que eles foram esquecidos. Os indivíduos constroem um significado para as experiências vivenciadas a partir da reflexão. Esse significado direciona comportamentos e interações sociais.4 Apesar de serem tranquilos, é possível observar entre os abrigados reações de agressividade. Tais significados podem ser modificados nas relações que as pessoas vivem e por meio da reflexão. A vivencia de relações positivas pelos abrigados, que não sejam permeadas pela violência, podem ressignificar situações de violência e agressividade vivenciadas, possibilitando relações atuais e futuras mais positivas, além de amenizarem a falta da família de origem. Nesse contexto o abrigo, além de ser um ambiente de acolhimento, deve proprocionar a (re)-significação da vivencia de relações afetivas num ambiente no qual reações de agressividade sejam minimizadas, visando a superação ou pelo menos a minimização das dificuldades inerentes a experiência de situações violentas e à separação do contexto familiar.

Considerações Finais

Durante a elaboração do genograma, as crianças e adolescentes institucionalizados revelaram que as relações eram permeadas pela violencia e que sentiam tristeza devido às agressões e ao distanciamento da familia. A construção do genograma possibilitou o conhecimento das memórias familiares dos abrigados no intuito de elaborar estratégias direcionadas às necessidades psicossociais, biológicas e espirituais que emergem durante as consultas de enfermagem, garantindo uma assistência holística. Atualmente, essas informações que emergiram do genograma e da consulta de enfermagem resultam em intervenções de enfermagem desenvolvida junto a essa clientela, por meio de um programa de extensão realizado em parceria com as duas instituições.

Palavras Chave

Relações familiares, Abrigo, Criança institucionalizada, Adolescente institucionalizado, Avaliação em enfermagem.

Area

Saúde do Adolescente

Autores

EDILENE APARECIDA ARAUJO SILVEIRA, Thaissa Magela DOS SANTOS, MARCELA SILVA CARVALHO, ELAINE CRISTINA DIAS FRANCO, DAYSE BAZILIO ROSA SOUZA, KARINY APARECIDA TREVISAN SILVA, MATHEUS ALEXANDRE MENDES, MARIANA FERREIRA SANTOS