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Título

A UTILIZAÇAO DO ARCO DE MAGUEREZ NA EDUCAÇAO INTERPROFISSIONAL EM SAUDE COLETIVA

Introdução

A formação em Saúde Coletiva para os cursos de graduação de um Centro universitário localizado na cidade de Porto Alegre acontece por meio da oferta de atividades de ensino, pesquisa e extensão, evidenciando as necessidades de saúde de indivíduos, famílias e comunidades numa perspectiva ampliada do conceito de saúde, da determinação social da saúde e da influência de diversos fatores na percepção do processo saúde/doença. Compor esta formação, aliada aos processos de territorialização em saúde e integração ensino-serviço-comunidade, atende às Diretrizes Curriculares Nacionais, principalmente no que se refere às competências gerais para os cursos da saúde. Assim, são contempladas atividades teórico-práticas em unidades de aprendizagem sobre saúde e qualidade de vida, saúde coletiva e intervenção comunitária, que fazem interface com outras unidades curriculares dentro dos cursos e, entre eles de forma interprofissional. Trata-se de uma reflexão teórico-metodológica de professoras e preceptoras (facilitadoras) do processo educativo mencionado sobre a formação interprofissional para a prática colaborativa e a utilização do Método do Arco de Charles Maguerez no desenvolvimento da unidade curricular.

Objetivos

Objetivou-se, para isso, analisar a formação interprofissional em saúde, realizada na unidade curricular que trata de intervenção comunitária, à luz dos conceitos de educação interprofissional para prática colaborativa em saúde e metodologia da problematização.

Desenvolvimento

A unidade curricular analisada assume caráter multidisciplinar e interprofissional pela própria natureza do campo da saúde coletiva. Investe na construção de competências, habilidades e valores relativos à melhoria da qualidade vida do indivíduo e da comunidade, para que seja possível fornecer condições de que esse indivíduo viva dentro dos seus parâmetros de qualidade de vida devidamente compreendidas pelo conjunto das equipes interdisciplinares da saúde, através de ações implementadas por essas equipes. Os sete cursos ofertados pela escola de saúde têm esta unidade curricular nas suas matrizes curriculares. Organizados em grupos de até 6 pessoas, totalizando 8 equipes de trabalho em cada turma, estudantes tem o objetivo de se aproximar de um grupo comunitário, conhecer as necessidades de saúde e construir um projeto de intervenção, utilizando-se para isso o Método do Arco de Charles Maguerez. As atividades são desenvolvidas tanto no setor saúde quando nos demais espaços da rede comunitária, como escolas, associações de moradores de bairro, comunidades, centros administrativos regionais, dentre outros. As parcerias são mantidas desde a primeira oferta da disciplina, facilitando o processo de responsabilização e filiação da instituição de ensino superior com o equipamento social, considerando a Política Municipal de Integração Ensino-Serviço que vigora desde 2010 na cidade de Porto Alegre. A estrutura curricular está assentada operacionalmente nas etapas do Método do Arco. Ao longo do processo, existem momentos de ir e vir entre a sala de aula e o cenário do projeto de intervenção, constituindo todas as etapas da metodologia problematizadora: observação da realidade, levantamento dos pontos-chaves, teorização, construção de hipóteses de solução e aplicação à realidade. As práticas assumem como elementos fundantes os conceitos de promoção da saúde e qualidade de vida. Este momento dos currículos dos sete cursos é o único momento em que eles realizam uma prática curricular juntos, apesar de existir oferta de disciplinas compartilhadas. No entanto, não se constituem atividades que são desenvolvidas nos cenários de práticas. Os projetos de intervenção vão sendo construídos e validados com os atores sociais envolvidos. Para dar conta deste processo de ensino-aprendizagem, a construção de portfólios e rubricas de avaliação formativa são recursos utilizados para acompanhar o desenvolvimento estudantil e promover uma aprendizagem integrada e reflexiva.

Considerações Finais

Percebe-se que ao unidade curricular em questão tem a finalidade de contribuir para a formação de profissionais de saúde generalistas para o Sistema Único de Saúde, comprometidos com o contexto de inserção profissional, capazes de reconhecer e identificar necessidades de indivíduos, famílias e comunidades, assim como realizar intervenções que visem desfechos favoráveis, no sentido da qualidade de vida, promoção e proteção da saúde, prevenção de doenças e educação para a autonomia destas pessoas, todos estes elementos que fortalecem a consolidação da saúde coletiva como campo de conhecimento. Evidencia-se, nesta experiência de ensino, que a educação interprofissional contribui para a formação em saúde em diversos níveis: desde uma perspectiva de conhecer e reconhecer no outro a possiblidade de construção de projetos de trabalho coletivos, passando pelo exercício das habilidades e competências relacionais e comunicacionais, incluindo a tomada de decisão compartilhada entre os estudantes e com as pessoas envolvidas na intervenção, até uma perspectiva mais ampliada de reconstituição da identidade das equipes de intervenção. Nota-se que os estudantes iniciam a unidade curricular com uma ideia “eu como estudante de tal curso, posso fazer tal coisa pela comunidade!” e finalizam com “como nós podemos juntos auxiliar esta comunidade no exercício de sua cidadania?” Não menos significativo foi adotar o Método do Arco de Charles Maguerez: uma escolha desafiadora, já que conceitualmente fazia muito sentido desenvolver uma prática pedagógica emancipatória, de construção coletiva do conhecimento do grupo, de valorização do diálogo e da criatividade das pessoas, sem deixar de elencar a base do método que é a realidade que se analise e se quer modificar. Assim, o percurso da unidade curricular foi se constituindo primeiramente de maneira téorica e, depois, de maneira prática. Finalmente, julga-se procedente destacar que a adoção de metodologia problematizadora para alcançar os objetivos de uma educação interprofissional para a prática colaborativa são, teórica e metodologicamente, elementos que dialogam entre si e podem ser mais bem relacionados com mais pesquisas e estudos sobre o tema.

Palavras Chave

interprofissionalidade; saúde coletiva; metodologia problematizadora.

Area

Políticas e processos de formação de profissionais e pesquisadores

Instituciones

UFSC - Santa Catarina - Brasil

Autores

Marina da Silva Sanes, Carolina Caruccio Montanari, Theane Marino, Emilia Pallares