Datos del trabajo


Título

DOR OSTEOMUSCULAR VIVENCIADAS POR IDOSAS QUE EXERCEM O CUIDADO

Introdução

O cuidado domiciliar é uma prática antiga e vem sendo realizado, na maioria das vezes, por um familiar, geralmente do sexo feminino. Devido ao aumento da expectativa de vida e envelhecimento da população, as pessoas idosas vêm, cada vez mais, assumindo o papel de cuidadoras. Estes, quando exerce o cuidado a uma pessoa com comprometimento da capacidade funcional, sem qualquer apoio, orientação e/ou preparo tendem a desencadear problemas no sistema osteomuscular, tal comprometimento pode agravar-se devido às alterações próprias da senescência, as quais culminam na diminuição da capacidade funcional do organismo e acabam por aumentar o quadro álgico.

Objetivos

Conhecer as consequências do cuidado à pessoa com comprometimento da capacidade funcional para os idosos cuidadores.

Método

Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, com abordagem qualitativa, recorte da dissertação de mestrado intitulada: “Implicações osteomusculares vivenciadas por idosos cuidadores no domicílio” da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia. O cenário foram os domicílios de idosos cuidadores de pessoas que apresentavam dependência de cuidados de forma parcial ou total, cadastrados no “Melhor em Casa”, programa federal de atenção domiciliar, vinculados a uma das bases do programa, situada em um hospital público de grande porte em Salvador, Bahia, Brasil. A identificação dos idosos se deu a partir de uma consulta prévia aos 53 prontuários cadastrados na base lócus, seguida de uma investigação criteriosa destes, a fim de identificar os cuidadores e sua idade. Tal informação estava disponível na ficha de elegibilidade social presente nos prontuários. Identificou-se oito cuidadores com idade maior ou igual a 60 anos que realizavam o cuidado ao familiar. Primeiramente houve o contato telefônico informando sobre a pesquisa, momento em que se agendada a visita, sendo que e dois cuidadores não aceitaram participar do estudo. O processo de aproximação, se deu a partir de uma visita domiciliar em companhia de um profissional do programa. Neste momento foi explicado sobre a pesquisa, esclarecidas as dúvidas e solicitado assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para todas que aceitaram participar do estudo que já havia sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, através do Parecer de nº 1.762.501 de 05/10/2016. A coleta de dados se deu por meio de uma entrevista semiestruturada, sendo que a primeira parte continha questões relacionadas a caracterização sociodemográfica e de saúde dos participantes e a segunda contemplava questões norteadoras direcionadas ao objeto de pesquisa. As entrevistas realizaram-se no domicílio dos cuidadores, em local reservado, respeitando e assegurando a privacidade e confidencialidade das informações. Gravadas com o auxílio de dois smartphones, as entrevistas foram transcritas na íntegra e os dados sistematizados e organizados por meio da análise de conteúdo proposta por Bardin, constituída por três etapas: na pré-análise realizou-se a leitura flutuante das falas, com a ocorrência, disposição dos materiais selecionados e contributos para o norteamento do objeto de pesquisa; na segunda etapa ocorreu a exploração do material, a qual consiste em uma análise apurada dos dados, identificação das ideias semelhantes e agrupamento, seguindo para a ordenação e categorização da temática; e na última foi realizado o tratamento dos resultados, que possibilitou a construção dos enunciados e discussão dos achados conforme cada categoria emergida.

Resultados

Participaram do estudo seis idosas cuidadoras. Nas falas das participantes evidenciou-se o surgimento e/ou agravamento de dores osteomusculares relacionadas ao cotidiano das tarefas de cuidar que são, por vezes, exaustivas, repetitivas, duradouras e por longo período, em posição estática, a exemplo de: transferências e mobilização, banho no leito e troca de fraldas. Essas atividades de cunho repetitivo podem comprometer o sistema osteomuscular através de sintomas não apenas de dor, mas também de fadiga, fraqueza muscular, formigamento e sensação de choque. Tais achados foram corroborados por estudos nacionais e internacionais que evidenciaram as dificuldades na realização dessas tarefas, principalmente na manutenção de uma postura adequada durante o desempenho do cuidado, em domicílios com estrutura nem sempre adequada. Desvelou-se também que essas atividades, quando orientadas por profissionais e realizadas com uma postura ergonômica correta, podem tem suas dores reduzidas ou anuladas. Vale referir que as particularidades do envelhecimento, a exemplo da perda progressiva da massa óssea; redução de fibras e da força muscular; diminuição da elasticidade dos tendões, dos ligamentos e das cápsulas; rigidez articular são fatores que interferem para esses comprometimentos. Para além, as implicações osteomusculares sobre a saúde da mulher idosa podem se agravar visto que, com o avançar da idade, ocorre uma redução da densidade mineral óssea, principalmente após a menopausa, com a diminuição nas taxas de estrogênio, que é o hormônio responsável pela reposição do cálcio nos ossos, evidenciando assim um maior desgaste osteomuscular no gênero feminino.

Considerações Finais

O estudo revelou que idosas cuidadoras de pessoas com dependência apresentam como implicações osteomusculares: algias musculares e articulares, desencadeadas pelas tarefas cotidianas do cuidado, provocadas por posturas incorretas no manuseio inadequado do familiar com dependência funcional. Também sinaliza para o agravamento das implicações osteomusculares sobre a saúde da idosa cuidadora, provocadas pela sobrecarga e repetição das atividades diárias associadas a problemas de cunho acumulativo e de ordem fisiológica comuns nesse período da vida, estando associado ainda a negligência do autocuidado por estarem envolvidas e comprometidas no cuidado com o ente familiar podendo, por vezes, levá-las também ao sofrimento psíquico. Uma das limitações identificadas nesse estudo é que às implicações osteomusculares encontradas na população estudada podem apresentar diferenças conforme condições socioeconômicas, apoio recebido, orientação adequada para o cuidado e o autocuidado. Diante tal realidade, é preciso o apoio constante de uma equipe multiprofissional atuante no domicílio, orientando aos cuidadores, em especial se for idoso, quanto à postura ergonômica correta durante a realização do cuidado. Para tanto, pode-se utilizar como estratégias diversas atividades lúdicas, treinamentos e orientações para o autocuidado.

Palavras Chave

Cuidadores, Idoso, Sistema musculoesquelético.

Area

Saúde do Idoso

Autores

Nildete Pereira Gomes, Larissa Chaves Pedreira, Nadirlene Pereira Gomes, Luana Moura Campos, Rita de Cássia Dias Nascimento, Elaine de Oliveira Souza Fonseca, Ises Adriana Reis dos Santos, Juliana Bezerra do Amaral