Datos del trabajo


Título

A METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇAO COM O ARCO DE MAGUEREZ: EXPERIENCIAS SOBRE A PREVENÇAO E PROMOÇAO DA SAUDE EM PESSOAS EM SITUAÇAO DE SAUDE

Introdução

Pessoas que vivem em situação de rua caracterizam–se como um grupo populacional heterogêneo, possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente (BRASIL, 2009). Por tratar-se de uma população marginalizada quando comparado com a população geral, e que possui dificuldades de acesso aos serviços de saúde, e considerando a pouca experiência dos profissionais em atender esse público desde o acolhimento consiste em um desafio ampliar as linhas de assistência frente as situações impostas pela vivência nas ruas e a construção de vínculo terapêutico capaz de reduzir a visão estigmatizada que recobre essa população (HALLAIS; BARROS, 2015).

Objetivos

Relatar a experiência de atividades de prevenção e promoção da saúde em pessoas que vivem em situação de rua.

Desenvolvimento

Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência sobre as atividades realizadas durante um projeto de extensão para essa população. O cenário dessa extensão foi o Centro de Referência Especializado para População de Rua (Centro POP) durante os meses de maio 2016 a agosto de 2017. Inicialmente foi realizado o reconhecimento do campo de atuação e os pesquisadores começaram a refletir sobre a realidade encontrada tendo como base o arco de Maguerez (BERBEL, 1998). Assim foram definido os, pontos-Chaves, Teorização, Hipóteses de Solução e Aplicação à Realidade (prática). Após essa etapa foi elaborado um formulário que foi validado quanto à forma e conteúdo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí com número do parecer 1.755.893. Foram respeitados todos as normas e princípios norteadores da Resolução nº466/12 do Conselho Nacional de Saúde. 58 pessoas que vivem em situação de rua participaram do projeto. Nessa primeira etapa de reconhecimento da realidade, os pesquisadores observaram que há um predomínio de pessoas do sexo masculino nessa população, baixa condições de saúde e de higiene, situações de vulnerabilidade para os diversos agravos e uso de álcool e outras drogas. Na segunda etapa foram levantados os pontos chaves a saber: características sociodemográficas, motivo que o levaram essas pessoas a estarem em situação de rua, o comportamento sexual e de risco para aquisição de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e o conhecimento sobre as formas de transmissão e prevenção dessas infecções. Na terceira etapa: o momento de teorização foi feito com base na revisão da literatura. Os estudos mostraram que a maioria dessa população é do sexo masculino e adulta jovem com baixa escolaridade (CARVALHO; et al., 2017). Os conflitos familiares representam um forte fator para a vida nas ruas, uma vez que a ruptura ou fragilidade dos vínculos familiares se mostra presente como causa para adentrar a rua e para manter-se nela (BEZERRA; et al, 2015). O compartilhamento de objetos e agulhas, o não uso ou uso menos frequente de preservativo, habitação instável e múltiplos parceiros sexuais são como comportamentos de risco frequentes (NERLANDER; et al., 2015; SYPSA; et al., 2015). Percebe-se uma escassez de informações sobre as formas de transmissão e prevenção de IST e essa condição representa alta vulnerabilidade para a aquisição de infecções por causa da pouca capacidade de auto proteger-se (FERNÁNDEZ, et al. 2017). Aliado a isso, é evidenciado o baixo acesso aos serviços de saúde, uma vez que essa população vive graus acentuados de marginalidade no acesso aos bens e serviços (PAIVA; et al., 2016) e rotineiramente encontra situações de resistência por parte dos profissionais em assisti-los (KAMI; et al., 2016). Na quarta etapa, visando minimizar ou até mesmo sanar os riscos que essa população vivencia e que constantemente afeta seu bem estar, as hipóteses de solução se relacionaram a prevenção de IST e promoção da saúde nesses indivíduos. Isso representa uma estratégia primordial no combate desses agravos, promovendo educação em saúde, por meio de esclarecimentos, orientações em relação a prática sexual segura e redução dos comportamentos de riscos. A testagem rápida como forma de diagnóstico é fundamental, pois possibilita a detecção precoce da infecção e início imediato do tratamento. Dessa forma, os pesquisadores compreenderam a realidade encontrada ao mesmo tempo em que buscaram a resolutividade dos problemas com base na promoção da saúde. Uma forma de perceber a realidade dessa população é por meio da inserção do pesquisador no campo (ROMAGNOLI, 2014). Na quinta etapa, a aplicação à realidade foi realizada por meio de uma entrevista prévia, e verificou-se que o principal motivo para a instabilidade social que levou os participantes a viverem em situação de rua foi o conflito familiar. Quanto a caracterização dos participantes, a maioria era jovem, do sexo masculino e informaram uma escolaridade baixa. O comportamento sexual informado foi considerado de risco por causa do elevado número de parcerias sexuais e do pouco uso do preservativo referido pela população. Após essa etapa foi realizado testagem rápida para HIV, sífilis, Hepatites B e C, orientações individuais e coletivas para prevenção dessas infecções e outros agravos. Diante dos resultados reagentes os participantes foram encaminhados para o Serviço de Assistência Ambulatorial (SAE) para realização de tratamento. Todos os participantes encaminhados foram orientados a retornar ao Centro POP, diante de qualquer dificuldade de acesso ao serviço de saúde.

Considerações Finais

Essa atividade permitiu que os pesquisadores lançassem novos olhares sobre as estratégias de prevenção e promoção à saúde desse grupo, com utilização da metodologia da problematização. Atividades de extensões são essenciais para o crescimento profissional e pessoal dos pesquisadores envolvidos e contribui com o retorno que a universidade pode oferecer aos problemas encontrados na comunidade. Dessa forma, a extensão encontra-se indissociável do ensino e da assistência, uma vez que se constitui como proposta adequada de reflexão e construção do pensamento crítico, pautados na ação-reflexão-ação, bem como nas relações sociais, políticas, econômicas e educacional

Palavras Chave

Pessoas em situação de rua; Doenças Sexualmente Transmissíveis; Promoção da Saúde.

Area

Saúde e populações vulneráveis

Autores

EMANOELLE FERNANDES SILVA, VANESSA MOURA CARVALHO OLIVEIRA, ROMULO VELOSO NUNES, GISELLE MARY IBIAPINA BRITO, BRAULIO VIEIRA SOUSA BORGES, LAELSON ROCHELLE MILANÊS SOUSA, ROSILANE LIMA BRITO MAGALÃES