Datos del trabajo


Título

REPERCUSSOES DA PRATICA CLINICA DO ENFERMEIRO NA ATENÇAO PRIMARIA: AUTONOMIA E RESOLUTIVIDADE

Introdução

O trabalho do enfermeiro na Atenção Primária à Saúde destaca-se por atividades de cunho assistenciais e gerenciais(1), nas quais a enfermagem compreende a realização de uma assistência sistematizada, que se concretiza através do processo de enfermagem, o qual requer pensamento e raciocínio crítico-reflexivo para a realização do cuidado ao paciente(2). Neste cenário, a prática clínica, antes vista exclusivamente como curativa, individual e biológica, passa a considerar os aspectos biopsicossociais no cuidado aos indivíduos, família e comunidade, em relações dialógicas, horizontais e acolhedoras(3-4). Diante do exposto, das especificidades da Atenção Primária à Saúde e do que se espera do profissional enfermeiro, questiona-se: como a prática clínica desenvolvida pelo enfermeiro na Atenção Primária à Saúde repercute no cuidado às pessoas neste cenário?

Objetivos

Compreender como a prática clínica do enfermeiro repercute no cuidado às pessoas na Atenção Primária à Saúde em um município ao sul do Brasil.

Método

Estudo com abordagem qualitativa, ancorado na Teoria Fundamentada nos Dados(5). Este conteúdo é oriundo da dissertação de mestrado intitulada “Significando a prática clínica do enfermeiro na Atenção Primária à Saúde” que teve como fenômeno “Desvelando a integralidade na prática clínica do enfermeiro na Atenção Primária à Saúde alicerçada pela Sistematização da Assistência de Enfermagem”. Dada a sua relevância, é apresentado aqui o recorte do componente “Consequência”, inerente ao modelo paradigmático proposto por Corbin e Strauss(5), que corresponde aos resultados previstos ou reais do desenvolvimento da prática clínica do enfermeiro na Atenção Primária. O cenário do estudo foi o serviço de Atenção Primária à Saúde de um município ao sul do Brasil. Participaram do estudo 18 enfermeiros, divididos em dois grupos amostrais. Participaram do primeiro grupo amostral dez enfermeiros, sendo utilizado como critério de inclusão enfermeiros que integrassem a Estratégia Saúde da Família há pelo menos seis meses e realizassem assistência direta às pessoas, famílias e comunidade através das consultas de demanda espontânea e demanda programática. O segundo grupo amostral totalizou oitoenfermeiros, cujos critérios de inclusão adotados foram:participação na Comissão Permanente de Sistematização da Assistência de Enfermagem e também a atuação na assistência direta à população no centro de saúde. A coleta de dados ocorreu entre abril e outubro de 2016, sendo divida em duas partes, a primeira para a caracterização dos participantes e a segunda para a entrevista individual não estruturada, realizada no próprio centro de saúde, em ambiente privado de escolha dos participantes.As entrevistas foram gravadas com dispositivo de gravação de áudio digital e posteriormente transcritas na íntegra. A análise dos dados se deu pela análise comparativa constante, realizada em três etapas interdependentes, a saber: codificação aberta, codificação axial e integração. O software NVivo 10® foi utilizado para auxiliar na organização dos dados.

Resultados

Referente às consequências da prática clínica desenvolvida por enfermeiros na Atenção Primária à Saúde obteve-se a categoria intitulada “Consolidando o vínculo de confiança com a comunidade por meio da ampliação da autonomia e resolutividade do enfermeiro” sustentada por duas subcategorias. A primeira, intitulada “Ampliando a Prática Clínica a partir dos protocolos de enfermagem” apresenta a percepção dos profissionais sobre a implementação dos protocolos clínicos de enfermagem, os quais possibilitaram maior subsídio ao desenvolvimento da prática clínicae de cuidado exercidas por estes profissionais na Atenção Primária à Saúde, embasando-se em evidências científicas para sustentação das ações a serem realizadas. Ademais, expandiram as alternativas e possibilidades de diagnósticos e intervenções de enfermagem, além de aprimorar o trabalho interdisciplinar entre os membros da equipe de saúde do serviço, uma vez que os protocolos possibilitaram maior interação e troca de saberes entre estes para o atendimento à população. Após a implementação destes protocolos, o enfermeiro pode obter melhor resolutividade e maior segurança em seus atendimentos individuais, pois passou a orientar e estabelecer sua prática clínica com maior autonomia. Na segunda categoria, intitulada“Contribuições da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE) para a Prática Clínica do enfermeiro na Atenção Primária à Saúde”, houve destaque para a CIPE que, embora ainda estivesse em fase de teste nos centro de saúde do município durante o período de coleta dos dados, possibilitou aos enfermeiros credibilidade para os resultados positivos desta prática, pois consideram que a CIPE reforçará ainda mais a autonomia do enfermeiro, proporcionando maior visibilidade ao seu trabalho através dos registros específicos do enfermeiro. Destacaram ainda a importância da linguagem padronizada que vem junto com a CIPE e facilita a comunicação entre os profissionais, possibilitando maior conhecimento acerca da comunidade atendida, por meio dos diagnósticos mais frequentemente emergidos, de modo que possibilita ao enfermeiro estabelecer critérios na prática clínica à sua comunidade.

Considerações Finais

O estudo demonstrou repercussões positivas para o desenvolvimento da prática clínica do enfermeiro na Atenção Primária à Saúde, sendo destacada a implementação dos protocolos clínicos de enfermagem e a implementação da CIPE nas consultas de enfermagem, que trazem benefício como melhorada relação interpessoal com os demais profissionais, além do fortalecimento do vínculo de confiança com os indivíduos, família e comunidade. Ressalta ainda que tais medidas tornam o trabalho do enfermeiro mais autônomo e resolutivo,alicerçado em evidências científicas para a realização da prática clínica e do cuidado ao usuário e à população de maneira humanizada e efetiva.

Palavras Chave

Enfermagem. Atenção Primária à Saúde. Prática clínica baseada em evidências.

Area

Saúde da Família

Instituciones

Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

Mariana da Silva Bernardo, Carolina Kahl, Kamylla Santos da Cunha, Betina Hörner Schlindwein Meirelles