Datos del trabajo

Título

ESTUDO DO TRABALHO INTERPROFISSIONAL DA ATENÇAO PRIMARIA A SAUDE: CONSIDERAÇOES METODOLOGICAS

Introdução

O estudo do trabalho interprofissional na Atenção Primária à Saúde (APS) visa identificar barreiras e potencialidades presentes no cotidiano profissional para cumprir com objetivo último de incitar melhorias nos resultados na assistência à saúde. Diferentes formas de trabalho interprofissional podem existir no cuidado em saúde: trabalho em equipe, colaboração e trabalho em rede (Reeves et al. 2010). Tais formas de trabalho interprofissional variam de acordo com as necessidades de saúde locais, em que nem sempre o trabalho em equipe é suficiente para lidar com complexidade do cuidado apresentada. Embora seja crescente o número de estudos na temática interprofissional, as contribuições teóricas mantêm enfoque no trabalho em equipe como única ou principal forma de organização do trabalho em saúde (Reeves et al, 2017) com escassez de estudos com enfoque metodológico.

Objetivos

Traçar recomendações metodológicas para o estudo do trabalho interprofissional na APS tendo em consideração o trabalho em equipe, colaboração e trabalho em rede para melhoria dos serviços de saúde.

Desenvolvimento

Apresentamos três recomendações teórico-metodológicas e exemplificamos sua utilização em dois estudos realizados na APS. Recomendação 1: Utilização de terminologia do trabalho em equipe consistente com literatura nacional e internacional. A fim de superar a imprecisão terminológica, aprimorar a qualidade teórica e facilitar a comparação entre estudos da temática interprofissional, recomenda-se que os conceitos de trabalho interprofissional utilizados sejam descritos para maior compreensão. Xyrichs et al., 2017 criticam o uso de diferentes termos relacionados ao trabalho interprofissional como sinônimos (exemplo: trabalho em equipe e colaboração) sem clareza conceitual ou atenção às diferenças entre eles. O uso de diferentes conceitos do trabalho interprofissional ou a ausência de descrição do conceito adotado, têm resultado em uma polissemia de termos que dificulta o avanço teórico da temática, o dialogo entre a literatura internacional e nacional e seu fortalecimento e consolidação nos serviços de APS.
Recomendação 2: Uso de método misto de pesquisa. Revisões sistemáticas (Zwarenstein et al., 2009; Reeves et al., 2013) sugerem a necessidade de estudos que analisem o trabalho interprofissional, especificamente a colaboração interprofissional, no que diz respeito a suas características empíricas e conceituais, assim como explorem mecanismos para sua mensuração. Como metodologia, são sugeridos estudos de método misto.. Apesar da crescente popularidade e precisão proposta pelo método misto, a execução desse método de pesquisa não é simples (Ivankova, Creswell, Stick, 2006). Ao optar pelo desenho misto de pesquisa o pesquisador deve considerar: Se possui instrumentos para medir os constructos de interesse primário; Se tem tempo suficiente para conduzir um estudo em duas fases; Se terá acesso aos participantes para uma segunda etapa de coleta de dados, e se com base nos resultados quantitativos é capaz de desenvolver novos questionamentos que não poderiam ser respondidos apenas com os dados quantitativos (Creswell & Clark, 2007). No contexto de pesquisa sobre trabalho interprofissional na APS, é importante que os pesquisadores busquem conhecer os instrumentos já existentes e se estão adaptados à APS. Especificamente no contexto do trabalho interprofissional na APS, a alta rotatividade profissional nas equipes de saúde pode dificultar o acesso aos mesmos profissionais para uma segunda etapa de coleta de dados e esse aspecto deve ser considerado desde o planejamento do estudo. Recomendação 3: Utilização de referencial teórico. O desenvolvimento de pesquisas robustas requer clareza na definição de termos, como apontado acima, e também densidade do referencial teórico. No campo do trabalho e educação interprofissional há o reconhecimento de que ainda persiste a ausência de consenso sobre os construtos fundamentais (Brandt et al, 2015) e fragilidade teórica (Barr et al, 2005), embora um conjunto de teorias vêm sendo adotadas pelos autores, sobretudo da área de ciências humanas e ciências sociais como: psicologia social, psicodinâmica, psicologia organizacional, teoria de sistemas, sociologia das profissões, outras (Reeves et al, 2010). No contexto da APS do Sistema Único de Saúde (SUS) vêm sendo desenvolvidas pesquisas empíricas que buscam, na articulação consistente entre o que pode ser observado do recorte de práticas eleito para investigação e os conceitos adotados fundamentados em referencial teórico, produzir conhecimento do campo interprofissional que seja validado pela comunidade acadêmica nacional e internacional e subsidie a melhoria da qualidade dos serviços de saúde.

Considerações Finais

A presente reflexão metodológica destaca estudos realizados com base no método misto, que ao integrar abordagem quantitativa e qualitativa, permite tanto avançar no reconhecimento dos objetos estudados em uma escala maior visto a aplicação de instrumentos de medida com propriedades psicométricas robustas e validados no país, como aprofundar o conhecimento sobre os construtos tratados com base em pesquisa qualitativa em profundidade. Ambas as abordagem são integradas desde a pergunta e o objetivo geral da investigação, o desenho de método misto adotado, à integração dos resultados produzidos pelas fases quantitativas e qualitativas. Por fim, espera-se que o conhecimento produzido constitua efetiva contribuição para o fortalecimento do trabalho em equipe, pratica colaborativa e colaboração em rede na APS do SUS, tendo em vista assegurar o acesso universal a usuários, famílias e população, bem como produzir melhores resultados na qualidade dos serviços de saúde tanto para usuários como para os trabalhadores.

Palavras Chave

Trabalho em equipe, prática interprofissional colaborativa, atenção primária à saúde, método misto

Area

Gestão de Serviços de Saúde