Datos del trabajo


Título

NARRATIVAS DAS MULHERES COM CANCER SUBMETIDAS A BRAQUITERAPIA GINECOLOGICA

Introdução

O câncer representa atualmente um importante problema de saúde pública, com números crescentes e importantes consequências para a saúde das populações. No ano de 2012, ocorreram cerca de 14 milhões de novos casos de câncer em todo o mundo. Para a população feminina, os números de câncer mostram-se muito elevados, com aproximadamente 165 novos casos a cada 100.000 mulheres neste mesmo ano. No Brasil, no ano de 2018, estima-se que ocorram 202.040 novos casos de câncer entre as mulheres. Um dos principais tipos de câncer que acometem a população feminina e o terceiro câncer mais incidente nesta população é o câncer de colo uterino. Este, associado ao câncer de ovário e corpo uterino constituem-se os mais prevalentes cânceres ginecológicos. Suas complicações à saúde e sua importante taxa de mortalidade e de prevalência exigem uma série de tratamentos, dentre os quais está a radioterapia, que subdivide-se em teleterapia e braquiterapia. A braquiterapia, alvo desde estudo, é uma modalidade radioterápica em que a radiação incide em contato muito próximo aos volumes tumorais, permitindo uma melhor incidência sobre o tecido desejado e maior proteção aos órgãos adjacentes. Os efeitos colaterais do tratamento são apenas um dos diversos desafios enfrentados pelas mulheres diagnosticadas com câncer ginecológico. Os traumas emocionais são também recorrentes neste momento de fragilidade e entre os sentimentos que podem ser observados neste período estão o desconforto, medo, vergonha, solidão e insegurança. As narrativas das mulheres são reconhecidas como elementos essenciais para o reconhecimento das necessidades em saúde e para o planejamento do cuidado de enfermagem.

Objetivos

Portanto, o objetivo deste estudo é conhecer as narrativas das mulheres com câncer submetidas à braquiterapia ginecológica.

Desenvolvimento

As narrativas foram coletadas pelo desenvolvimento de estudo descritivo, de abordagem qualitativa, que incluiu análise de conteúdo sobre as comunicações. Este estudo foi realizado com mulheres submetidas à braquiterapia de alta taxa de dose no Centro de Pesquisas Oncológicas – CEPON, entre os anos de 2017 e 2018. A coleta de dados ocorreu por meio de aplicação de entrevista semiestruturada realizadas ao início e ao término das sessões de braquiterapia. Para garantir o anonimato às mulheres, adotou-se a codificação MB (M de mulher e B de braquiterapia) sucedida de algarismo arábico conforme ordem de realização das entrevistas. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (CAE UFSC 61720216.1.0000.0121) e do Centro de Pesquisas Oncológicas (CAE CEPON 61720216.1.3001.5355). Este vídeo apresenta resultados parciais da investigação, assim apresentando os achados relacionados à 15 mulheres incluídas no estudo.
Da análise das comunicações emergiram 6 categorias temáticas.
Desconhecimento da terapêutica, como fator desencadeador de medo e insegurança. Depoimento: "Antes de saber o que era eu achava que era apenas mais um tratamento. Depois que eu fiquei sabendo o que era eu fiquei com bastante medo, pânico mesmo, eu tive até que passar pela psicóloga" (MB09).
Possibilidade de cura, em que as mulheres significam a terapêutica como responsável por sua cura, pela eliminação da doença. Depoimento: "Ai, eu penso em tanta coisa. Eu penso em ficar boa. Eu penso que estou aqui pra me curar. Eu tenho dois filhos em casa e penso em ficar curada pra eles" (MB12).
Apoio familiar, significando impulsor para o tratamento das mulheres, conferindo-lhes a força e coragem necessárias nos momentos de maior fragilidade. Depoimento: "Eu vim pela minha família, por mim eu não estaria mais aqui. Eles são mais fortes do que eu. [...] Eles são meus pilares. Se não fosse por eles, eu não sei o que seria de mim"(MB08).
Efeito psicológico, apresentando as consequências na saúde mental das pacientes relacionada ao procedimento. Depoimento: “Vergonha eu tenho um pouco, né. Porque tem muita gente olhando, daí tu tem que deitar só com um pano assim por cima” (MB11)
Efeitos físicos, principalmente sobre órgãos adjacentes ao foco radioterápico. Depoimento: “O que tem me causado mais desconforto é que eu perdi um pouco da sensibilidade, tem que estar sempre com absorvente, porque tá vazando [urina] e eu não sei como nem onde está vazando.” (MB06)
Sentimentos positivos, como de alívio físico e psíquico, principalmente em mulheres que passaram por experiências negativas em terapêuticas anteriores. Depoimento: “Fazer a braquiterapia me fez sentir melhor do que antes. Quando eu estava fazendo a radioterapia e a quimioterapia eu sentia dor todos os dias, já com a braquiterapia eu não senti dor em nenhum momento” (MB03)
A partir disso, foi desenvolvido, utilizando a plataforma de ferramentas de criação de vídeos e apresentações PowToon, um vídeo elucidativo sobre a pesquisa e sobre as informações anteriormente descritas. Inicialmente, fazendo uso de elementos gráficos, animações e narrações, o vídeo apresenta aspectos relevantes sobre a epidemiologia do câncer e, de modo mais específico sobre o câncer ginecológico, do nível global ao estadual, abordando aspectos como mortalidade, fisiopatologia e terapêutica, que apresenta-se como alvo deste estudo.
A partir daí, é apresentado o estudo em seus aspectos metodológicos para que, logo em seguida, sejam mostrados, utilizando elementos gráficos, narrações e descrições visuais os resultados deste estudo, incluindo as narrativas coletadas, sua classificação e importante discussão sobre a relevância de narrativas deste sentido no planejamento das atividades de saúde.

Considerações Finais

Frente às narrativas das mulheres foi possível observar que o desconhecimento sobre a terapêutica, bem como os efeitos físicos e as experiências vividas neste período podem gerar consequências negativas sobre a dimensão psicológica das mulheres.
Conhecer suas narrativas torna-se importante para possibilitar o desenvolvimento de cuidado de enfermagem eficaz, integral e humanizado, que busque minimizar os efeitos negativos do tratamento.
Do mesmo modo, as narrativas poderão servir de fonte à gestão do cuidado de enfermagem e à educação permanente dos profissionais atuantes neste contexto, pois revelam dificuldades enfrentadas pelas mulheres, tornando-se mais fácil auxiliá-las no processo de enfrentamento.

Palavras Chave

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Instituciones

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - Santa Catarina - Brasil

Autores

Érica Bernardes Duarte, Luciana Martins da Rosa, Gisele Martins Miranda, Rafaela Dutra Nunes da Silva, Amanda Espíndola de Andrade, Ana Inez Severo Varela