Datos del trabajo


Título

OBESIDADE INFANTIL: PERCEPÇAO DE CRIANÇAS, FAMILIARES E PROFISSIONAIS DE SAUDE E EDUCAÇAO

Introdução

A obesidade é uma patologia crônica que atualmente atingiu proporções epidêmicas em todo o mundo. As crianças e adolescentes fazem parte da população obesa e com excesso de peso e, caso não sejam tomadas providências adequadas, em 2025 o número de crianças nessa situação poderá chegar a 75 milhões ao redor do mundo. Esses problemas aumentam o risco de acometimentos cardiovasculares, acidentes cerebrovasculares isquêmicos, diabetes mellitus de tipo 2 ou mesmo diferentes tipos de câncer e, alterações emocionais.

Objetivos

Compreender a percepção da criança, família e profissionais acerca da obesidade.

Método

Pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, CAAE 60942716.8.0000.0107. Foram identificadas as crianças e famílias das crianças com obesidade infantil através de dados do Programa Saúde na Escola (PSE), de uma Unidade de Saúde da Família (USF), do município de Cascavel, PR, Brasil. Além das crianças e familiares, foram participantes do estudo profissionais da saúde da USF e profissionais da educação de escola pactuada com o PSE. Participaram da pesquisa oito crianças, entre seis e 12 anos incompletos; sete mães e uma avó; sete profissionais de saúde e sete profissionais de educação. A coleta de dados ocorreu nos meses de marco e abril de 2017, por meio de entrevista individual guiada por questionário semiestruturado e anotações de campo. Para entrevistar as crianças, de forma lúdica, foram utilizados como recurso papel sulfite, revistas, canetinhas, tesoura e cola. Para a identificação da percepção da criança quanto à sua imagem corporal e da percepção do familiar quanto à imagem corporal da criança, utilizou-se a figura de Tiggemann e Wilson Barret. A análise dos dados foi realizada por meio de análise de conteúdo, segundo Minayo.

Resultados

Os resultados são apresentados em três categorias. Na categoria “Entendendo a obesidade na infância”, as crianças revelam jejum prolongado, pela manhã, pouca variedade ou ausência de vegetais e frutas na alimentação, inadequada combinação de alimentos na mesma refeição, alimentação excessiva, sendo maior o consumo de carboidratos, gorduras e açucares à tarde e à noite, após retorno da escola. Raramente alguma criança faz ceia. A mãe é a principal responsável pelo preparo das refeições. As crianças possuem autonomia na escolha dos alimentos e do local para realização das refeições, que frequentemente são realizadas na sala ou no quarto, em uso de eletrônicos. Alimentos “não saudáveis” são ofertados na merenda escolar ou estão disponíveis para venda na cantina escolar. As atividades físicas restringem-se a uma vez na semana, proporcionadas pela escola, na aula de educação física. Durante essas atividades, algumas crianças apontam ter dificuldade na mobilidade, decorrente da obesidade, mas todas relatam sensação de bem-estar. As famílias alegam que, devido à violência urbana, não permitem brincadeiras ou atividades físicas fora do espaço escolar ou doméstico. Na categoria “Percepção da imagem corporal pela criança e pela família da criança obesa e o bullying na escola”, as crianças percebem sua imagem corporal diferente da que desejariam ter, negando o corpo atual. Identifica-se vivência do bullying na escola por algumas crianças. Estas apresentam tristeza e desejo de mudança relacionada ao corpo para o desaparecimento do bullying. Os familiares têm conhecimento da obesidade infantil, sua multifatorialidade e consequências para o estado de saúde da criança, porém alguns não percebem suas crianças como obesas, mas sim como “cheinhas”. Logo, sem percepção da condição de obesidade, não há intervenções ativas pelas famílias. Conforme relatos das famílias há erros alimentares desde a introdução alimentar complementar a amamentação, como excesso de carboidratos, açúcares e industrializados, que perduram na alimentação infantil até o momento. Na categoria “Ações e expectativas quanto à problemática da obesidade infantil”, identifica-se que algumas famílias já buscaram intervenções para redução de peso das crianças, como reeducação alimentar e aumento da prática de atividades físicas. Contudo, a maioria espera por suporte profissional para auxiliá-los. Requisitam orientação profissional, acesso a especialistas (endocrinologista, nutricionista, psicóloga, entre outros) e maior oferta de atividades físicas para as crianças na escola. Os profissionais de saúde salientam haver uma nutricionista no município para atender toda a demanda infantil, não só inerente à obesidade. Mas, nem sempre a criança consegue seguir o cardápio elaborado pela nutricionista em razão de a família possuir hábitos alimentares inadequados, e não apenas a criança, que precisam ser modificados. Assim, é requerida a ampliação de ações educativas para conscientização quanto aos hábitos alimentares, das crianças e das famílias. Sobre isso, os profissionais da educação discorrem sobre alimentação saudável na disciplina de ciências, inerente ao calendário escolar, mas reconhecem ter carga horária insuficiente. Já os profissionais de saúde afirmam desenvolver ações educativas para adolescentes pertencentes a um grupo de obesidade da unidade estudada, mas não para crianças da faixa etária do estudo. Não são apontadas outras estratégias para combater a obesidade infantil. Segundo os profissionais são fatores que interferem o enfrentamento da problemática da obesidade o quantitativo insuficiente de recursos humanos, em especial de especialistas; o restrito espaço físico da unidade de saúde para acolher usuários; a desarticulação entre os profissionais da saúde e da educação e os hábitos de vida das famílias, que não agregam atividade física e alimentação saudável.

Considerações Finais

As crianças, em sua maioria, não compreendem os riscos da obesidade e sozinhas não praticam intervenções. A maioria das famílias é permissiva a alimentação rica em gorduras, açúcares e industrializada. A prática de atividade física é insuficiente, estando restrita às atividades escolares curriculares. As famílias que não percebem a criança como obesa não se mobilizam para mudanças, ampliando os riscos de comorbidades e o bullying decorrente da obesidade. Frente à autonomia das crianças na escolha dos alimentos, há necessidade de intensificar o aconselhamento nutricional destas. Contudo, para a mudança de hábitos alimentares da criança é requerida a conscientização e adesão da família. Ações educativas para conscientização ampla, das crianças e das famílias, são fundamentais. No entanto, são ainda incipientes na prática dos profissionais de saúde e de educação, com visível desarticulação na atuação destes junto à população escolar.

Palavras Chave

Enfermagem; Saúde da Criança; Obesidade.

Area

Saúde da Criança

Autores

Karine Ribeiro Alves, Raiana Friedrich Cavalheiro, Laurinda de Matias, Maria Aparecida Baggio, Aline Renata Hirano, Gicelle Galvan Machineski, Marcia Makiyama