Datos del trabajo


Título

PROGRAMA SAUDE NA ESCOLA: REPERTORIO DAS AÇOES DE UMA EQUIPE DE SAUDE DA FAMILIA

Introdução

O Programa Saúde na Escola tem como objetivo oferecer um leque de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde de crianças, adolescentes e jovens do ensino básico público, com o fortalecimento e a sustentação da articulação entre as escolas públicas e as equipes da Estratégia Saúde da Família, por meio da realização de ações dirigidas aos estudantes. Dentre seus componentes, destaca-se a avaliação clínica, nutricional, promoção da alimentação saudável, avaliação oftalmológica bem como as ações de educação permanente em saúde, atividade física e saúde, promoção da cultura de paz e da prevenção da violência no âmbito escolar e inclusão das temáticas de educação em saúde no projeto político pedagógico das escolas. A promoção da saúde no cenário escolar deve ser entendida como um processo em permanente desenvolvimento. Entretanto, passados pouco mais de 10 anos da implementação do Programa Saúde na Escola, estudos indicam desafios como a transferência de responsabilidade para a escola na formação de hábitos, comportamentos e valores como se fosse esse o único ou o principal “espaço” no desenvolvimento da cidadania e do cuidado à saúde. Ademais, a relação entre os setores saúde e educação apresenta-se como um desafio a ser superado. Os enfermeiros têm um papel de destaque nas ações educativas em saúde com grande potencial de responder às condições de saúde escolar. Assim, questiona-se: qual têm sido o repertório das ações de promoção da saúde realizadas pela equipe de saúde da família na escola? Este trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa de Doutorado intitulado “Relação escola e comunidade: desenvolvendo competências para promoção da saúde”.

Objetivos

Analisar as ações do Programa Saúde na Escola desenvolvidas por uma Equipe de Saúde da Família numa escola municipal.

Método

Trata-se de um estudo qualitativo, ancorado no referencial do Materialismo Histórico e Dialético, com abordagem metodológica de estudo de caso. Participaram 12 representantes de uma escola municipal da cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil. Desses, 02 eram estudantes, 08 profissionais de ensino, 01 profissional técnico e 01 profissional de apoio. As idades variaram de 12 a 50 anos, sendo 03 do sexo masculino e demais feminino. Os dados foram obtidos de entrevistas guiadas por roteiro semiestruturado, realizadas de fevereiro a julho de 2017, após parecer favorável do Comitê de Ética da Universidade Federal de Minas Gerais. Para análise, utilizou-se o método da Análise Crítica do Discurso na vertente de Norman Fairclough. Na etapa 01 as entrevistas gravadas foram transcritas. Na etapa 02, procedeu-se uma primeira leitura de cada entrevista, seguindo-se da segunda leitura cuidadosa, na qual foram feitos grifos, tomadas de notas dos textos e início da seleção prévia de recortes potenciais, os quais foram codificados em cores. Utilizou-se a ferramenta de marcadores de texto do Word® para destacar as recorrências de categorias que se mostraram úteis em todo o texto. Por fim, na etapa 03, destacou-se a partir dos recortes mais amplos, aqueles trechos de falas cujos elementos se expressavam mais fortemente, procedendo-se à análise crítica, a partir da identificação dos gêneros, discursos e estilos discursivos.

Resultados

As ações do Programa Saúde na Escola incluem uma programação pré-estabelecida, definida pelas próprias diretrizes do Programa. Essa programação ocupa espaço na agenda da escola e está dividida em três componentes: 1. Avaliação clínica e psicossocial; 2. Promoção e prevenção à saúde e 3. Formação. As ações devem ser planejadas em conjunto pelos profissionais da escola e da Unidade de saúde e serem realizadas semanalmente, para atender todo o público estudantil do nível Fundamental. Entretanto, na realidade da escola estudada, as ações não têm acontecido dessa forma. As ações observadas nas escolas, durante a realização do estudo, dizem respeito principalmente aquelas dos componentes 1 e 2, exemplificadas como: ações para prevenção de cáries, Antropometria e teste de Snellen; além de palestras esporádicas sobre alimentação saudável e combate à Dengue. A frequência das ações não é semanal e, quando realizadas, ocorrem apenas em um turno, deixando os estudantes do turno oposto descobertos. Não há um diálogo sistemático entre os profissionais da escola e da Equipe de Saúde da Família, o que implica num planejamento frágil, favorecendo diversas limitações na operacionalização das ações. Tantos os profissionais da saúde quanto da educação alegam ausência de boas condições de trabalho, falta de pessoal, excesso de programas na Unidade de Saúde à serem operacionalizados pela equipe, falta de comunicação entre escolas e equipe de saúde, como entraves neste processo.

Considerações Finais

Sabe-se que os Grupos de Trabalho Intersetoriais, previstos na política do Programa Saúde na Escola, devem desempenhar uma gestão compartilhada, na qual o planejamento e execução das ações são realizados coletivamente, considerando a participação dos diferentes atores, de forma a atender às necessidades e demandas locais. Apesar de não generalizáveis, os resultados deste estudo sugerem a urgente necessidade de revisão do processo de trabalhos dos profissionais envolvidos com a saúde na escola, assim como a sensibilização e apropriação dos conteúdos de Promoção da Saúde. A gestão municipal tem o papel de ser a orientadora destas ações, levando a contribuir para melhoria das práticas de saúde na escola, tendo em vista a qualidade de vida da população e sua formação cidadã.

Palavras Chave

Promoção da saúde; Escola; Comunidade.

Area

Promoção da saúde

Autores

MARIA BENEGELANIA PINTO, KÊNIA LARA SILVA