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Título

O MANEJO DO DINHEIRO EM FAMILIAS COM FILHOS HOMENS NO INICIO DA VIDA ADULTA

Introdução

A família possui grande influência na vida das pessoas. Seu papel é fundamental na constituição dos indivíduos, influenciando significativamente o comportamento individual, através de suas ações educativas. A família passa por diversas fases durante o ciclo vital. Uma delas é a entrada dos filhos na vida adulta, marcada pelo desprendimento dos jovens, conquista de autonomia e independização. Esse processo começa na adolescência, com a entrada no mercado de trabalho e a ampliação das possibilidades de formação, aumentando as responsabilidades. A principal função da família nesse momento é aumentar a flexibilidade das fronteiras familiares para integrar os movimentos de independência dos filhos. A comunicação funcional entre pais e filhos também é importante, tendo em vista que influencia o comportamento dos jovens, propiciando aspectos facilitadores e mais saudáveis. A tarefa de tornar-se adulto se materializa através da saída da casa dos pais, o que está diretamente relacionado à independência financeira. As negociações econômicas realizadas pelos sujeitos são carregadas de significados subjetivos, construídos no transcorrer da história familiar. O ideal é que, ao final dessa fase, o jovem adulto separe-se de sua família sem romper relações, saia da casa dos pais e estabeleça objetivos de vida pessoais, antes de juntar-se a outra pessoa para formar um novo subsistema familiar. Porém, não é isso que vem ocorrendo. As questões financeiras tornam o “lançamento” para a vida adulta um longo processo gradual. Ainda existem aqueles que optam por “viver a vida”, eximindo-se de certas responsabilidades. Dessa forma, as transições de uma fase para outra não são mais processos bem definidos no tempo. O que vem se verificando é o fenômeno do ninho cheio, caracterizado pela não emancipação financeira e emocional dos filhos. Os jovens continuam residindo com seus pais, protelando o afastamento do núcleo familiar, devido às regalias e à oportunidade de estudar mais enquanto os genitores permanecem garantindo o sustento financeiro. Estudos atuais referem que este fenômeno é mais comum com o gênero masculino, devido à liberdade propiciada aos homens.

Objetivos

Assim sendo, objetivou-se identificar como ocorre o manejo do dinheiro em famílias com filhos homens no início da vida adulta.

Método

Participaram dessa pesquisa quatro famílias de classe média, conforme critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com filhos homens de idades entre 20 e 35 anos, que residiam com os pais. Os instrumentos utilizados foram o Questionário de Dados Sociodemográficos e um Roteiro de Entrevista Semiestruturada. A entrevista foi realizada, primeiramente, com o casal de pais e, posteriormente, com o filho.

Resultados

Os resultados obtidos subdividem-se em três categorias: (1) O manejo do dinheiro na família de origem; (2) Aprendendo a lidar com dinheiro a partir do exemplo e valores dos pais e (3) O filho como adulto jovem. Na primeira categoria verificou-se que em três famílias conversava-se sobre o manejo do dinheiro, mas a decisão final era realizada pelas mulheres. Em apenas uma família o manejo era realizado somente pelo homem. Conforme os casais de pais participantes, o manejo do dinheiro era um tema discutido e ensinado no núcleo familiar atual. Alguns ainda destacaram que na sua adolescência foi necessário ingressar cedo no mercado de trabalho para auxiliar na renda familiar. Na segunda categoria observou-se que apenas uma das famílias ensinava a manejar o dinheiro através de mesadas. Nas demais, os ensinamentos eram passados através do diálogo, de exemplos e/ou de valores. Dois dos casais de pais aprenderam sobre as questões financeiras através do exemplo de seus pais. Em suas famílias de origem, não se falava aberta e diretamente sobre o manejo do dinheiro, sendo que aprenderam observando. Atualmente, essa forma de educar ainda é evidente, pois um dos filhos adultos referiu ter aprendido através do exemplo. A educação por meio dos valores apareceu em uma família. Nessa, os ensinamentos sobre valores importantes relacionados ao dinheiro foram passados de geração para geração, como a honestidade, por exemplo. Assim é possível observar a transgeracionalidade dos aspectos financeiros, onde os exemplos, valores e formas de manejar são passados dos avós para os pais e, consequentemente, para os filhos. Na terceira e última categoria foi possível verificar uma mudança em relação aos aspectos transgeracionais: o diálogo claro sobre as finanças ocorria. Os filhos adultos tiveram sua educação financeira fortemente influenciada pelos genitores, através do diálogo. Na vida adulta, repetiam o modelo aprendido com os pais. Além disso, todos os filhos adultos possuíam pais inseridos no mercado de trabalho, o que lhes assegurava boas condições financeiras e a possibilidade de estudar mais. Consequentemente, a independência financeira desses filhos não existia totalmente, pois continuaram residindo com seus pais, estudando ou mesmo após formados, protelado o afastamento do núcleo familiar.

Considerações Finais

Desse modo, conclui-se que os achados dessa pesquisa vão de encontro à literatura existente. Os casais de pais passaram por dificuldade em suas famílias de origem, necessitando trabalhar para auxiliar na renda familiar. Consequentemente, desejaram que seus filhos tivessem melhor qualidade de vida. Como ambos os pais trabalhavam, a prioridade para com seus filhos foi o estudo. Devido a essas oportunidades, os filhos homens permaneceram mais tempo na casa dos pais, evidenciando a ocorrência do fenômeno do ninho cheio. Além disso, os casais de pais conseguiram educar seus filhos sobre o manejo do dinheiro através de uma comunicação funcional e do aumento de flexibilidade, integrando os movimentos de dependência e independência desses filhos. A questão transgeracional também se fez presente através dos ensinamentos sobre como manejar o dinheiro. Nas famílias pesquisadas o conteúdo passado de uma geração a outra foi funcional (economizar, realizar planejamento e não gastar mais do que recebe). Mas ficam alguns questionamentos como sugestões para pesquisas futuras: Se o modelo da família de origem é disfuncional, será que os jovens conseguirão aprender a lidar com o dinheiro funcionalmente? E, se cada indivíduo aprende a manejar o dinheiro com suas respectivas famílias de origem, quando tornarem-se casal, o modelo de qual das famílias será seguido?

Palavras Chave

Família, Relações Pais-Filho, Filhos Adultos, Manejo, Finanças

Area

Saúde da Família

Instituciones

IMED - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Mayara Quevedo Ribeiro, Camila Borges, Claudia Mara Bosetto Cenci