Datos del trabajo


Título

REPERCUSSÕES DO TRABALHO NO COTIDIANO DE ADOLESCENTES

Introdução

Os adolescentes representam uma força de trabalho desqualificada e barata, utilizada, principalmente, nos setores da agropecuária e nas atividades de aprendizes da indústria em geral. Entretanto, a exposição de crianças e adolescentes ao trabalho, em geral de forma inadequada, representa implicações legais, biológicas, sociais, culturais e econômicas significativas.

Objetivos

Analisar a repercussão do trabalho no cotidiano de adolescentes inseridos em eixos produtivos.

Método

Estudo exploratório-descritivo, qualitativo, realizado na zona urbana do município de Bom Jesus, Piauí, Brasil, com 17 adolescentes de faixa etária entre 14 e 19 anos, captados pelo método da amostragem “Bola de Neve”, atuantes em estabelecimentos comerciais, instituições privadas ou públicas, bem como nas residências desse município; em duas etapas, sendo que na primeira, aplicou-se uma entrevista semiestruturada e, na segunda, realizou-se um Grupo Focal com sete participantes da etapa anterior para aprofundamento do fenômeno abordado. Como método de análise dos dados, apropriou-se da Hermenêutica-Dialética de Minayo. O estudo foi apreciado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí (CAAE Nº.39195714.5.0000.5214), e aprovado sob o parecer nº 935473.

Resultados

A população do estudo compreendeu 10 adolescentes do sexo masculino e sete do sexo feminino, todos solteiros (as). Quanto à idade, 12 estavam compreendidos na faixa etária de 18 a 19 anos, três tinham entre 16 e 17 anos e somente dois entre 14 e 15 anos. Observou-se que sete das funções exercidas estavam inseridas na Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (TIP), determinada pelo Decreto Nº.6.481/083, como a atividade de auxiliar de mecânico (03), babá (02), técnico em enfermagem (01) e vendedor ambulante (01). Por conseguinte, 10 adolescentes referiram estar envolvidos em atividades laborais não inseridas na TIP, como a função de vendedores em lojas de roupa e informática (03), secretários em escritórios de uma fazenda e na secretaria de cultura do município (02), garçom em pizzaria (01), operador de caixa em loja de roupas (01), promotor de vendas em clínica médica (01), auxiliar técnico em agronomia (01) e auxiliar de professor nas aulas da disciplina de artes (01). A maioria (08) desenvolvia atividades em uma jornada de trabalho de oito horas diárias, distribuídas nos períodos da manhã e tarde, estabelecidas por relações trabalhistas informais, sem Carteira de Trabalho assinada ou contrato de prestação de serviço. Nesse estudo, dentre as principais alterações na saúde associada à atividade ocupacional relatadas pelos adolescentes destacaram-se a fadiga física e mental, insônia, dores osteomusculares, cefaleia, tonturas, câimbras, problemas de estômago e o estresse, justificados pelas sobrecargas de seus trabalhos. O trabalho também interferiu na socialização dos adolescentes participantes, em especial no lazer, visto que a dedicação diária por muitas horas às atividades laborais acabou por limitar seus horários de folga, quando ocorrem interações sociais e atividades lúdicas que contribuem para o desenvolvimento físico, mental, social e emocional dos adolescentes. Ainda no âmbito social, os adolescentes do sexo masculino referiram uma diminuição nas práticas esportivas depois que começaram a trabalhar. Ademais, uma interferência positiva referida pelos adolescentes foi relativa aos aspectos econômicos, com a possibilidade de adquirir a independência financeira em relação a seus pais ainda no adolescer, pois alguns participantes afirmaram que, mediante o valor de suas remunerações trabalhistas mensais, conseguiam assumir totalmente ou parcialmente seus custos, como vestimenta, alimentação, transporte, lazer, estudo, dentre outras necessidades. Entretanto, a associação de trabalho e estudo no cotidiano do jovem revelou-se prejudicial à formação educacional e profissional, pois os compromissos laborais implicaram uma falta de tempo para a realização de atividades escolares extraclasse (leituras, exercícios e atividades grupais), fazendo com que as desvantagens trazidas pelo trabalho na vida do adolescente estudante, na maior parte dos casos, superassem as vantagens.

Considerações Finais

Conclui-se que as atividades ocupacionais acarretam repercussões positivas, por exemplo, mais responsabilidades, prevenção de vulnerabilidades sociais, independência financeira, reconhecimento social, realização pessoal, interações sociais, equilíbrio emocional, experiências e aprendizagens profissionais para o adolescente; entretanto, em primazia, ressalvam-se as importantes repercussões negativas na saúde e na dinâmica da rotina diária do adolescente. Por conseguinte, ainda que este estudo tenha sido realizado em contexto específico de um eixo produtivo brasileiro, apresenta características similares com outros implantados em outros países, no que diz respeito ao labor no adolescer. Desta forma, sugere-se como tema para futuras pesquisas a determinação da existência de fadiga laboral entre os trabalhadores adolescentes, autorreferida por alguns participantes desse estudo; além da expansão de outras pesquisas acerca de intervenções que ampliam a proteção desses adolescentes no desenvolvimento de atividades laborais.

Palavras Chave

Adolescência. Enfermagem. Saúde do Trabalhador.

Area

Saúde do Adolescente

Instituciones

Secretaria Municipal de Saúde - Ceará - Brasil, Universidade Federal do Piauí - Piauí - Brasil, Universidade Federal do Piauí - Piauí - Brasil

Autores

Maria Augusta Rocha Bezerra, Karla Nayalle de Souza Rocha, Silvana Santiago da Rocha, Ruth Cardoso Rocha, Cristianne Teixeira Carneiro, Kaline Nayanne de Souza Oliveira