Datos del trabajo


Título

A INFLUENCIA DA FAMÍLIA NO EXERCÍCIO DA AUTONOMIA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA MOTORA

Introdução

O modo como a família exerce seus cuidados com relação à pessoa com deficiência motora é um detalhe essencial que propicia ou não a autonomia dessa pessoa. A forma como possibilitam a estimulação adequada, como lidam emocionalmente com as dificuldades e diferenças da pessoa com deficiência são fatores que devem ser refletidos e orientados para evitar o sentimento de inadequação, a exclusão social, a excessiva dependência, a falta de consciência sobre as reais dificuldades e possibilidades. A família está como pilar de sustentação e de referência para seus membros, quando bem estruturada emocionalmente e afetivamente, a família pode estimular a pessoa com deficiência motora transpor etapas de sofrimento, contribuindo para sua melhor adesão à reabilitação e retomada da vida.

Objetivos

Conhecer como a família influencia no exercício da autonomia da pessoa com deficiência motora.

Método

É uma pesquisa com abordagem qualitativa que se utilizou a história de vida como técnica para coleta de dados. Com a história de vida é possível obter a narrativa dos sujeitos sobre sua experiência de vida. Normalmente o roteiro de entrevista que utiliza esta técnica de coleta de dados é preparado pelo pesquisador de modo a estabelecer uma linha do tempo para o encadeamento dos fatos relatados pelo entrevistado. Este enfoca desde a infância até o tempo histórico que interessa ao pesquisador, que pode ser um momento do passado ou do presente3. Os participantes do estudo foram contatados pelo conhecimento das pesquisadoras, e pelo método bola de neve (Snowball) que consiste na indicação de novos participantes por meio do participante anterior, assim sucessivamente, e também foram selecionados a partir do contato prévio com o setor de acessibilidade da UFSC onde há uma lista de universitários com deficiência motora, cadastrados e que recebem acompanhamento. Nessa pesquisa foram realizadas oito entrevistas com jovens, estudantes universitários, com deficiência motora congênita ou adquirida ao longo de sua vida. As entrevistas foram direcionadas por meio da aplicação de um roteiro de entrevista semiestruturado que abordou questões relativas à história de vida dos estudantes, sua relação com a deficiência motora na infância, na adolescência, na juventude e maturidade, e junto disso, a convivência familiar. As entrevistas foram previamente agendadas conforme a disponibilidade dos participantes em suas residências ou na universidade, sendo gravadas em gravador digital, essas foram realizadas em uma única etapa tendo duração média de 01 hora e 20 minutos, passou pela trajetória de transcrição, validação, transcriação, conferência, carta de cessão e o arquivamento. Priorizamos pela análise temática, pois esta é utilizada como unidade de registro para estudar motivações de opiniões, de atitudes, de valores, de tendências. Para a realização da análise, inicialmente realizamos a leitura detalhada das entrevistas, a fim de levantar as unidades de registro que mais se evidenciaram nos depoimentos para, a partir de então, identificar e selecionar os dados mais relevantes e chegar às categorias de análise. Os dados foram analisados e a partir disso, chegou-se a duas categorias: Família: instigadora de desafios; e Superproteção familiar. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa, via Plataforma Brasil, fazendo parte do macro projeto PRONEX/FAPESC/CAPES respeitando assim a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, sendo aprovada pelo nº 03932812.2.0000.0121.

Resultados

Dentre os oito participantes do estudo, três são do sexo feminino e cinco do sexo masculino, a idade média dos participantes foi de 26,5 anos. Quatro dos universitários foram diagnosticados com deficiência ao nascer e as outras quatro pessoas adquiriram a deficiência na adolescência. Referente à primeira categoria “Família: instigadora de desafios”: quatro participantes ressaltaram que a família possuiu enfrentamento positivo em relação a sua condição, a família não os limitou por conta das suas limitações, ao contrário disso, apoiavam suas decisões, e ao mesmo tempo os estimulavam suas escolhas tanto pessoas quanto profissionais. No que concerne à segunda categoria intitulada “Superproteção familiar”, destacou-se nos depoimentos às imposições de limitações praticadas pelos pais. Um dos participantes destacou que a adolescência foi uma fase bastante conflituosa, pois, a partir do momento que ele começou a sair de casa buscando a sua independência com intuito de se divertir e até mesmo para realizar seus afazeres, a família encontrava inúmeras maneiras para impedi-lo de realizar.

Considerações Finais

Por meio deste estudo, foi possível conhecer como a família influencia no exercício da autonomia da pessoa com deficiência motora. A família foi o principal agente da socialização e o lugar e espaço onde se produzem relações de cuidado entre os seus membros por meio da proteção, do acolhimento, respeito à individualidade e potencialização do outro. Houve familiares que estimularam seu ente com alguma limitação motora de forma bastante próxima ao que se cobra dos outros membros da família, e com base nisso, costumamos ver pessoas mais inseridas na sociedade do que nas famílias em que têm insegurança ou superproteção que influencia a criança ou adulto com deficiência. A família se mostrou, de modo geral, como apoiadora das escolhas, pois a forma com que a família lidou com essa pessoa, fortaleceu-a para suportar as dificuldades e enfrenta-las.

Palavras Chave

Enfermagem. Pessoas com deficiência. Relações familiares.

Area

Deficiência, Inclusão e Acessibilidade

Autores

Maiara Suelen Mazera, Maria Itayra Padilha