Datos del trabajo


Título

PARTO E SEXUALIDADE: VIVENCIAS E SIGNIFICADOS PARA MULHERES QUE OPTARAM PARIR DE MANEIRA NATURAL

Introdução

Em um contexto social que apresenta um grande crescimento do movimento em prol da humanização do parto e nascimento, que tem como premissa o resgate do parto natural, é possível notar uma nova postura das mulheres em relação ao parir. Esse movimento se constitui em torno de um ideário, ou seja, de um conjunto de valores e propostas partilhados por muitas pessoas que recusam formas altamente medicalizadas para o nascimento de seus filhos, e que, embora recuperem inúmeros elementos de um tempo passado, também não seguem a forma tradicional, configurando como uma reinvenção da tradição. É com esse grupo de mulheres, que escolheram parir seus filhos de uma maneira natural, que o presente estudo pretende investigar quais seriam as relações existente entre parto e sexualidade feminina, através do aporte teórico da psicanálise, que desde seu início traz a sexualidade como uma questão central para a constituição do sujeito e sua subjetividade.

Objetivos

A presente pesquisa encontra-se em andamento e tem com objetivo analisar as vivências e os significados atribuídos a experiência de parir e sua relação com a feminilidade e sexualidade feminina para mulheres que passaram pela experiência de um parto natural, aqui entendido como um parto vaginal, sem anestesia, analgésicos ou substâncias para induzir o parto.

Método

Trata-se de uma pesquisa clínico-qualitativa segundo a proposta de Turato (2003)¹, que trata de um método de investigação metodológica embasada em três modelos já consagrados – as ciências humanas, compreensivo e interpretativo, a psicodinâmica, aspectos psicodinâmicos envolvidos nas relações interpessoais e as ciências da saúde. Tal método se funda na atitude clínica e é particularizado para settings de saúde, voltado aos fenômenos de saúde-doença, com concepções psicodinâmicas através de várias estratégias de investigação e análise qualitativas. A coleta de dados está sendo realizada segundo a técnica de amostragem por bola-de-neve, na qual o pesquisador, movido pelo interesse por determinado tema/assunto, realiza uma entrevista em profundidade com um sujeito indicado pela vivência pessoal ou informações que este detém sobre o proposto. Depois, por meio desse material transcrito e analisado, o pesquisador desenvolve uma teoria descritiva – um esboço teórico sobre o assunto. Na sequência, o entrevistador volta a selecionar um segundo sujeito, o qual foi recomendado pelo primeiro a pedido do pesquisador e realiza uma entrevista similar, porém com questões melhor construídas. Assim, sucessivamente, parte para outros casos, privilegiando as indicações feitas pelos sujeitos anteriores, até que percebe não encontrar em um novo caso dados significativos para seu objetivo analítico visado, dando a amostra por concluída – saturação teórica. As entrevistas são semidirigidas de questões abertas, segundo Bleger (1995)², em que o entrevistador tem ampla liberdade para as perguntas ou para suas intervenções, permitindo-se toda a flexibilidade necessária de cada caso. A entrevista é entendida como uma relação, com características particulares, que se estabelece entre o entrevistado e o entrevistador. Na análise de dados a técnica utilizada consiste na análise de conteúdo, que consiste em um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos de descrição do conteúdo das mensagens.

Resultados

Nesta pesquisa a primeira participante foi indicada pela própria orientadora do trabalho e até o momento foram realizadas 10 entrevistas. O perfil das entrevistadas consiste em sua maioria mulheres casadas, com idade entre 20 e 40 anos, com escolaridade de nível superior, de pele branca, parda e negra. As experiências de parto natural variam de 1 a 3 partos e, em sua maioria domiciliares. Os resultados preliminares indicam a construção de 5 categorias: “Cesárea não, obrigada: a escolha pelo parto” que engloba os motivos elencados pelas mulheres pela escolha do parto natural, como medo da cirurgia ou intervenções médicas, entendimento do parto como um acontecimento íntimo e ligado ao que elas nomeiam de instinto ou desejo por parir; “Parto: transformação e empoderamento, que diz respeito as vivências e os significados que as mulheres atribuem a experiência do parir – como um processo transformador na subjetividade e feminilidade, de uma fragilidade a sentimentos de força e poder que desdobram em outras áreas de suas vidas; “Vou deixar meu corpo agir”: con(cen)tração no corpo”, que refere-se as vivências das mulheres no momento do parto em que o corpo e os processos de parto ganham relevância quando comparadas ao pensamento racional – experiências de “transe”, lampejos do inconsciente que elas denominam como partolândia; “Parto e vida sexual”; que engloba mensagens das mulheres sobre a vida sexual antes e depois do parto, aparecendo como um acontecimento que repercute em uma melhora na vida sexual, devido ao novo modo de se relacionarem com seus corpos e companheiros. E “Parto e história: resgate da ancestralidade”, que diz respeito as mensagens das participantes sobre um desejo de resgatar histórias familiares sobre parto e do seu próprio nascimento.

Considerações Finais

Justifica-se esta pesquisa, devido à escassez de estudos sobre o processo do parto e sua relação com a sexualidade pelo aporte teórico da psicanálise.

Palavras Chave

parto, sexualidade, clínico-qualitativo.

Area

Saúde da Mulher

Autores

Flávia Angelo Verceze, Silvia Nogueira Cordeiro