Datos del trabajo


Título

DESCONHECIMENTO DAS GESTANTES SOBRE A SÍFILIS NA GESTAÇÃO E A SÍFILIS CONGÊNITA

Introdução

O aumento crescente do número de casos de Sífilis Adquirida, Sífilis em Gestantes e Sífilis Congênita (SC) no Brasil destaca-se como um desafio para a saúde pública e torna as ações de prevenção desse agravo prioridade para o Ministério da Saúde. Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) de caráter sistêmico, totalmente curável e que tem como hospedeiro exclusivo o homem. A transmissão ocorre predominantemente por via sexual; contudo, com possibilidade de transmissão vertical, nos casos de gestantes infectadas não tratadas ou tratadas inadequadamente durante toda a gestação. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) ocorrem mais de um milhão de casos de IST por dia no mundo. Calculam-se, ao ano, aproximadamente 357 (trezentos e cinquenta e sete) milhões de novas infecções, entre clamídia, gonorreia, sífilis e tricomoníase. Em todo o mundo, por ano, a sífilis afeta um milhão de gestantes levando a mais de 300 (trezentas) mil mortes fetais e neonatais e colocando em risco de morte prematura mais de 200 (duzentas) mil crianças. Estima-se que entre 166.000 (cento e sessenta e seis mil) e 344.000 (trezentos e quarenta e quatro mil) crianças nasçam com sífilis congênita anualmente, na América Latina e Caribe. Em relatório da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em 2015, 83% (oitenta e três por cento) das gestantes foram testadas para sífilis no pré-natal e 84% (oitenta quatros por cento) dos casos positivos receberam tratamento, taxas que permaneceram estáveis por cinco anos. O número de crianças, atualmente, nascidas com sífilis congênita na região - América Latina e no Caribe - (170 por cada 100 mil nascidos vivos) triplica a meta de eliminação (50 por cada 100 mil nascidos vivos).

Objetivos

Desvelar o entendimento das gestantes/puérperas sobre a sífilis na gestação e a sífilis congênita.

Método

Trata-se de estudo descritivo-exploratório de natureza qualitativa, utilizando a Análise de Conteúdo para análise e interpretação dos dados. Os critérios de inclusão para este estudo foram: gestantes e puérperas internadas na maternidade de um hospital escola com resultado positivo para sífilis no pré-natal ou durante a internação; e como critério de exclusão: gestantes que se recusaram a participar da pesquisa e com exames negativos para sífilis. Os dados foram coletados no período de janeiro 2018 a maio de 2018. A produção dos dados aconteceu por meio de uma entrevista semiestruturada, abordando o assunto em foco, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para o desenvolvimento desta investigação foram respeitadas todas as recomendações da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. O estudo foi aprovado sob o parecer 2.608.144 do Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Foram entrevistadas 10 (dez) usuárias, estas codificadas com o termo Usuária e numeração subsequente a cada uma. A análise seguiu as etapas de pré-análise com uma visão geral do material; análise com a exploração do material destacando as unidades de registro dos trechos transcritos (uma palavra, uma frase ou um acontecimento); os dados foram codificados e agrupados por similaridades e distinção, os quais culminaram nas categorias seguintes: Doença antiga e ainda desconhecida; Responsabilização/Assistência frágil; Seguimento comprometido.

Resultados

As usuárias apresentam faixa etária entre 20 a 29 anos, em relação a escolaridade três apresentaram a 4ª série incompleta e as outras sete usuárias o ensino médio completo; em relação à autodeclaração de cor/raça, seis se autodeclararam pardas, uma branca e três negras. Sete usuárias, segundo a ficha de notificação, tinham como classificação clínica a sífilis primaria e três sífilis latente. Todas as usuárias fizeram pré-natal com mais de sete consultas e com o diagnóstico de sífilis durante o pré-natal. Apenas duas usuárias souberam informar sobre o tratamento do parceiro. As categorias que emergiram no processo de análise do conteúdo demonstram desconhecimento das gestantes/puérperas sobre a sífilis e sobre a sífilis congênita, o que aponta para falhas no acolhimento, na educação em saúde durante a assistência pré-natal e na assistência hospitalar. Foi possível verificar, pelas narrativas das usuárias, que as relações de gênero aparecem de forma marcante nas questões de saúde, principalmente, na saúde da mulher pela culpabilização desta em relação às doenças de transmissão sexual. As relações desiguais estabelecidas retiram o protagonismo da mulher, culpabiliza e comprometem a adesão ao seguimento clínico ambulatorial, aos conhecimentos básicos sobre a sífilis que não são apreendidos e valorizados. O estudo desvela ainda uma fragilidade na comunicação entre usuárias e profissionais da saúde que compromete a qualidade da assistência. Nessa direção, a escuta qualificada não está acontecendo. Evidencia-se o não reconhecimento do protagonismo das gestantes acompanhadas, no processo de saúde e adoecimento, em função da fragmentação e não compartilhamento de saberes entre as redes de atenção. Na categoria “Seguimento comprometido”, evidencia-se, por meio das narrativas, que todo segmento necessário para o recém-nascido fica altamente comprometido, a desinformação ou informações incompletas e, até mesmo equivocadas, estão presentes durante o pré-natal e durante a assistência hospitalar. Destaca-se que a compreensão da gestante/puérpera sobre o agravo é confusa, pouco objetiva, comprometendo a adesão ao seu acompanhamento e do recém-nascido.

Considerações Finais

o estudo possibilitou desvelar, pelo entendimento das gestantes/puérperas sobre a sífilis na gestação e a sífilis congênita, as lacunas na assistência pré-natal e na assistência hospitalar, a existência de falhas no acolhimento, na educação em saúde que comprometem a qualidade de vida da mãe e do recém-nascido com graves sequelas quando o manejo clínico e o tratamento não acontecem de forma adequada no seguimento da SC. Apesar das limitações inerentes aos estudos de caráter qualitativo, esperamos que este estudo constitua mais um instrumento para o desenvolvimento e análise crítica das ações na atenção primária à saúde e na assistência hospitalar por profissionais que assistem às mulheres e aos recém-nascidos. Sendo a sífilis um indicador da qualidade da atenção prestada esta deve ser diagnosticada precocemente, tratada adequadamente e todos seguimentos concluídos.

Palavras Chave

Sífilis, Sífilis Congênita, Sorodiagnóstico da Sífilis

Area

Saúde Coletiva

Instituciones

Universidade Estadual de Montes Claros - Minas Gerais - Brasil, Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Cristiano Leonardo Oliveira Dias, Mônica Taminato