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Título

A PROFESSORALIDADE NA AREA DA SAUDE: UMA REVISAO INTEGRATIVA DE LITERATURA

Introdução

As mudanças no Sistema de Saúde brasileiro a partir da Constituição Federal de 1988 e com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) fizeram emergir o desafio de repensar a formação dos profissionais de saúde no país, buscando prepará-los para trabalhar no propósito da consolidação desse Sistema. A partir disso, emergiram inúmeros movimentos de mudança na formação dos profissionais de saúde, podendo-se citar, entre eles, a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), que incentivaram a reorganização dos currículos dos cursos de graduação, propondo novos desafios para a formação. Pensar a formação de novos profissionais de saúde é refletir também sobre os docentes que atuam nesse processo. Os cursos de graduação formam profissionais tecnicamente competentes, embora, em sua maior parte, não sejam preparados para a docência em sua área de atuação. Partindo desse pressuposto, a profissão docente na área da saúde pode ser considerada um processo que vai se construindo ao longo da trajetória formativa dos sujeitos. Formação e desenvolvimento profissional se complementam em um processo no qual a professoralidade vai se construindo. Assim, o professor pode ser considerado como sujeito de sua própria vida e do processo educativo em que é participante1. Diante dessa temática, compreender o processo de construção da professoralidade na área da saúde torna-se importante, na medida em que os docentes, ao mesmo tempo, formam e se transformam nesse processo.

Objetivos

Compreender a professoralidade de docentes da área da saúde, conforme sua abordagem pela literatura científica.

Método

Trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura, com abordagem qualitativa. As etapas foram conduzidas a partir da proposta de Ganong (1987)2. Para busca dos estudos foram realizados os seguintes cruzamentos nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Portal de Periódicos da CAPES: “Professoralidade” AND “Educação Superior” AND “Saúde; “Aprendizagem docente” AND “Educação superior” AND “Saúde”; “Pedagogia universitária” AND “Saúde; “Formação docente” AND “Educação Superior” AND “Saúde”; “Processos Formativos” AND “Docente” AND “Saúde”. O total de buscas resultou em 1766 artigos, dos quais foi realizada leitura dos títulos e resumos, sendo incluídos 208 estudos que alimentaram a primeira matriz da revisão. Posteriormente, realizando a leitura na integra, foram incluídos 94 artigos para compor o universo de estudos, selecionando-se para tanto aqueles que atendiam ao objetivo proposto pela revisão. Para análise crítica dos artigos foi realizada a leitura minuciosa dos 94 estudos incluídos. As ideias foram agrupadas por similaridade, de forma a desenvolver uma síntese narrativa.

Resultados

Em relação às características gerais dos 94 estudos incluídos, observou-se que o periódico que mais publicou sobre a temática foi a revista Interface – Comunicação, Saúde, Educação, com 28% das publicações, seguida pelas revistas Ciência e Saúde Coletiva e Revista Brasileira de Educação Médica, com 9,5% das publicações cada uma. Também constatou-se que 93 dos estudos incluídos são brasileiros, sendo que a região do país que mais publicou artigos relacionados à temática foi a Sudeste – com 50% das publicações –, seguida pela Sul – com 22%. Em relação à abordagem dos estudos, 67% são qualitativos. A partir da avaliação crítica dos artigos foi possível compreender que os programas de pós-graduação stricto sensu em nível de mestrado e doutorado constituem o principal espaço de formação para a docência de profissionais a área da saúde. Enfatiza-se, ainda, da análise feita, que esse preparo ocorre principalmente no mestrado, em uma crítica aos cursos de doutorado, já que muitos programas de pós-graduação preparam esses profissionais para serem pesquisadores, com poucas iniciativas e oportunidades de formação para a docência3. Outros estudos também destacam que, em muitos programas de pós-graduação, o ensino para a docência fica sob responsabilidade apenas dos estágios de docência, sem disciplinas específicas que preparem o profissional para o exercício docente. Foi possível, também, compreender que muitos estudos tratam o processo de preparo para a docência como capacitação para a valorização e aperfeiçoamento didático-pedagógico do professor4. Esse processo de capacitação condiz com o conceito de profissionalidade docente, que é um processo contínuo de formação e aprendizagens, conferindo competências para exercer a profissão e a aprendizagem de conceitos, destrezas e atitudes que constituem e especificidade da ação docente5. Ao contrário disso, a professoralidade compreende as trajetórias de vida dos sujeitos professores, abarcando uma rede de múltiplas relações permeadas por um processo espaço-temporal em que cada docente produz, por meio da reflexão sobre a prática, a sua maneira de ser professor6.

Considerações Finais

A construção da professoralidade na área da saúde, como visto na literatura, é compreendida pelos autores como responsabilidade dos programas de pós-graduação stricto sensu, o que reforça o compromisso das universidades na formação de novos professores. A compreensão da construção docente como capacitação de profissionais da saúde para se tornarem professores deve receber maior atenção, no sentido de entender que a professoralidade inclui mais do que a aprendizagem de técnicas, destrezas e habilidades para exercer a docência, correspondendo a um processo contínuo que se desenvolve ao longo da carreira dos sujeitos, compondo suas trajetórias, marcadas por relações, experiências e reflexão sobre a prática.

REFERÊNCIAS

1. Isaía SMA, Bolzan DPV. Construção da profissão docente: possibilidades e desafios para a formação. In: Isaía SMA, Bolzan DPV, Maciel AMR. Pedagogia universitária: tecendo redes sobre a educação superior. Santa Maria: Editora UFSM; 2009. p. 166-173.

2. Ganong LH. Integrative reviews of nursing. Rev. Nurs Health. 1987; 10(1):1-11.

3. Freitas DA, et al. Saberes docentes sobre processo ensino-aprendizagem e sua importância para a formação profissional em saúde. Interface (Botucatu). 2016; 20(57): 437-48.

4. Finkler M, Caetano JC, Ramos FRG. A dimensão ética da formação profissional em saúde: estudo de caso com cursos de graduação em odontologia. Ciência e Saúde Coletiva. 2011; 16(11): 4481-92.

5. Morgado JC. Identidade e profissionalidade docente: sentidos e (im)possibilidades. Ensaio: aval. pol. públ. Educ. 2011; 19(73): 793-812.

6. Bolzan DPV, Powaczuk AH. Docência universitária: a construção da professoralidade. Revista Internacional de Formação de Professores. 2017; 2(1): 160-173.

Palavras Chave

Professoralidade; Saúde; Literatura científica;

Area

Políticas e processos de formação de profissionais e pesquisadores

Autores

Bianca Joana Mattia, Carla Rosane Paz Arruda Teo