Datos del trabajo


Título

RECOMENDAÇOES PARA A PREVENÇAO DE OBITOS EVITAVEIS POR ADEAQUADA ATENÇAO AO PRE-NATAL

Introdução

A redução da mortalidade infantil constitui-se como um desafio para os gestores, os serviços de assistência à saúde e para a sociedade como um todo, uma vez que a taxa de mortalidade infantil reflete a qualidade de vida da população e da assistência realizada, bem como o embasamento e direcionamento das políticas públicas1. Ratifica-se esta relevância ao constar nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável a erradicação das mortes evitáveis2. Por óbitos evitáveis, compreendem-se os casos que não ocorreriam se, em tempo oportuno, fossem assistidos com adequadas, qualificadas e resolutivas ações em saúde. Os fatores que levam a este desfecho consistem em razões biológicas, sociais, culturais e, ainda, falhas na assistência à saúde, podendo variar de acordo com as realidades sociais e tecnologias disponíveis. Os óbitos evitáveis desencadeiam uma investigação para elucidar os fatos que resultaram na morte, pertinente para avaliar a ocorrência de problemas na atenção à saúde, assim como atentar à gestão aos setores que necessitam de aprimoramento. Na realização desta investigação, destaca-se o trabalho realizado pelos Comitês de Prevenção do Óbito Materno, Infantil e Fetal, propostos pelo Ministério da Saúde. Em Florianópolis, o Comitê foi instituído em 2006, avaliando os óbitos maternos, infantis e fetais, levantando as situações e elaborando recomendações aos serviços de saúde voltados a esta população. Trata-se de um Comitê que possui representantes de instituições públicas e privadas, dos três níveis de atenção à saúde (primária, secundária e terciária), compondo uma equipe multiprofissional. A realização da análise da evitabilidade dos casos de óbito infantil e fetal, pelo Comitê, permite a classificação em evitável, inevitável ou inconclusivo. Em 2016, 60,6% dos óbitos avaliados pelo Comitê foram considerados evitáveis, sendo destes 40% considerados evitáveis por “adequada atenção à gestação”, ou seja, relacionados à atenção gestacional, o pré-natal3.

Objetivos

Descrever as recomendações elaboradas pelo Comitê de Prevenção do Óbito Materno, Infantil e Fetal do município de Florianópolis para a prevenção dos óbitos evitáveis por adequada atenção ao pré-natal.

Método

Estudo de abordagem qualitativa, de natureza exploratória e descritiva, realizado com base nas atas das reuniões do Comitê de Prevenção do Óbito Materno, Infantil e Fetal do município de Florianópolis do período de 2007 a 2016. A coleta de dados ocorreu entre setembro de 2016 a fevereiro de 2017 e, como critérios de inclusão, adotaram-se as atas de análise de óbitos com características fetais e infantis evitáveis por adequada atenção ao pré-natal. Os critérios de exclusão foram as atas de análise dos óbitos inevitáveis, pendentes, inconclusivos, evitáveis por outras causas, sem registro de avaliação e óbitos maternos. Foram incluídas no estudo 122 atas, correspondendo a 260 óbitos infantis e fetais evitáveis analisados. Destes, 118 corresponderam aos óbitos evitáveis por adequada atenção ao pré-natal. As recomendações registradas nas atas foram analisadas pela técnica de análise documental, constituída por duas etapas: sistematização de documentos e síntese das informações. Na etapa de sistematização de documentos, as informações extraídas das atas foram registradas em uma tabela do Word®, com informações sobre as recomendações elaboradas pelo Comitê. Na segunda etapa, obteve-se a síntese das informações documentais, extraindo-se os conteúdos, das quais resultaram três categorias: recomendações para melhoria do processo de trabalho da Estratégia Saúde da Família, recomendações para capacitação dos profissionais de saúde e recomendações para melhoria da assistência prestada às gestantes.

Resultados

As recomendações elaboradas para a atenção primária à saúde do município de Florianópolis, direcionada para processo de trabalho das equipes da Estratégia Saúde da Família, visam estruturar um modelo de referência e contra referência da gestante entre a atenção primária e a atenção terciária em saúde, assim como facilitar o acesso da gestante ao pré-natal e realizar a busca ativa das gestantes ausentes. No que diz respeito à capacitação dos profissionais, as recomendações buscam uma capacitação contínua da equipe médica e de enfermagem, em especial, alertam para a importância da notificação compulsória das doenças e agravos e ao registro adequado das informações no prontuário e na Caderneta de Saúde da Gestante. Em relação à melhoria da assistência à saúde da gestante, o Comitê recomenda reforçar o rastreio da infecção do trato urinário e doenças sexualmente transmissíveis, estar atento aos sinais de alarme para Doença Hemolítica da Gestação e melhorar a avaliação do útero e anexos nas consultas. Além disso, recomendam a orientação da gestante sobre o planejamento da vida sexual e reprodutiva, realizar busca ativa e tratamento do parceiro e dar um olhar especial à gestante usuária de drogas e tabagista. Ainda, o Comitê recomenda a educação em saúde por meio de grupos de gestantes e o fortalecimento do vínculo da gestante com a Estratégia de Saúde da Família.

Considerações Finais

As recomendações constituem importantes ferramentas para a retificação e avaliação do serviço prestado ao público materno-infantil. As recomendações direcionas à Estratégia de Saúde da Família abordam questões inerentes ao atendimento pré-natal, tanto no âmbito da gestão, como em recursos humanos ao trabalhar capacitação profissional, quanto recomendações voltadas à assistência direta ao binômio mãe-bebê, almejando qualificar os serviços e prevenir a mortalidade infantil e fetal.

Palavras Chave

mortalidade infantil, óbito evitável, gestão em saúde, saúde da criança, comitês profissionais

Area

Gestão de Serviços de Saúde

Instituciones

Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

Selma Regina de Andrade, Andriela Backes Ruoff, Alexandra Ferreira, Monique Faria, Susana Cararo Confortin