Datos del trabajo


Título

PERCEPÇOES DE PACIENTES APOS INTERNAÇAO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Introdução

As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) levam o estigma de ser um ambiente agressivo, tenso e traumatizante que antecede a morte, mencionada também como um local de sofrimento, solidão, angústias, medos e dúvidas do futuro e do desconhecido. Tais percepções a respeito desta unidade podem gerar uma série de alterações fisiológicas e psicológicas nos pacientes, podendo vir a interferir na sua capacidade de recuperação. Aos profissionais desta área exige-se muito mais do que a realização de técnicas e aplicação de conhecimentos científicos, os quais são de extrema importância, mas demanda sobretudo o exercício da atenção, da escuta sensível, da comunicação efetiva, do respeito às individualidades, da consideração e do carinho, assim como a capacidade de compreensão do ser humano que se encontra em situação de vulnerabilidade e impotência. Percebe-se que na assistência intensiva a técnica, muitas vezes, se sobrepõe aos aspectos do cuidado humanizado, devido aos profissionais que ali desenvolvem suas ações estarem mais envolvidos com atividades de cunho burocrático e o emprego de tecnologias, os quais acabam provocando o distanciamento e uma menor interação com o paciente. É possível observar ainda que muitos daqueles que experienciam a internação em UTI, tornam-se mais sensíveis e vulneráveis devido aos vários fatores estressantes existentes nestas unidades, necessitando de reconhecimento e controle.

Objetivos

Identificar as percepções dos pacientes acerca do ambiente e do atendimento da equipe de enfermagem após a sua permanência na UTI, bem como analisar quais fatores causam maior desconforto e medo durante a permanência neste setor.

Método

Trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, desenvolvida em uma UTI de um Hospital de Ponta Grossa – PR. Participaram do estudo quinze pacientes, sendo cinco do sexo masculino e dez do sexo feminino, que cumpriam os critérios de inclusão: maiores de 18 anos, lúcidos, orientados, que passaram por tratamento intensivo na UTI adulto por um período mínimo de 48 horas de internação, e, após esclarecimentos sobre a pesquisa, aceitaram participar e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética e respeitou os princípios da pesquisa com seres humanos descritos na resolução 466/2012. Os dados foram coletados utilizando um formulário semiestruturado com perguntas abertas.

Resultados

Os resultados foram analisados com base na análise de conteúdo com categorização temática, emergindo assim 4 categorias, quais sejam: O ambiente físico da UTI; Avaliação dos sujeitos sobre os cuidados da equipe de enfermagem; Os fatores que levam ao medo e desconforto durante a internação na UTI; Percepção dos sujeitos em relação a UTI. Identificamos que alguns pacientes ainda consideram a UTI como um lugar de sofrimentos, angústias e medo, pelo fato de perceberem o que acontece com os outros pacientes e por ser um local isolado. Realçam ainda os sinais sonoros e luminosos emitidos pelos equipamentos como fatores geradores de desconforto. Entretanto, reconhecem a importância de tais equipamentos no processo de recuperação de sua saúde. Além disso, a maioria dos participantes descreveu como sendo satisfatória a assistência prestada pelas equipes de enfermagem na UTI, emergindo assim percepções positivas e de aceitação acerca desse ambiente. Ainda nesta perspectiva, do cuidado da enfermagem, observou-se o relato de alguns dos entrevistados enfatizando a atenção dispensada pelos respectivos profissionais quanto ao esclarecimento de dúvidas e o fornecimento de informações claras e acessíveis, inclusive aos familiares. Quando os pacientes são admitidos na UTI, geralmente permanecem juntos, dividindo o mesmo espaço físico, apenas com simples divisórias que os permitem ver uns aos outros e perceber tudo o que acontece ao seu redor. Tal condição frequentemente faz aflorar sentimentos de ansiedade e sofrimento, pelo desconhecimento do que se passa com o outro e com ele próprio, intensificando suas dúvidas e medos, incertezas e angústias. Esse sentimento de “desconhecer” o que se passa com o outro e com ele mesmo, observado amplamente nos relatos, bem como vivenciar a rotina de uma UTI, permeada de incertezas e medos, favorece uma percepção negativa acerca desse ambiente.

Considerações Finais

Os resultados deste estudo demonstram que na unidade participante, ao mesmo tempo em que os respondentes relacionam a UTI como um local de medo e incertezas, retratam de maneira positiva a assistência prestada pelas equipes de enfermagem, enfatizando a disponibilidade para o fornecimento de informações. Ainda conforme os relatos, o uso da tecnologia foi reconhecido como um fator fundamental para a recuperação da saúde, onde os estímulos sonoros e visuais advindos dos equipamentos foi percebido como um gerador de desconforto resultante deste processo. As experiências vivenciadas em uma UTI geralmente são traumáticas e, diante deste contexto, o trabalho multiprofissional pode minimizar tais conseqüências. Buscando qualificar a assistência de enfermagem nas UTI sugere-se o desenvolvimento de estratégias que venham a fortalecer a humanização no cuidado, através do envolvimento dos profissionais da saúde, pacientes e seus familiares. Além disso, acreditamos que o vínculo e a relação de confiança são necessários para o paciente diminuir a ansiedade e o medo do desconhecido, possibilitando à pessoa fragilizada pela doença lutar por seu restabelecimento com dignidade.

Palavras Chave

Enfermagem; Unidades de Terapia Intensiva; Cuidados de enfermagem.

Area

Processo de trabalho e profissionalização

Instituciones

Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

Kátia Cilene Godinho Bertoncello, Juliano Kernitskei, Alexsandra Martins da Silva, Alexander Garcia Parker, Tatiana Gaffuri da Silva, Maria Do Carmo Vicensi