Datos del trabajo


Título

O OLHAR DOS TRABALHADORES DA SAUDE SOBRE PREVENÇAO DA EPIDEMIA DA AIDS EM FLORIANOPOLIS, SC, BRASIL (1986-2006).

Introdução

O HIV/aids é considerado um fenômeno social, uma vez que é impactante nas relações entre as pessoas e abrange aspectos relacionados a ética, religião, sexualidade, drogas e a própria moralidade conjugal. A partir do empreendimento de políticas públicas e financiamentos, os avanços tecnológicos e de pesquisas iniciaram uma busca incessante ao conhecimento sobre a doença, bem como de estratégias de prevenção para conter e evitar o processo epidêmico.1 O Estado de Santa Catarina/SC, como em todo o território nacional se inseriu neste ativismo, na busca por soluções ao processo epidêmico do HIV/aids.O primeiro caso de aids no estado foi notificado no ano de 1984, e na capital, Florianópolis, em 1986.2 Com a ocorrência dos primeiros casos de aids, o Hospital Nereu Ramos/HNR, instituição referência em doenças infectocontagiosas de SC, localizado no município de Florianópolis, passou a estruturar-se reservando leitos de internação e criando um ambulatório para o acompanhamento dos casos da doenças que se multiplicavam. Além da estrutura física, os profissionais de saúde da instituição passaram a se instrumentalizar a fim de assistir tanto os pacientes hospitalizados, com complicações, quanto para acolher os casos suspeitos, familiares, e a própria população que buscava informações sobre a epidemia.3 Ao nos remetermos a história da epidemia da aids, podemos observar que muitos foram os seus desdobramentos, no que diz respeito aos padrões epidemiológicos, as repercussões psicossociais, ao tratamento e sobretudo aos aspectos relacionados a prevenção da doença. É deste modo, que buscamos compreender uma parte da história relacionada a evolução da aids que os trabalhadores da saúde vivenciaram no cuidado às pessoas com a doença internadas no HNR, sobretudo no que diz respeito ao olhar dos profissionais com relação a prevenção da aids ao longo da epidemia.

Objetivos

Conhecer como os trabalhadores da saúde de um hospital referência em doenças infectocontagiosas percebem a prevenção da epidemia da aids, no período de 1986 à 2006.

Método

Trata-se de uma pesquisa sócio histórica com abordagem qualitativa, em que se utilizou a História Oral para a coleta de dados. A coleta de dados ocorreu no período de março a outubro de 2011, por meio de entrevistas semi-estruturadas com 23 trabalhadores da saúde que vivenciaram, direta ou indiretamente, o cuidado às pessoas com HIV/aids internadas no HNR, no período de 1986 à 2006. A opção de (re)construir a história deste período, deve-se ao primeiro caso notificado de aids no município de Florianópolis no ano de 1986. E, o recorte final de 2006, justifica-se ao fechamento do ambulatório de DST/aids de Florianópolis, em virtude da descentralização do serviço de aids no município. Após o processo de coleta de dados, procurou-se identificar estruturas de relevância e realizar o re-agrupamento por temas, conforme a análise de Conteúdo de Bardin, na qual emergiram duas categorias: - Necessidade de estratégias de prevenção e o - Não uso do preservativo. A Pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina e aprovada, mediante o Parecer n°920/10. Para garantir o anonimato, os sujeitos foram identificados por letras referentes as categorias profissionais e por números, no intuito de seguir a ordem cronologica que aturam no HNR.

Resultados

Na categoria necessidade de estratégias de prevenção há de se ressaltar a preocupação dos trabalhadores da saúde do HNR com relação a prevenção da aids junto à população ao longo da epidemia. Posteriormente, tais ações de prevenção foram sendo esquecidas pelo governo, militantes, até mesmo pelos próprios trabalhadores da saúde, que mais que assistir, cuidar, tinham o compromisso e a responsabilidade de educar, prevenir. Fato que merece atenção, pois a partir do momento que a categoria de transmissão sexual passou a ser considerada a principal forma de transmissão do HIV, o perfil da epidemia mudou, e nesta perspectiva, fez-se certo e necessário investir em estratégias de prevenção planejadas e contínuas que alcançasse todos, independente da opção sexual. Na temática aids, todos sãos vulneráveis, não há mais grupo de risco e sim comportamento de risco e o que vai determinar a chance deste ou daquele de se infectar serão seus comportamentos, atitudes, estratégias de prevenção face a epidemia. Contatou-se também que a percepção dos trabalhadores da saúde acerca da prevenção da aids ao longo da epidemia, esteve na agravante conduta de algumas pessoas pelo não uso do preservativo nas relações sexuais. Tal banalização ao uso, associou-se ao caráter crônico da aids, a partir do tratamento antirretroviral, que por sua vez aumentou a sobrevida da pessoa com o vírus, e ao fato de alguns indivíduos, sobretudo os jovens, não terem vivenciado o estigma e discriminação em relação a aids do início da epidemia.4 Ademais, do ponto de vista dos trabalhadores da saúde, o não uso do preservativo pela população, associou-se também a cultura machista, aos sentimentos de invulnerabilidade, assim como ao fato do sexo estar vinculado ao prazer, paixão, atração física, sentimentos estes envolventes que repercutiram na prática sexual desprotegida.

Considerações Finais

Observamos que a prevenção do HIV/aids envolveu todo um processo de orientação, politização e esclarecimento, tanto pelos profissionais de saúde, como pela população acometida e população em geral. Os profissionais de saúde, como seres únicos que também apresentam posturas, valores e vivências diferenciadas, tentaram dentro da realidade apresentada indicar, orientar e efetivar os cuidados de saúde de acordo com a realidade epidemiológica da época.

Palavras Chave

AIDS, Prevenção e controle, Profissionais de saúde, História da Saúde; Enfermagem.

Area

Doenças Transmissíveis

Autores

MARIANA VIEIRA VILLARINHO, Maria Itayra Padilha