Datos del trabajo


Título

PERSPECTIVAS DOS DOCENTES E PRECEPTORES COM OS CENARIOS DE PRATICA NA SAUDE PUBLICA: SEGUNDO O REFERENCIAL DE EDGAR MORIN

Introdução

Estudar o ensino da saúde coletiva e compreender os cenários de prática é de fundamental importância para que se possa identificar estratégias e buscar subsídios para processos de mudança nos referenciais pedagógicos ou do projeto de ensino (CAMPOS; ELIAS, 2008). No entanto, existem indícios de que há grande distanciamento entre a realidade social e a academia, comprometendo a educação para a cidadania e a formação de profissionais competentes para atuar com integralidade sobre a complexidade social (BRASIL, 2008; LEITE et al., 2008). Assim, há a necessidade de contextualizar todo conhecimento particular e, se possível, de introduzi-lo no conjunto ou sistema global de que ele é um momento ou uma parte (MORIN, 1997), é preciso situar as informações e os dados em seu contexto para que adquiram sentido. A educação deve estimular a inteligência geral (MORIN, 2003).

Objetivos

Esta pesquisa tem como objetivo analisar as perspectivas dos docentes e preceptores envolvidos nos cenários de prática na saúde pública, para o conhecimento pertinente segundo referencial filosófico de Edgar Morin.

Método

O estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada na cidade de Londrina – PR em Instituição de Ensino Superior (IES), em que foram entrevistados cinco docentes/supervisores e quatro profissionais preceptores que acompanham alunos do Curso de Farmácia em Unidades Básicas de Saúde (UBS) na realização do estágio curricular em saúde pública. As entrevistas semiestruturadas foram analisadas por meio da análise de discurso (MARTINS, BICUDO, 1994) e como referencial teórico foi adotado Edgar Morin, por sua importante contribuição na área da educação, que auxiliou na compreensão do fenômeno estudado e norteou o caminho a ser desvelado com os dados coletados. A pesquisa tem aprovação do Comitê de Ética com parecer número 1.395.373.

Resultados

A questão fundamental da educação é a aptidão para organizar o conhecimento, acessar as informações e ter a capacidade de articulá-las e organizá-las. As disciplinas e as especializações de saberes, limitam as mentes para contextualizar, dificultando a integração e fragmentando os contextos, as globalidades e as complexidades. E estes são obstáculos que impedem o exercício do conhecimento pertinente nos sistemas de ensino. O docente e o preceptor no campo de estágio devem estimular e dar vazão às interrogações dos alunos, abrindo assim novas possibilidades de conhecer e desenvolver teorias abertas, racionais, críticas, reflexivas, autocríticas e aptas a se auto-reformar. Num cenário de prática o aluno tem a possibilidade de vivenciar diversas realidades e lidar com questões de área biológico, psíquico, social, afetivo e racional (MORIN, 2002). A organização da matriz curricular do curso pode favorecer esse acesso aos conteúdos, sendo importante que as práticas dos estágios incluam as ciências humanas nas discussões e que as disciplinas não sejam o foco isolado, pois todos os conteúdos devem ser integrados. Essa vivência dos alunos nos cenários de prática possibilita que o educando faça as conexões, as associações da realidade em que ele está inserido, refletindo assim sobre seu papel social. As possibilidades de erro e de ilusão são múltiplas e permanentes: aquelas oriundas do exterior cultural e social inibem a autonomia da mente e impedem a busca da verdade; aquelas vindas do interior fazem com que as mentes se equivoquem de si próprias e sobre si mesmas (MORIN, 2002). Isso na prática significa que a estrutura, a forma como o processo está organizado no serviço é fundamental para que se tenha conhecimento de como colocar os alunos inseridos no cenário de prática, para que os preceptores saibam como conduzir e orientar, e os alunos possam aprendar até com o que está errado. Assim como os docentes supervisores, os preceptores desempenham papel importante na formação, pois tem um compromisso formador, como profissional de saúde, no cotidiano do trabalho. Porque por muito tempo ouvimos do serviço que a academia não forma um profissional adequado, então é necessário inverter essa afirmação, formar um profissional que esteja adequado a esse momento do mundo do trabalho. Assim, é necessária uma maior vinculação entre a formação acadêmica e às necessidades sociais de saúde, com ênfase no SUS, em que o curso de graduação deve ter como eixo do desenvolvimento curricular o processo saúde-doença em todas as suas dimensões e manifestações considerando o cidadão, a família, e a comunidade, integrados à realidade epidemiológica e social (ALMEIDA et al., 2005). A possibilidade que o aluno tem em contribuir com o cenário de prática, através das atividades passadas pelo preceptor e vivenciando os problemas reais do cotidiano, é uma integração que fortalece a relação do ensino e serviço, fato que pode ser comprovado na narrativa dos alunos, em que relatam se perceber como profissionais de saúde. Conhecer o sistema de saúde, vivenciar o processo de ensino extra-muro, o quanto isso mexe com os alunos. Os estágios são os lugares onde se estimulam reflexões sobre o papel como profissional, como cidadão, e o impacto que podemos ter na vida das pessoas. É muito dialética essa relação dentro do estágio, você entra de um jeito e sai de outro, com a capacidade de interpretar, de executar.

Considerações Finais

Assim, a missão dos docentes e preceptores está em preparar as mentes para responder aos desafios que a crescente complexidade dos problemas impõe ao conhecimento humano; preparar as mentes para enfrentar as incertezas que não param de surgir, promovendo a inteligência estratégica e a aposta em um mundo melhor; educar para a compreensão humana entre os próximos e os distantes (MORIN, 2003). Ainda há muito o que melhorar nos cenários de prática tanto a nível de estrutura física, como de qualificação de recursos humanos das IES e do serviço, porém esse cenário de prática mostrou-se fundamental para o processo do conhecimento pertinente do aluno.

Palavras Chave

Cenário de prática; saúde pública; complexidade

Area

Saúde Coletiva

Autores

Fabiane Yuri Yamacita Borin, Alberto Duran Gonzalez, Thaís Emílio Silva, Lia Mathoso Bonezi