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Título

PERCEPÇOES DE GESTANTES RIBEIRINHAS SOBRE O PRE-NATAL

Introdução

O pré-natal pode ser entendido como uma assistência de saúde prestada à mulher gestante, a fim de garantir a ela uma gestação adequada e segura, por meio de um acompanhamento de saúde de qualidade, garantindo o desenvolvimento da gestação sem impacto para a saúde materna, o parto de um recém-nascido saudável, além de abordar aspectos psicossociais e realizar atividades educativas e preventivas. Partindo deste princípio, podemos afirmar que é direito de toda mulher receber o acompanhamento pré-natal durante sua gestação, seja ela do meio urbano ou rural. É nesse contexto que se encontra a mulher ribeirinha e o atendimento pré-natal, muitas vezes dificultado pelas próprias condições socioeconômicas dessas mulheres, que, tradicionalmente, residem em casas de madeiras, adaptadas ao sistema de cheias e vazantes dos rios, dispersas ao longo de um percurso fluvial.

Objetivos

Identificar a importância do pré-natal para gestantes ribeirinhas e conhecer suas expectativas, discutindo esses aspectos com vistas a melhorar a qualidade da assistência de saúde à essas mulheres.

Método

Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, realizado na Unidade de Saúde da Família (USF) da Ilha do Combú. Essa ilha possui uma área aproximada de 32 km², localizada ao Sul da cidade de Belém, Pará, há aproximadamente 1,5 km de distância, dividida em seis microáreas, com cerca de 530 famílias cadastradas no serviço de saúde. Algumas delas possuem um escasso acesso, ficando isoladas devido ao ciclo das marés. A USF conta com uma equipe de saúde composta de cinco Agentes Comunitários de Saúde (ACS), uma enfermeira, um médico e três técnicos de enfermagem. Os dados foram produzidos no período de agosto a outubro de 2016, por meio de entrevista individual com 15 gestantes, utilizando-se um formulário semiestruturado, que buscou identificar o perfil dessas gestantes e suas percepções a respeito da assistência pré-natal. Incluiu-se na pesquisa: grávidas de qualquer faixa etária, de qualquer microárea, cadastradas na USF do Combú, independente da idade gestacional, que realizassem acompanhamento pré-natal e que apresentassem condições físicas e mentais para responder ao instrumento. Considerou-se como critério de exclusão: gestantes cuja gravidez tivesse sido consequência de abuso sexual, por conta das possíveis implicações emocionais envolvidas. Felizmente, não se identificou nenhuma gestante com essa condição. As participantes foram convidadas de acordo com seu comparecimento às consultas e as entrevistas foram realizadas na USF ou no domicílio, conforme sua escolha, e gravadas mediante o consentimento. A análise deu-se por meio da técnica de análise de conteúdo. A pesquisa seguiu os preceitos éticos da Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Recebeu autorização Institucional e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará, sob parecer nº 1.574.224. Às participantes foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para que pudessem manifestar seu interesse de participar. Seu anonimato foi assegurado por meio do uso de código alfanumérico para identificação das entrevistas, com a letra G e o número sequencial das mesmas (G1, G2,...G15).

Resultados

A idade das entrevistadas variou entre 17 e 32 anos, predominando a faixa etária de 18 a 24, com 9 participantes (60%), sendo 2 (13,3%) menores de 18 anos. Em relação à microárea de residência, 7 (46,7%) residiam na microárea um. Na escolaridade predominou o ensino fundamental completo, com 5 (33,3%) participantes. A renda familiar predominante foi de um salário mínimo, 13 (86,7%). Em relação à idade gestacional, 9 (60%) estavam entre sete a nove meses de gravidez. Predominaram as primíparas com 8 (53,3%), multíparas foram 7 (46,7%). No que diz respeito ao acompanhamento pré-natal, das 7 (46,7%) que tinham mais de um filho, todas realizaram o pré-natal em suas gestações anteriores, tendo a maioria, 5 (26,7%), iniciado aos três meses de gravidez, inclusive da gestação atual. Após a aplicação da técnica de análise de conteúdo, originaram-se duas categorias temáticas: A importância do pré-natal como garantia de saúde para a mãe e para o bebê, em que emergiram as percepções das participantes a respeito da importância do pré-natal para a sua saúde e para a saúde do bebê; e O pré-natal como fortaleza e fonte de aprendizado, em que se discutiu as expectativas manifestadas pelas entrevistadas quanto ao programa de pré-natal. Por meio dos resultados pode-se afirmar que o pré-natal é considerado muito importante para as mulheres ribeirinhas, que o veem como oportunidade para ofertar saúde a elas e a seu bebê e como garantia de um atendimento satisfatório, em que ela possa se sentir acolhida e receber as orientações necessárias. Conhecer as conexões entre as mulheres residentes em áreas ribeirinhas e os serviços de saúde consiste em um desafio necessário para a promoção de uma atenção humanizada, acessível e que seja capaz de tornar a busca pelo cuidado em uma prática cotidiana. Os resultados também evidenciaram o papel educacional do programa de pré-natal. A consulta pré-natal envolve procedimentos simples, podendo o profissional de saúde dedicar-se a escutar as demandas da mulher, transmitindo confiança para conduzir com autonomia a gestação e o parto. É necessário que o profissional esclareça as dúvidas geradas com muita clareza, de forma que a mulher se sinta segura. A atenção à mulher no ciclo gravídico-puerperal é indispensável para que ela possa exercer a maternidade com segurança e sem riscos. Os profissionais de saúde devem desenvolver ações interdisciplinares que favoreçam a autoconfiança e cuidado da mulher.

Considerações Finais

Conclui-se que entender a percepção que as gestantes ribeirinhas possuem sobre o pré-natal nos permite saber o que elas entendem sobre ele e nos torna capazes de compreender o contexto em que elas estão inseridas, suas interpretações, seus anseios e suas reais necessidades, permitindo-nos repensar e qualificar os serviços e os cuidados de saúde ofertados à elas. Apesar da baixa escolaridade ficou evidente sua capacidade de expressar essa importância, além de seus sentimentos e expectativas, evidenciando-se, assim, o seu empoderamento e interesse nas consultas de pré-natal. Entende-se que seus resultados podem contribuir para reflexão sobre as necessidades e expetativas de mulheres grávidas em contexto semelhante que, muitas vezes, têm pouco sucesso em seu pré-natal.

Palavras Chave

Assistência pré-natal; Gestante; Percepção; Enfermagem.

Area

Saúde e populações vulneráveis

Instituciones

Universidade do Estado do Pará - Pará - Brasil

Autores

Alexandre Aguiar Pereira, Fabiane Oliveira da Silva, Gisele de Brito Brasil, Ivaneide Leal Ataíde Rodrigues, Laura Maria Vidal Nogueira