Datos del trabajo


Título

O SABER E O FAZER PROFISSIONAL SOBRE BIOSSEGURANÇA NA ATENÇAO PRIMARIA EM SAUDE: SUBSIDEOS PARA ELABORAÇAO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL

Introdução

Biossegurança é o conjunto de ações destinadas à prevenção, minimização ou eliminação de riscos intrínsecos às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços. Em grande parte dos cenários de prestação de cuidados observa-se o negligenciamento das normas de biossegurança. Entende-se a Atenção Primária à Saúde como o primeiro nível do Sistema Único de Saúde e porta de entrada preferencial, com ações resolutivas sobre os problemas de saúde, articulando-se com os demais níveis de complexidade, formando uma rede integrada de serviços. É nesse contexto que a elaboração de tecnologias educacionais para a equipe multiprofissional de saúde mostra-se relevante, uma vez que permite disponibilizar informações, potencializando o conhecimento desta, atuando no processo de ensino-aprendizagem e na educação permanente do profissional de saúde.

Objetivos

Conhecer os saberes e práticas de profissionais de saúde da Atenção Primária sobre biossegurança e estimular a reflexão crítica desses profissionais sobre o tema, para construir, de forma compartilhada com os profissionais, tecnologia educacional sobre biossegurança na Atenção Primária em Saúde.

Método

Realizou-se um estudo qualitativo e descritivo, do tipo pesquisa-participante. O cenário foi a Unidade de Saúde da Família (USF) Benfica Centro, situada no município de Benevides, Pará, que atende uma comunidade de característica rural, cujo território está dividido estrategicamente em 08 microáreas. Os participantes foram 12 profissionais de saúde, (66,7%), do total de 18 que atuavam na USF e que foram convidados. Os participantes foram Agentes Comunitários de Saúde, Enfermeiro e Técnicos de Enfermagem. Os dados foram produzidos por meio da técnica de Grupo Focal, que se caracteriza por uma sessão grupal, de pessoas organizadas de forma intencional. Realizaram-se quatro encontros com a equipe de saúde, que foram suficientes para o alcance dos objetivos. Estes aconteceram na própria Unidade no período de março a maio de 2017, conforme a disponibilidade dos participantes e pactuação com a enfermeira gestora da Unidade. Estes tiveram duração de duas horas, atendendo às recomendações para realização da técnica. Compuseram o grupo focal, além dos participantes, o moderador do grupo e um observador, que realizou o registro das discussões em um diário de campo. O corpus foi organizado e analisado por meio da técnica de análise de conteúdo. A partir dessa análise foram identificados os sabres e fazeres dos profissionais sobre biossegurança e os temas propostos por eles que se conformaram no conteúdo da tecnologia escolhida, posteriormente apresentada a eles para a construção conjunta do produto final. A pesquisa obedeceu aos preceitos éticos da Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará, sob o parecer nº 1.876.217 e CAAEE: 62701316.6.0000.5170. A todos os participantes foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para manifestarem seu interesse em participar. Para preservar suas identidades foram identificados pela letra P seguido do número de ordem das falas (P1, P2...P12).

Resultados

Dentre os participantes, 9 (75%) eram Agentes Comunitários de Saúde (ACS), 2 (16,7 %) técnicos de enfermagem e 1 (8,3%) enfermeira. Quanto ao sexo, predominou o feminino, 11 (91,7%), na faixa etária de 29 a 33 anos foram 5 (41,7%). Quanto ao tempo de formação, predominou de 2 a 5 anos, 3 (25%), e atuando na USF de 1 a 4 anos 7 (58,3%). A análise resultou em duas categorias temáticas: O saber sobre biossegurança na Atenção Primária em Saúde, em que discute-se o saber da equipe de saúde quanto à biossegurança na Atenção Primária em Saúde; e O fazer da biossegurança na Atenção Primária em Saúde, em que discute-se as práticas de biossegurança dos profissionais a partir de suas vivências no cotidiano. Quanto à construção da tecnologia educativa, após a descrição das duas categorias temáticas apresentam-se os temas selecionados para compor seu conteúdo, bem como o tipo de tecnologia escolhida para ser construída de maneira compartilhada. Constatou-se que as questões relativas à biossegurança embora presentes no cotidiano desses profissionais, não eram entendidas de maneira correta e tampouco identificadas em suas práticas de saúde. Essa questão é preocupante porque a efetiva incorporação das medidas de biossegurança pelos trabalhadores da Atenção Primária tem uma importância vital para a melhoria da qualidade da assistência, possibilitando a existência de um ambiente seguro tanto para o profissional quanto para o usuário. Quanto às práticas de biossegurança realizadas na unidade, 100% apontaram práticas individuais como a lavagem das mãos e o uso do jaleco como as principais e fundamentais práticas que são e devem ser cumpridas. Reafirma-se, então, a necessidade de programas de capacitação permanente aos profissionais da Atenção Primária para que possam, efetivamente, adotar comportamentos de proteção individual e coletiva durante o trabalho. No encontro para construção da tecnologia, houve consenso quanto à necessidade de se criar um material de fácil acesso e compreensão, que abordasse assuntos importantes para o seu cotidiano. Assim, foi indicado, majoritariamente, pelos profissionais o aplicativo para celular, considerando a facilidade de acesso. O produto final resultou em um aplicativo composto de 20 páginas digitais, começando com uma página de apresentação, na qual constam as explicações sobre seu conteúdo, forma de elaboração e os autores, além do menu de acesso às opções de temas, tendo total aceitação dos profissionais.

Considerações Finais

Este estudo permitiu conhecer os saberes e práticas dos profissionais atuantes na Atenção Primária em Saúde, bem como estimulá-los a fazer uma análise crítica de suas ações cotidianas, que culminou na elaboração de uma ferramenta que auxiliará em suas práticas na Unidade de Saúde, facilitando o empoderamento desses profissionais quanto ao tema biossegurança. A construção compartilhada da tecnologia educacional foi muito gratificante e desafiadora, uma vez que sua modalidade é inovadora e o assunto abordado ainda é pouco discutido no contexto da Atenção Primária em Saúde. O envolvimento dos profissionais permitiu que se chegasse ao produto proposto neste estudo, com a elaboração de uma ferramenta educativa de fácil acesso e grande utilidade em suas atividades em saúde, que colaborará simultaneamente para uma melhor qualificação do serviço ofertado a comunidade.

Palavras Chave

Biossegurança; Atenção Primária à Saúde; Tecnologia Educacional.

Area

Informação e Tecnologias da Informação em Saúde

Autores

Alexandre Aguiar Pereira, Camilla Cristina Lisboa do Nascimento, Diully Siqueira Monteiro, Ivaneide Leal Ataíde Rodrigues